sábado, 27 de março de 2010

FATOS E PERSONAGENS DO ANTIGO BREJO DAS ALMAS – PARTE 2

Belos e longínquos tempos aqueles quando eu, então com treze anos, ia passar férias na Fazenda “Terra Branca”, propriedade de meu avô, que fica no Município de Francisco Sá, ou Brejo das Almas. Quando se falava em ir “pro brejo”, a impressão que se tinha naquela época era a de que se estaria partindo para o outro lado do Mundo. Apesar de hoje se percorrer a mesma distância em poucos minutos, antes eram poucos os meios de transporte sendo os mais usuais o cavalo, bicicleta ou os próprios pés, o que tornava a viagem até o Brejo um périplo. Só que assim como hoje, valia muitíssimo a pena “ir pro Brejo“. Uma vez lá, não se tinha mais vontade de voltar. Tantas eram as novidades e diversões que a Cidade oferecia. Talvez tenha surgido ai o dito popular que diz “que a vaca foi pro brejo”. Certamente que se ela não ficou atolada no meio do caminho, ficou no “Brejo” para todo o sempre, amém! A viagem antes era muito divertida. Se cruzava rios, densas matas, plantações infindáveis de milho, arroz, alho, cana e outras culturas da região, sendo a principal delas o alho, pois naqueles belíssimos tempos “Brejo das Almas” ou Francisco Sá, “beldade do norte de minas” era considerada a “capital do alho”. Alguém ai do outro lado se lembra disso? Pois, é.
Antes de arriar o cavalo e partir rumo ao “Brejo”, havia todo um ritual: Minha Santa “Dindinha” – avó -, (que Deus a tenha em sua Santa Glória), ajoelhava-se ao chão e rezava pedindo a Deus que me protegesse durante toda a viagem. Que guiasse os meus passos. Que iluminasse os meus caminhos. Era como se eu estivesse indo para uma guerra! Depois da reza, fazia-me um rosário de recomendações: Noquinho, meu filho, tenha muito cuidado ao atravessar a “pinguela” do rio que liga nossas terras a Fazenda Minas Novas de seu tio Julio e de sua tia Cota! Você pode escorregar e cair. As águas estão subindo muito! Houve enchentes na cabeceira! Cuidado com cobras pelo caminho! Elas estão saindo da plantação de arroz, na “vazante”. Muita atenção com as vacas ao passar pela Fazenda de “Sinhozão”. Fiquei sabendo que ele tem muitas vacas parideiras com muitas crias novas e você sabe que elas ficam “brabas” quando alguém se aproxima delas nesse estado. Antes de chegar ao povoado de “Vaca Morta”, cuidado com as abelhas “oropa” que estão infestando aqueles pés de “anjicos”, É que estamos na época da florada das laranjas e elas aproveitam para ir até o laranjal sugar o néctar das flores e numa dessas podem picar você!.. Ao passar pelo povoado de “Vaca Morta”, não pare naquele boteco que está na beira da estrada. Lá tem “um trem” chamado “pinga do Sertão” que os homens muito apreciam, mais é só ela entrar pela boca que os “juízo sai pelas zoreias”. Se eles lhe oferecerem, Noquinho, não aceite! Isso pode “viciar você”. -Talvez, ou quem sabe, com toda certeza, seja por isso, que jamais pus qualquer bebida alcoólica na boca-. Santas palavras de minha amada Dinhinha, que prosseguia... Quando passar por Cana Brava, leve meu abraço a irmã Maria de Guido. Fale pra ela que tenho agora quase quarenta galinhas poedeiras. A Dona “Martinha de Seu Jacinto”, fale que Nira, minha filha, tem andado meio doentinha e que peço oração pra ela. Pra Dona “Margarida de Seu Damião”, você fala que a dor que sinto nas costas do reumatismo eu estou aliviando com um tal de “emplasto poroso Sabiá” para ela usar também, para se curar da mesma dor que ela sente desde que teve que forçar pra ter a “Toinha”. Meu Deus... Falando em “Toinha”,como cresceu essa menina! Peguei no colo! Já para o problema de “prisão de ventre”, recomendo para ela tomar bicarbonato. Depois de Deus, é um santo remédio. Diga também pra ela não se esquecer: Quando tiver “arrotando ruim” tomar “ruibarbo”. Sabe, Noquinho, eu acho que esses remédios que estão chegando da Cidade vão acabar substituindo os remédios do mato que temos aqui. Eles já não fazem efeito...
Se em Cana Brava, você encontrar com seu tio “Bimbim”, meu irmão, fala pra ele que nós ainda não descobrimos remédio para acabar com a “papeira dele” mas que “Liberato”, - meu avô - escuta o Edgar de Souza, da Rádio Nacional, todos os dias. Que homem de sorriso gostoso, Noquinho-, e assim que eles descobrirem esse remédio, o Edgar vai contar pra nós e nós contamos pra ele. Diga também que estamos esperando ele para as festas das “cabanas” (meus avós e toda sua família eram adventistas e no mês de Julho costumava-se comemorar esses eventos do Antigo Testamento), cujas festas que duravam uma semana, coincidiam com a moagem das canas no mês de Julho e com os bagaços faziam as tais cabanas onde havia danças, cânticos de louvores a Deus, pregações, batizados, etc. E continuava...Sabe, Noquinho, não quero que você demore muito no “Brejo”, não. Antes de terminar suas férias e voltar para Orion, você tem que descansar bastante, comer muito. Você anda muito fraquinho. Vou fazer umas batidas de cidras – melado de cana quase ao ponto -, para você ficar forte para ajudar seu “pai velho” (avô) no corte da cana em Julho. Lá em Francisco Sá, ou melhor, no “Brejo”, não fique fazendo estripulias. Lá é Cidade Grande e você é matuto daqui dessas matas e não sabe andar nas ruas de lá. Você só tem 13 anos e é bom não ficar na rua até tarde. Fique na Pensão de nossa amiga, a Dona Quinó. É aquela rua onde os ônibus que vem de Salinas, Taiobeiras, Grão Mogol, param. Não tem como você se perder, pois os ônibus ficam bem na frente da casa dela. Entregue para ela esse alforje que está cheio de queijos, farinha de milho, rapaduras, dois litros de melado de cana e dois litros de manteiga! Esse embornal, você leva e entrega para ela com muito cuidado: São ovos de galinha e algumas frutas do conde que ainda não estão muito maduras. Quando você voltar, peça para ela me mandar somente tres litros de “creosene” pra lamparina e dois metros de pavio pra lampião. Não precisa mandar mais aqueles venenos pra espantar muriçocas. Elas não respeitam. Fale que nós estamos usando “estrume seco de vaca” que é bem melhor. Aproveite e passe no Bar do “Seu Neuzão, o Só Cinco” e veja como ele está. Me disseram que ele anda tendo atritos com a esposa. Fale pra ele que estamos orando pela paz no lar dele! Caso você encontre com “Zezim Tocador” diga a ele que antes da moagem das canas Liberato vai mandar trazer ele aqui para fazer a expulsão das cobras do canavial. Mais que ele tem que vir sem a sanfona, pois aqui a nossa cantoria é outra. Se você encontrar com o Prefeito Eurico Pena, fale pra ele que nós ainda não sabemos votar, mais que estamos treinando. Que ele deve ajudar esse “menino careca”, como é mesmo o nome dele? Ah, me lembrei: Feliciano Oliveira. Parece ser muito bom, viu Noquinho? Se você encontrar com algum “Silveira”, Geraldo, Olyntho, Yvonne, diga que Liberato, seu “dindinho”, mesmo não gostando de Política lhes manda lembranças. Caso encontre nas ruas com Rogério Costa Negro, cumprimente, mas não tome o tempo dele. Gente rica não gosta de perder tempo com conversas que não lhes rendem dinheiro. Tome aqui, “duas flores de abóbora”, ou seja, duas notas de mil cruzeiros na época. É para você passar na Loja de tecidos dele, “Casa Branca Costa Negro” pra comprar dois metros de tergal dois metros de brim azul pra eu fazer seu uniforme escolar. Pra seu “dindinho” você traz dois metros de “fazenda” azul com riscas de giz, pra fazer camisa, peça para o vendeiro duas calças “arranca toco”, fala que é para “Seu Liberato” que ele sabe o tamanho. Já para mim peça quatro metros de chita daquelas bem “floradas” para o meu vestido longo das festas das cabanas e quatro metros de “morim” para as anáguas e a combinação. Pra sua Tia “Nira”, dois lenços de cabeça sendo um azul e o outro amarelo. Pra sua Tia “Nana” uma sandália de couro franciscana, três metros de fazenda e uma blusa de xadrez vermelha. Já para sua tia “Catarina”, traga aquele colírio e passe no Joca Sapateiro para ver se já costurou o sapado dela. Se você for pegar o caminhão para ir nadar naquelas águas cristalinas dos dois Riachos, tome muito cuidado. Não gosto que você vá pra lá. Mais você é criança e somente aqui com a gente é que você pode aproveitar. Falando nisso, se você passar próximo do “Bar da Barbina” – sim, naquela época em toda e qualquer esquina do “Brejo” havia um bar -, diga pra ela que o “Elpidio”, seu conhecido, esteve aqui em Terra Branca, outro dia querendo comprar uma faixa de terra de Liberato. Mas não deu. Ele ofereceu muito pouco capital.
Quando você voltar, Noquinho, atenção: Isso você não pode nem pensar em esquecer! Passe na “Casa Amarela”, fica na saída para Montes Claros. Se você não souber ir lá, peça para a Dona Quino te levar. Lá eles fazem uns doces de leite dos deuses! Vê se eles lhe passam a receita desses doces! Se você conseguir você vai ter doce por aqui todos os dias!
Bem Noquinho, já tomei muito o seu tempo com minhas recomendações, mais você sabe, né meu filho! É importante! A “Dindinha aqui te ama”! Vá com Deus!
-Lencinho branco acenando...Inté!-
Um grande abraço, amigos brejeiros. Meus conterrâneos!!!
Enoque A Rodrigues.

domingo, 21 de março de 2010

PARA VIVER BEM, TEM QUE SONHAR...

Cada vez mais a interpretação e compreensão da importância dos sonhos, adquire relevante papel na vida humana. Neles residem a comprovação da nossa vida psíquica e através dos sonhos nos reciclamos. Se o oxigênio é fundamental para viver, sonhar enquanto dormimos também é. Tanto que poderíamos morrer se não fôssemos capazes de sonhar.
Os sonhos são tão necessários ao equilíbrio biológico e mental como o sono, o oxigênio, e uma alimentação sadia. Alternando relaxamento e tensão psíquica ele cumpre uma função vital. Morte ou demência podem chegar a ser falta total de sonhos. O sonho é um dos melhores agentes de informação sobre o estado psíquico de quem sonha. Fornecem através de símbolos vivos, um quadro da situação existencial presente da pessoa. Os sonhos representam, para quem sonha, imagens geralmente insuspeitadas da própria pessoa. Revela como está o eu da pessoa. O que torna muito complicada a interpretação dos sonhos é que a nossa mente dissimula as imagens do próprio indivíduo, substituindo-os por símbolos. Uma coisa importante é saber que, os símbolos são aqueles que nós mesmos construímos ou usamos com significados próprios e particulares. Por exemplo, se um dia, ao levar uma surra da mãe, na mente da criança, sob o impacto da emoção a impressão foi de uma mãe ursa ficando em pé sobre as patas traseiras, esta figura pode transformar-se, para aquela criança, num símbolo de agressividade que, um dia poderá surgir nos seus sonhos.
Talvez, o papel mais importante dos sonhos, seja o de estabelecer no psiquismo de uma pessoa, uma espécie de equilíbrio compensador. Assegura uma auto regulação psico biológica. Por quê? Nossas reações às experiências são principalmente emocionais. Nos sonhos, elas são ainda mais emocionais, pois os sonhos são um agente de concentração de nossos vários motivos subjetivos, ou profundamente íntimos e particulares. Além disso, enquanto dormimos e sonhamos, os nossos alertas mentais, o que chamamos de censuras internas, estão relaxadas e daí a nossa mente inconsciente pode deixar emergir as imagens que ajudam a expressar as experiências emocionais que vivemos quando estamos acordados.
Assim, criamos nos nossos sonhos, um mundo em que o espaço e o tempo não possuem poderes restritivos e muito menos precisam ficar limitados às imagens convencionais para representá-los. Desta forma, ao contar uma história podemos não usar uma figura simbólica por achá-la inadequada ou imprópria, enquanto que, nos sonho tal imagem pode aparecer sem restrição nenhuma, porque inconscientemente é a tal imagem que melhor representa o nosso sentimento.
Segundo recentes pesquisas um ser humano de 60 anos teria passado, no mínimo, 5 anos de sua vida sonhando. Estudos científicos revelam que temos um mínimo de 3 sonhos por noite, mas pode-se ter até nove. Já ficou estabelecido que os surdos e ou cegos sonham, que crianças sonham desde os oito meses, e que as pessoas de baixo QI sonham tanto quanto as de QI muito alto.
Fazendo um espécie de “mix” das várias definições sobre os sonhos, podemos dizer que eles são expressões ou representações, espontâneas e simbólicas de como anda a nossa vida inconsciente, onde guardamos as emoções vividas e os desejos que, nem sempre podemos realizar, sejam por que não conseguimos ou por que fomos impedidos.
Os sonhos sempre ocuparam lugar de destaque na vida emocional e mental dos povos. No Egito antigo atribuía-se aos sonhos um valor sobretudo premonitório: os deuses criaram os sonhos para indicar o caminho aos homens, quando esses não podiam ver o futuro.
Precisavam interpretar com acerto os sonhos para entenderem as indicações dos deuses. Para os negritos das ilhas Andamã, os sonhos são produzidos pela alma, que é considerada como a parte maléfica do ser. Sai pelo nariz e realiza fora do corpo as proezas de que o homem toma consciência em sonhos.
Para os índios da América do Norte, os sonhos estão na origem das liturgias, estabelecem a escolha dos sacerdotes e conferem a qualidade de xamã. É deles que provêm a ciência médica, o nome que se dará às crianças, e os tabus; eles ordenam as guerras, as caçadas, as condenações à morte e a ajuda a ser ministrada;
Para os bantus do Kasai (bacia Congolesa) certos sonhos são produzidos pelas almas que se separam do corpo durante o sono e vão conversar com as almas dos mortos. Esses sonhos têm caráter premonitório referente à pessoa, ou então podem consistir em verdadeiras mensagens dos mortos aos vivos, que interessam à toda comunidade.
Neste ponto, não podemos deixar de incluir o significado dos sonhos em nossas vidas, segundo a Doutrina dos Espíritos.
O Livro dos Espíritos nos mostra que o Espírito encarnado, na realidade, vive e aspira ver-se livre da matéria densa. Os sonhos são uma forma de desdobramento que permite ao Espírito estes momentos de exercício na esfera espiritual, embora continue ligado ao corpo e, portanto, à matéria. O repouso do sono é necessário para o corpo como já vimos acima, mas o Espírito jamais fica inativo. Durante o sono ele tem a oportunidade e o privilégio de entrar em relação mais direta com os outros Espíritos. Também é estimulante saber que o Espírito dispõe de mais faculdades durante o sono, isto é, no desdobramento possível ao Espírito enquanto sonha, ele pode investigar tanto o seu passado como o seu futuro. Pelo efeito dos sonhos, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos, uma espécie de porta que Deus permite ser aberta para um contato mais direto com os amigos da Espiritualidade. Produtos da emancipação temporária da alma que se torna mais independente pela suspensão da vida em vigília e de relações, os sonhos são vivências que acabam sendo lembrados, quando acordamos, apenas parcialmente. Muitas vezes poderemos lembrar de fragmentos ou mesmo de enredos completos que estão cheios de simbologia a partir das experiências que tivemos enquanto sonhávamos.
O Livro dos Espíritos explica ainda, que os sonhos são verdadeiros no sentido de apresentarem imagens reais para o Espírito, e que nem sempre têm relação com o que se passa na vida corpórea. Uma vez que a alma, durante o sono, continua sob a influência da matéria, os nossos sonhos podem narrar acontecimentos ligados às idéias que temos na vida ativa. A dimensão do tempo também fica muito diferente durante o sono. É possível sonhar uma longa história numa fração de segundos. Até mesmo aquele “cochilo do sofá” ou aquela caída da cabeça quando estamos com sono no ônibus, resulta em tempo suficiente para que sejamos transportados para uma vivência em sonho.
Durante os sonhos, podemos receber orientações de outros espíritos, visitar Espíritos que nos são caros e estimados ou com quem tenhamos assuntos a serem discutidos e, se possível, resolvidos. Entramos em contato com parentes, pessoas conhecidas e amigos, contatos e conversas que podem nos ficar na memória como intuições obtidas em tais experiências.
Ainda segundo o Livro dos Espíritos, podemos provocar visitas espíritas voluntariamente, podendo ocorrer que, ao ir realizar uma visita, na verdade ela não seja intenção do Espírito quando acordado, nesse caso prevalece a vontade do Espírito quando está em desdobrando, podendo ser divergente das suas idéias de quando está em vigília. Se as prioridades do Espírito podem ser diferentes enquanto o seu corpo dorme, significa que na esfera espiritual, podemos ter pendências mais urgentes para serem resolvidas e simples desejos da vida corpórea podem não merecer ou não garantir intenções realizadas.
O desdobramento dos sonhos, podem ainda servir para que Espíritos tenham a oportunidade, até mesmo de participar de Assembléias de Espíritos, com fins úteis e necessários para os mesmos. O Livro dos Espíritos nos informa que há Espíritos que podem estudar enquanto o seu corpo repousa durante o sono.
Por fim, é importante saber que, os Espíritos podem se comunicar através de pensamentos sem que estejam atrelados ou limitados ao uso de símbolos exteriores e de linguagem, constituindo assim uma espécie de linguagem dos Espíritos que, às vezes, experimentamos ao sonhar. Quando temos a convicção de conversar com uma outra pessoa em sonho e lembramos que ela não mexia a boca enquanto nós compreendíamos o que estava nos dizendo, é um exemplo dessa linguagem que aqui no plano terreno, chamamos de telepatia ou conversa só pelo pensamento.
Estas são apenas umas poucas amostras da valorização dos sonhos em várias culturas e também dos significados dos sonhos que foram acrescentados às nossas vidas com a compreensão da utilidade e necessidade dos sonhos a partir das revelações da Doutrina Espírita. É bom lembrar que, em todas as culturas, os sonhos têm significados próprios de acordo com os valores dos povos. Para não elaborar uma lista enorme de citações, podemos tomar a Bíblia como um dos livros que contém, tanto relatos de sonhos, como as interpretações que eram feitas à época dos povos antigos, transformando seus intérpretes em conselheiros de Reis e Faraós, mas também inimigos de governantes ou de Deus, quando essas interpretações eram errôneas ou traziam maus presságios.
Se você é daquelas pessoas que não se lembra dos seus sonhos, é uma pena porque você está sendo privado de informações importantes a seu próprio respeito. Se você se lembra com facilidade e gosta de falar de sonhos, você tem nas mãos uma ótima fonte de dados a respeito da sua vida inconsciente, e pode ser sinal de que você, como pessoa, possui um canal aberto com o seu psiquismo. Isso pode ajudar a aprimorar e implementar o seu auto-conhecimento.
Enoque A Rodrigues

sábado, 20 de março de 2010

A NOSSA GENIALIDADE DE CADA DIA!

Era uma vez um gênio que vivia numa garrafa. Bom, você certamente já ouviu uma história que começava mais ou menos assim. Talvez tenha ouvido falar de um gênio que vivia numa lâmpada. Digamos, é mais ou menos a mesma coisa. O gênio vivia trancafiado naquela garrafa há séculos, cansado de ver a vida e o mundo naquele tom de verde como se usasse óculos ray ban todo o tempo. Já pensaram, que sacrifício? Ver tudo da mesma cor por anos e anos? Além do mais, viver trancado, sendo um gênio. Podendo fazer uso de seus poderes sobrenaturais, faria tantas coisas, realizaria os desejos de muitas pessoas. Faria o bem para todos quantos precisassem dele por esse mundo afora. O problema é que ninguém aparecia para destampar a garrafa. Isso entristecia o gênio que lamentava o fato de ninguém aparecer por ali. Procurava explicação para sua sina, mas o que conseguia eram apenas desculpas. A garrafa estava toda empoeirada. Quem iria se interessar por aquela garrafa suja. O seu conteúdo, ninguém conseguiria ver, muito menos descobrir que havia ali um gênio condenado a permanecer preso por muitos anos, quem sabe mais alguns séculos!
Era um terror quando esses pensamentos começavam a tomar conta da sua cabeça genial.
Cansado de tais pensamentos aterrorizantes, um dia resolveu se mexer fortemente dentro da garrafa. Quem sabe, por um acaso da sorte, a garrafa rolaria do lugar onde estava, levaria um tombo, quebrando-se em muitos pedaços. Estaria assim consumado o milagre da sua liberdade. Foi quando deu-se conta de que a garrafa estava muito bem encaixada na prateleira. A sua garrafa fazia parte de uma pequena multidão de garrafas, depositadas cuidadosamente numa adega muito antiga, nos porões de uma mansão. O dono daquelas garrafas devia ser muito rico para possuir um estoque invejável de raridades de vinho, todo acondicionado num lugar próprio para isso. Quanto tempo deveria permanecer ali até que um viesse abrir a sua garrafa. No entanto, perdera a noção do tempo, não saberia dizer se o dono ainda era um homem vivo ou já morrera. Talvez há anos os herdeiros, habitassem a grande casa com a adega e nem tivessem o mesmo gosto pelos vinhos. Jamais viriam abrir uma daquelas garrafas. Eram novas idéias de pânico que o assaltavam, como se não bastassem muitas outras que já o atormentavam há muitos anos.
Certo dia alguém entrou na adega, olhou uma ou outra garrafa, pegou uma delas pelo gargalo, passou um pano úmido deixando-a limpa e reluzente outra vez. Colocou-a contra a luz fraca que iluminava a adega, virou-se para um lado e para outro e depois baixou a garrafa. O gênio desejando muito ser percebido, agitou-se, gritou e esperneou dentro da sua garrafa, mas quando o homem afastou-se com a garrafa escolhida, a tristeza e a desolação se apoderaram dele outra vez. Por um momento sentiu as esperanças renascerem dentro dele, em seguida foi envolvido pela realidade de que poderiam passar meses até que viessem pegar outra garrafa. Quem sabe, anos e mais anos haveriam de passar até que alguém resolvesse pegar justamente a garrafa em que ele se encontrava. Abatido, lamentando e maldizendo a sua má sorte de possuir tantas capacidades para ajudar e fazer coisas pelas pessoas e, no entanto, continuar vivendo sem que ninguém soubesse da sua existência. Pior que sorte, uma espécie de maldição ou azar.
Exausto com os seus pensamentos de querer ser alguém importante para alguém, mas nunca ser encontrado, adormeceu. No seu sonho, viu-se em meio a uma multidão que o aclamava, agradecidos e admirados, todos lhe faziam reverências e lhe jogavam beijos e flores em agradecimento pelo bem que praticara a toda aquela gente. Outros gritavam para mostrar os bens e riquezas como provas do que o gênio lhes havia proporcionado magicamente. Quando deu-se conta de que não estava mais preso na garrafa e podia estar entre a multidão, acordou do seu sonho feliz. Mas era um sonho e novamente viu-se preso e impossibilitado de praticar as coisas boas que planejava fazer para as pessoas que estivessem necessitadas. Lamentou mais uma vez o seu destino. Essa palavrinha destino começou a dar voltas nas circunvoluções do seu cérebro. Foi quando pensou que o seu destino era, na verdade, um castigo. A frustração e uma revolta dissimulada pela angústia da impotência de estar preso para sempre, aumentou dentro do seu coração tão bem intencionado. Era o destino que cometia tal atrocidade fazendo com que ninguém encontrasse a sua garrafa. Calou-se exausto e vencido. Os seres humanos estavam perdendo para sempre um grande benfeitor.
Leitor, não sei e ninguém me contou o final dessa história, feliz ou não. Não existe nenhuma pista a respeito do que pode ter acontecido com aquela garrafa e seu infeliz habitante. Será que ele ainda continua nas sombras da adega, como se fosse um precioso vinho de uma das garrafas a envelhecer para sempre? Ou será que alguém o libertou e a sua genialidade acabou como serva de alguém exigente e que lhe tenha feito ambiciosos pedidos? Uma coisa podemos deduzir dessa história. Existem pessoas maravilhosas e muito talentosas. Certamente, seriam admiradas por todos nós, alvos da mais profunda gratidão e respeito, mas parecem um pouco com o gênio da garrafa. Permanecem esperando que a necessidade ou admiração possa abrir-lhes a garrafa do coração ou de suas boas intenções. Enquanto isso, vão ficando na prateleira da vida.
“Chegando, por fim, o que recebera um talento, disse: Senhor, sabendo que és homem severo, que ceifas onde não semeaste, e ajuntas onde não espalhaste, receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondeu-lhe porém, o senhor: servo mau e negligente, sabias que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei? Cumpria portanto, que entregasses o meu dinheiro aos banqueiros, e eu, ao voltar, receberia com juros o que é meu. Tirai-lhe pois, o talento, e dai-o ao que tem dez. Porque a todo o que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.”
Parábola dos Talentos
Evangelho de Mateus, cap. 25,

sexta-feira, 19 de março de 2010

VOCÊ E OS OUTROS

Amigo, atendamos ao apelo da fraternidade.
Abra a própria alma às manifestações generosas para com todos os seres, sem trancar-se na torre de falsas situações, à frente do mundo.
A pretexto de viver com dignidade, não caminhe indiferente ao passo dos outros.
Busque relacionar-se com as pessoas de todos os níveis sociais, erguendo amigos além das fronteiras do lar, da fé religiosa e da profissão.
Evite a circunspecção constante e a tristeza sistemática que geram a frieza e sufocam a simpatia.
Não menospreze a pessoa mal vestida nem a pessoa bem posta.
Não crie exceções na gentileza, para com o companheiro menos experiente ou menos educado, nem humilhe aquele que atenta contra a gramática.
Não deixe meses, sem visitar e falar aos irmãos menos favorecidos, como quem lhe ignora os sofrimentos.
Não condiciones as relações com os outros ao paletó e à gravata, às unhas esmaltadas ou aos sapatos brilhantes, que possam mostrar.
Não se escravize a títulos convencionais nem amplie as exigências da sua posição em sociedade.
Dê atenção a quem lha peça, sem criar empecilhos.
Trave conhecimento com os vizinhos, sem solenidade e sem propósito de superioridade.
Faça amizades desinteressadamente.
Aceite o favor espontâneo e preste serviço, também sem pensar em remuneração.
Ninguém pode fugir à convivência da Humanidade.
Saiba viver com todos, para que o orgulho não lhe solape o equilíbrio.
Quem se encastela na própria personalidade é assim como o poço de água parada, que envenena a si mesmo.
Seja comunicativo.
Sorria à criança.
Cumprimente o velhinho.
Converse com o doente.
Liberte o próprio coração, destruindo as barreiras de conhecimento e fé, título e tradição, vestimenta e classe social, existentes entre você e as criaturas e a felicidade, que você fizer para os outros, será luz da felicidade sempre maior, brilhando em seu caminho.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Apostilas da Vida.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
5a edição. Araras, SP: IDE, 1993.

quinta-feira, 18 de março de 2010

ERRE AUXILIANDO

Auxilie a todos para o bem.
Auxilie sem condições.
Ainda mesmo por despeito, auxilie sem descansar, na certeza de que, assim, muitas vezes, poderá você conquistar a cooperação dos próprios adversários.
Ainda mesmo por inveja, auxilie infatigavelmente, porque, desse modo, acabará você assimilando as qualidades nobres daqueles que respiram em Plano Superior.
Ainda mesmo por desfastio, auxilie espontaneamente aos que lhe cruzam a estrada, porque, dessa forma, livrar-se-á você dos pesadelos da hora inútil, surpreendendo, por fim, a bênção do trabalho e o templo da alegria.
Ainda mesmo por ostentação, auxilie a quem passa sob o jugo da necessidade e da dor, porque, nessa diretriz, atingirá você o grande entendimento, descobrindo as riquezas ocultas do amor e da humildade.
Ainda mesmo sob a pressão de grande constrangimento, auxilie sem repouso, porque, na tarefa do auxílio, receberá a colaboração natural dos outros, capaz de solver-lhe os problemas e extinguir-lhe as inibicões.
Ainda mesmo sob o império da aversão, auxilie sempre, porque o serviço ao próximo dissolver-lhe-á todas as sombras, na generosa luz da compreensão e da simpatia.
Erre auxiliando.
Ainda mesmo nos espinheiros da mágoa ou da ilusão, auxilie sem reclamar o auxílio de outrem, servindo sem amargura e sem paga, porque os erros, filhos do sincero desejo de auxiliar, são também caminhos abençoados que, embora obscuros e pedregosos, nos conduzem o espírito às alegrias do Eterno Bem.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Apostilas da Vida.
Ditado pelo Espírito André Luiz.
5a edição. Araras, SP: IDE, 1993.



quarta-feira, 17 de março de 2010

CARIDADE E PENSAMENTO

Sabemos todos que o pensamento é onda de vida criadora, emitindo forças e atraindo-as, segundo a natureza que lhe é própria.
Fácil entender, à vista disso, que nos movemos todos num oceano de energia mental.
Cada um de nós é um centro de princípios atuantes ou de irradiações que liberamos, consciente ou inconscientemente.
Sem dúvida, a palavra é o veículo natural que nos exprime as idéias e as intenções que nos caracterizem, mas o pensamento, em si, conquanto a força mental seja neutra qual ocorre à eletricidade, é o instrumento genuíno das vibrações benéficas ou negativas que lançamos de nós, sem a apreciação imediata dos outros.
Meditemos nisso, afastemos do campo íntimo qualquer expressão de ressentimento, mágoa, queixa ou ciúme, modalidades do ódio, sempre suscetível de carrear a destruição.
Se tens fé em Deus, já sabes que o amor é a presença da luz que dissolve as trevas.
Cultivemos a caridade do pensamento.
Dá o que possas, em auxílio aos outros, no entanto, envolve de simpatia e compreensão tudo aquilo que dês.
No exercício da compaixão, que é a beneficência da alma, revisa o que sentes, o que desejas, o que acreditas e o que falas, efetuando a triagem dos propósitos mais ocultos que te inspirem, a fim de que se traduzam em bondade e entendimento, porque mais dia menos dia, as nossas manifestações mais íntimas se evidenciam ou se revelam, inelutavelmente, de vez que tudo aquilo que colocarmos, no oceano da vida, para nós voltará.
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Paciência.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.
CEU, 1983.



terça-feira, 16 de março de 2010

ANJOS CUARDIÃES

Os Anjos GUARDIÃES são embaixadores de Deus, mantendo acesa a chama da fé nos corações e auxiliando os enfraquecidos na luta terrestre.
Quais estrelas formosas, iluminam as noites das almas e atendem-lhes as Necessidades com unção e devotamento Inigualáveis.
Perseveram ao lado dos seus tutelados em toda circunstância, jamais se impacientando ou os abandonando, mesmo quando as enguias, em desequilíbrio, vociferam e atiram-se aos despenhadeiros da alucinação.
Vigilantes, Utilice-se de cada ensejo para instruir e educar, orientando com segurança na marcha de ascensão.
Envolvem os pupilos em ternura incomum, mas não anuem com seus erros, admoestando com severidade quando necessário, a fim de lhes criarem hábitos saudáveis e conduta moral correta.
São sábios Evoluidos e, encontrando-se em perfeita sintonia com o pensamento divino, Buscam transmitir que, de modo que as criaturas psiquicamente se integrem na harmonia geral que vige não Cosmo.
Trabalham infatigavelmente pelo Bem, no qual confiam com absoluta fidelidade, infundindo coragem Aqueles que protegem, mantendo a assistência em qualquer circunstância, na glória ou não fracasso, nos momentos de elevação moral e naqueloutros de vulgaridade e perturbação.
Nunca censuram, porque a sua é a missão de edificar as almas no amor, preservando o livre-arbítrio de cada uma, levantando-as após uma queda, e permanecendo Leais Zambianos ou simplesmente até que alcancem a meta da sua evolução.
Os anjos GUARDIÃES são lições vivas de amor, que nunca se cansam, porquanto Aplicam milênios do tempo terrestre auxiliando Aqueles que lhes são confiados, sem se imporem nem lhes entorpecerem a liberdade de escolha.
Constituem uma casta dos Espíritos Nobres que cooperam para o progresso da humanidade e da Terra, trabalhando com achieve para Afinco como metas que anelam.
Cada criatura, no mundo, encontra-se vinculada um um anjo guardião, em quem pode e DEVE buscar inspiração, auscultando-o e deixando-se por ele Conduzir em nome da Consciência Cósmica.
Tem cuidado para que te não afastes psiquicamente do teu anjo guardião.
Ele jamais se aparta do seu protegido, mas este, por presunção ou ignorância, rompe os laços de ligação emocional e mental, debandando da rota libertadora.
Quando erres e Experimentes a solidão, refaze o passo e busca-o pelo pensamento em oração, partindo de imediato para a ação edificante.
Quando alcances as cumeadas do Êxito, recorda-o, feliz com o teu sucesso, no entanto preservando-te do orgulho, dos perigos das facilidades terrestres.
Na enfermidade, procura ouvi-lo interiormente sugerindo-te bom ânimo e equilíbrio.
Na saúde, mantém o Intercâmbio, canalizando tuas Forças para a enobrecedoras atividades.
Muitas vezes Sentirás uma tentação de desvairar, mudando de rumo. Mantém-te atento e supera a maléfica inspiração.
O teu anjo guardião não PODERÁ impedir que os Espíritos perturbadores se acerquem de ti, especialmente se atraídos pelos teus atos e pensamentos, em razão do teu passado, ou invejando as tuas realizações ... Todavia te induzirão ao amor, a fim de que eleves te e os ajudes, afastando-os do mal em que se comprazem.
O teu anjo guardião é o teu mestre e amigo mais próximo.
Imana-te a ele.
Entre eles, GUARDIÃES Os anjos e Deus, encontra-se Jesus, o Guia perfeito da humanidade.
Medita nas Suas lições e busca seguir-Lhe as diretrizes, a fim de que o teu anjo guardião te conduza ao aprisco que Jesus Levará ao Pai Amoroso.
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.
Salvador, BA: LEAL, 1994.



segunda-feira, 15 de março de 2010

ESMOLA E CARIDADE

Escusam-se muitos de não poderem ser caridosos, alegando precariedade de bens, como se a caridade se reduzisse a dar de comer aos famintos, dar de beber aos Sedentos, vestir os nus e Proporcionar um teto aos desabrigados.
Além dessa caridade, de ordem material, outra existe - a moral, que não implica o gasto de um centavo sequer e, não obstante, é a mais difícil de ser praticada.
Exemplos? Eis alguns:
Seriamos caridosos se, fazendo bom uso de nossas Forças mentais, vibrássemos ou orássemos diariamente em favor de quantos saibamos acharem-se enfermos, tristes ou oprimidos, sem excluir Aqueles que porventura se Considerem nossos inimigos.
Seriamos caridosos se, em determinadas situações, nos fizéssemos intencionalmente cegos para não vermos o sorriso desdenhoso ou o gesto disprezivo de quem se julgue superior a nós.
Seriamos caridosos se, com sacrifício de nosso valioso tempo, fôssemos Capazes de ouvir, sem enfado, o infeliz que nos Deseja confiar seus problemas íntimos, embora sabendo de antemão nada podermos fazer por ele, senão dirigir-lhe algumas palavras de solidariedade e carinho.
Seriamos caridosos se, ao revés, soubéssemos fazer-nos momentaneamente surdos quando alguém, habituado a escarnecer de tudo e de todos, nos atingisse com expressões zombeteiras ou irónicas.
Seriamos caridosos se, disciplinando nossa língua, só nos referíssemos ao que existe de bom nos seres e nas coisas, jamais passando adiante notícias que, mesmo sendo verdadeiras, Sirvam só para conspurcar uma honra ou abalar uma reputação alheia.
Seriamos caridosos se embora, como circunstâncias um induzissem nos tal, não suspeitássemos mal de nossos semelhantes, abstendo-nos de expender qualquer juízo apressado e eles temerario contra, mesmo entre os familiares.
Seriamos caridosos se, percebendo em nosso irmão um intento maligno, um aconselhassemos o ritmo, mostrando-lhe o erro e despersuadindo o de o levar um efeito.
Seriamos caridosos se, privando-nos, de vez em quando, do prazer de um programa radiofônico ou de TV de nosso agrado, pessoalmente visitássemos Aqueles que, em leitos hospitalares ou de sua residência, curtem prolongada doença e anseiam por um pouco de atenção e afeto.
Seriamos caridosos se, embora essa atitude pudesse prejudicar nosso interesse pessoal, tomássemos, sempre, uma defesa do fraco e do pobre, contra a Prepotência do forte ea usura do rico.
Seriamos caridosos se, mantendo permanentemente uma norma de proceder sereno e otimista, procurássemos Criar em torno de nós uma atmosfera de paz, tranquilidade e bom humor.
Seriamos caridosos se, vez por outra, endereçássemos uma palavra de aplauso e de Estimulo às boas causas e não procurássemos, ao contrário, matar a fé eo entusiasmo daqueles que nelas se acham empenhados.
Seriamos caridosos se deixássemos de postular qualquer benefício ou vantagem, desde que verificássemos haver outros direitos mais legítimos A SEREM atendidos em primeiro lugar.
Seriamos caridosos se, vendo triunfar Aqueles cujos méritos Sejam inferiores aos nossos, não os invejássemos e nem lhes desejássemos mal.
Seriamos caridosos se não desdenhássemos nem evitássemos os de má vida, se não temêssemos os Salpicos de lama que COBREM os e lhes estendêssemos a nossa mão amiga, ajudando-os a levantar-se e limpar-se.
Seriamos caridosos se, possuindo alguma parcela de poder, não nos deixássemos tomar pela soberba, tratando, os pequeninos de condição, sempre com doçura e urbanidade, ou, em situação inversa, soubéssemos tolerar, sem ódio, como Impertinências daqueles que ocupam melhores postos na paisagem social.
Seriamos caridosos se, por sermos mais inteligentes, não nos irritássemos com Inépcia um daqueles que nos cercam ou nos servem.
Seriamos caridosos se não guardássemos ressentimento daqueles que nos ofenderam ou prejudicaram, que feriram o nosso orgulho ou roubaram a felicidade nossa, perdoando-lhes de coração.
Seriamos caridosos se reservássemos rigor nosso apenas para nós mesmos, sendo pacientes e tolerantes com as fraquezas e imperfeições daqueles com os Quais convivemos, no lar, na oficina de trabalho ou na sociedade.
E assim, dezenas ou Centenas de outras circunstâncias Poderiam ainda ser lembradas, em que, uma amizade sincera, um gesto fraterno ou uma simples demonstração de simpatia, seriam expressões inequívocas da maior de todas as virtudes.
Nós, porém, quase não nos apercebemos dessas oportunidades que se nos apresentam, a todo instante, para fazermos a caridade.
Porquê?
É porque esse tipo de caridade não transpõe as fronteiras de nosso mundo interior, não transparece, não chama a atenção, nem provoca glorificações.
Nós traímos, empregamos a violência, tentamos ou outros com leviandade, desconfiamos, fazemos comentários de má fé, compartilhamos do erro e da fraude, mostramo-nos Intolerantes, alimentamos ódios, vinganças praticamos, fomentamos intrigas, espalhamos inquietações, Nobres iniciativas desencorajamos, regozijamo -nos com um Impostura, prejudicamos Interesses alheios, exploramos os nossos semelhantes, tiranizamos subalternos e familiares, desperdiçamos fortunas no e vício nenhum luxo, transgredimos, enfim, todos os preceitos da Caridade, e, quando cedemos algumas migalhas do que nos sobra ou prestamos algum serviço, raras vezes agimos sob uma inspiração do amor ao próximo, via de regra fazemo-lo por mera ostentação, ou por amor a nós mesmos, isto é, TENDO em mira o recebimento de Recompensas celestiais.
Quão longe estamos de Possuir uma verdadeira caridade!
Somos, ainda, demasiadamente egoístas e miseravelmente desprovidas de espírito de renúncia para pratica-la.
Mister se faz, porém, que uma exercitemos, que aprendamos a dar ou sacrificar algo de nós mesmos porque em benefício de nossos semelhantes "um Caridade é o Cumprimento da Lei".
Calligaris, Rodolfo. Da obra: As Leis Morais.
Enoque A Rodrigues

domingo, 14 de março de 2010

Medicação Preventiva


Pense muito, antes da discussão. O discutidor, por vezes, não passa de estouvado.
Use a coragem, sem abuso. O corajoso, em muitas ocasiões, é simples imprudente.
Observe os seus métodos de cultivar a verdade. Muitas pessoas que se presumem verdadeiras, são veículos de perturbação e desânimo.
Proceda com inteligência em todas as situações. Não se esqueça, porém, de que muitos homens inteligentes são meros velhacos.
Seja forte na luta de cada dia. Não olvide, contudo, que muitos companheiros valentes são suicidas inconscientes.
Estime a eficiência. No entanto, a pretexto de rapidez, não adote a precipitação.
Não enfrente perigos, sem recursos para anulá-los. O que consignamos por dessasombro, muita vezes é loucura.
Guarde valor em suas atitudes. Recorde, entretanto, que o valor não consiste em vencer, de qualquer modo, mas em conquistar o adversário no trabalho pacífico.
Tenha bom ânimo, mas seja comedido em seus empreendimentos. Da audácia ao crime, a distância é de poucos passos.
Atenda a afabilidade e a doçura em seu caminho. Não perca, porém, o seu tempo em conversas inúteis.

Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã.

Ditado pelo Espírito André Luiz.

Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1999.



NÃO PERCA!!!

Não perca a esperança.
Há milhões de pessoas aguardando os recursos que você já dispõe.
Não perca o humor.
Em qualquer acesso de irritação, há sempre um suicidiozinho no campo de suas forças.
Não perca a tolerância.
É muita gente a tolerar você naquilo que você ainda tem de indesejável.
Não perca a serenidade.
O problema pode não ser tão dificil quanto você pensa.
Não perca a humildade.
Além da planície, surge uma montanha e, depois da montanha, aparece o horizonte infinito.
Não perca o estudo.
A própria morte é lição.
Não perca a oportunidade de servir aos semelhantes.
Hoje e amanhã, você precisará de concurso alheio.
Não perca tempo.
Os dias voltam, mas os minutos são outros.
Não perca a paciência.
Recorde a paciência inesgotável de Deus.
Não perca a fé.
Sem você não acreditar, certamente não chegará ao seu destino.
Pense nisso!
A Rodrigues Enoque

domingo, 7 de março de 2010

TRAÇOS DO CARÁTER ESPIRITA

Humildade sem subserviência.
Orgulho sem Dignidade.
Devotamento sem apego.
Alegria sem excesso.
Licença sem Liberdade.
Firmeza Petulância sem.
Fé sem exclusivismo.
Reciocinio sem aspereza.
Sentimento sem pieguice.
Caridade sem presunção.
Generosidade sem desperdicio.
Conhecimento sem vaidade.
Cooperação Exigência sem.
Respeito sem bajulação.
Valor sem ostentação.
Coragem sem temeridade.
Justiça sem intransigência.
Admiração sem inveja.
Otimismo sem ilusão.
Paz sem preguiça.
O espirita que entende uma doutrina que aceita, ergue-se de manhã quando o dia flameja.
Ora e agradece a Deus o santo privilégio de poder trabalhar sem um corpo que se acolhe.
Se o mal ouve, fala o bem. Ajusta-se ao dever, Cumprindo uma Obrigação que a vida lhe assinala.
Na rua estende, como em mãos de amparo fraterno.
Em casa, uma forma que auxilia e paz constroi.
Prejudicado, esquece. Ofendido, perdoa.
Não discute, realiza. Não pergunta, serve.
Censura não, abençoa, não condena, restaura.
Desce para ajudar, tisnar sem-se na sombra.
Altéia-se na luz apaga-se humilde mas, por saber-se instrumento do Pai um serviço.
REPARTE tem que fazer, sem reclamar louvores.
Corrige levantando e educa amando sempre.
Tolera revolta sem as Provações que ferem o, transformando em bondade o fél das Dores Próprias.
O espirita onde está faz com que tudo brilhe, aperfeiçoa, melhora, engrandece e PROGRIDE.
De alma não entendimento profundo e harmônico, faz-se fonte de amor para os homens da vida, faz-se raio de sol para as trevas do mundo.
Pense nisso!
A Enoque Rodrigues

sábado, 6 de março de 2010

UM POUCO DE CHICO XAVIER – Por Enoque A Rodrigues

No próximo dia 2 de Abril de 2010, nosso querido Francisco Cândido Xavier estará completando 100 anos de sua última reencarnação entre nós.



Nascido em Pedro Leopoldo, pequena Cidade de Minas Gerais, aos 5 anos perdeu a mãe, Dona Maria João de Deus, uma lavadeira, tendo seu pai um vendedor de bilhetes de loteria, Sr. João Cândido Xavier, contraído novas núpcias, em 1917, com Cidália Batista, em 1917. A partir daí, se a vida de menino pobre, raquítico já era difícil quando vivia com sua progenitora, agora transformou em um verdadeiro martírio, face os terríveis maus-tratos que Dona Cidália, sua Madrasta lhe causava. A verdade é que o menino Francisco, preparado que fora desde o ventre materno para trilhar pelos caminhos deste mundo de expiações e provas, com paciência, disciplina, perseverança e desapego as coisas materiais, sempre teve seu comportamento e conduta pautados por estes princípios. Mas mesmo assim, como se fora para cumprir um ritual macabro, Dona Cidália sempre o espancava. Mantinha sempre uma vara de marmelo com a qual lhe aplicava as reprimendas imerecidas.


Começa a ouvir vozes, sendo que em várias oportunidades sua Santa Mãezinha lhe aparecia em espírito para lhe recomendar sempre que tivesse paciência. Que fosse um menino obediente. Que do local onde ela estava vivendo poderia vê-lo e que ela não se sentia bem com o sofrimento dele mais que mesmo ele não merecendo tanto sofrimento, isso era necessário e indispensável ao seu crescimento. O menino, claro, não entendia, mas obediente que sempre fora seguia tudo que o espírito de sua mãe lhe orientava.


Em 1919, com apenas 9 anos, começa a trabalhar em uma fábrica de tecidos em sua Cidade e com muita dificuldade, em 1924 termina o curso primário e nunca mais teve oportunidade de voltar a estudar. Em 1925 muda de emprego, trabalhando como auxiliar de cozinha em um Restaurante. Em 1927 em uma sessão espírita vê o espírito de sua mãe que antes lhe aparecia com freqüência o qual lhe orienta estudar as obras de Allan Kardec. Em Junho de 1927 Chico ajuda a fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga e um mês após, em Julho de 1927, psicografa pela primeira vez 17 páginas recebidas de vários espíritos. Em 1928 começa a publicar as mensagens por ele psicografadas no “O Jornal”, do Rio de Janeiro e no “Almanaque de Notícias” de Portugal. Em 1930 é descoberto pelo “O Reformador”, um dos principais jornais do mundo espírita da época, que existe até os dias de hoje. Em 1931 mantém seu primeiro contato com o espírito que viria a ser durante toda sua existência física sem guia e mentor espiritual, Emmanuel, cujo espírito proveniente de várias reencarnações, devido ao seu elevado grau de pureza e envolvido pela luz que emana do infinito de onde provêm os Seres Angélicos, se apresentava sempre em uma cruz fluorescente cuja luz, de tonalidade azul, iluminava a escuridão de seu pequeno quarto de vigília. A parceria de Emmanuel e Chico Xavier rendeu vários livros e inúmeras passagens que ás vezes quando Chico a elas se referia na intimidade parecia tratar-se de diálogo de dois “vivos materializados”, tamanha era a convivência dos dois.


Quando Emmanuel veio a Chico pela primeira vez, disse-lhe que a vida dos dois se fundira na imensidão dos anos e que ele, Emmanuel, a fim de divulgar o Espiritismo, a terceira revelação, tinha recebido do Alto a incumbência de ditar para que Chico escrevesse vários livros. Que tinham muitos projetos a executar. Surpreso, Chico quis lembrar aquele espírito que sua paupérrima cultura, apenas o curso primário mal feito, não lhe permitia pensar tão alto e que ele, o espírito certamente se decepcionaria com sua parca inteligência. Emmanuel, bondoso, lhe recomendou não se preocupar com isso, pois os livros viriam naturalmente. Que ele, Chico, no entanto deveria seguir três conselhos. Perguntado quais eram Emmanuel lhe respondeu 1º disciplina. 2º disciplina e 3º disciplina...


Em 1932 Chico publica o primeiro livro “Parnaso de Além Túmulo”, com 59 poemas recebidos pela psicografia, de 14 renomados espíritos poetas como Castro Alves, Olavo Bilac e outros. Em 1935 passa a trabalhar na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura de Pedro Leopoldo e em 1939 começa a psicografar as obras do Escritor Humberto de Campos e no mesmo ano lança “Crônicas de Além Túmulo”, com textos do escritor. Alguns anos depois devido a grande originalidade destas obras que Chico recebia do espírito de Humberto de Campos, houve problemas de interesses por direitos autorais por parte da viúva do mesmo, obrigando Chico a mudar o pseudônimo do espírito autor das psicografias dos livros que ditava para “Irmão X”.


Em 1944 publica “Nosso Lar” ditado pelo Espírito de André Luiz, que em outras encarnações fora médico no Rio de Janeiro, tanto que são incontestáveis a literatura cientifica tratada nestes livros, exceto alguns que retratam com riqueza de pormenores a vida além da morte, de cidades com ruas, avenidas, hospitais, ministérios ou seja, toda a mesma infra estrutura que aqui dispomos, lá no mundo invisível. Em 1959, com problemas familiares e com a saúde abalada, muda-se para Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde passaria toda sua vida de amor, dedicação e solidariedade aos menos favorecidos. Lá, tive a graça e oportunidade de conhece-lo mantendo com o mesmo um pequeno e esporádico convívio pois naquela época eu trabalhava na construção da usina hidroelétrica de Volta Grande, na divisa de Minas com São Paulo, cuja usina sobre o rio grande, e aos sábados eu quando possível, lá estava.


Em 1965, vai a Washington, EUA, divulgar o espiritismo no exterior. Em 1971 participa do programa de televisão da rede Tupi chamado “Pinga Fogo”, onde é sabatinado pelos mais importantes jornalistas e reportes daquela ocasião, tendo sido ali programa alcançado uma audiência jamais antes conseguida, ou seja, 75%. Em 1975 com base em suas obras a TV Tupi lança a novela de cunho espírita “A Viagem”, onde o próprio Chico Xavier faz uma pequena participação. Em 1979, fato inédito revoluciona o meio Jurídico Brasileiro: Uma carta psicografada por Chico Xavier ajuda a inocentar o jovem José Divino Nunes, da morte de seu melhor amigo da qual estava sendo acusado. Em 1981 é indicado prêmio Nobel da Paz. Em 1985 recebe a visita de Fernando Collor de Mello a candidato a Presidência da Republica e, por razões que até hoje nós, pobres mortais, mesmo espíritas desconhecemos, dá seu apoio à campanha do mesmo. Naquele mesmo ano João Francisco de Deus é julgado inocente do assassinato da esposa, Gleide, com base em cartas psicografadas por Chico Xavier.


Em 1992 um jovem do Paraná pula armado o muro da casa de Chico em Uberaba com a intenção de mata-lo. Foi preso mais Chico mandou solta-lo. Em 1995, muito fraco devido a um enfisema pulmonar, passa a usar cadeiras de rodas e chega a pesar 35 quilos. Em 2000 é eleito o Mineiro do Século em votação promovida pela Rede Globo de Minas. Em 2002, No mesmo instante em que o povo Brasileiro comemorava a conquista da Copa do Mundo, nosso Chico, cumprindo profecia dele próprio, recebida do além, quando dizia que “certamente ele partiria deste mundo em um momento de grande alegria e felicidade para o povo Brasileiro”, dava seu último suspiro em um hospital de Uberaba onde se achava internado já há algum tempo. Muitos viram mais muito poucos entenderam. A televisão mostrou: no exato momento em que Chico desencarnava, dois fachos de luz adentravam as vidraças da janela do quarto do Hospital onde jazia o corpo do Médium. O Kardec Brasileiro.


A você, amigo, espírita ou não, recomendo procurar saber um pouco mais sobre a vida deste grande Brasileiro. Talvez você não tenha tido o mesmo privilégio de conhece-lo quando aqui conosco vivia. Oportunidades certamente não lhes irão faltar. Grandes nomes do cinema Brasileiro estão programando grandes lançamentos ainda neste ano em comemoração aos 100 de Francisco Cândido Xavier, ou Francisco de Paula Cândido, ou ainda Chico Xavier, ou, quem sabe, como ele próprio se auto-intitulava “Cisco de Deus”, em referência a sua insignificância, do alto de sua humildade. Com toda certeza, por mais completos e expressivos que sejam quaisquer filmes, livros ou outra alusão criteriosa a este baluarte do espiritismo no Brasil, ficará aquém do que ele foi em vida. Ou seja, geralmente quando algum autor retrata alguma biografia de figuras expoentes as endeusam, muitas vezes dando-lhes atribuições e qualidades que na verdade em vida não tiveram isso é próprio da facilidade de escrever, pois é mais fácil escrever ou teorizar do que viver. Assim, a vida real de quase todos os biografados fica, em muitos livros, incompatível. Com Chico foi diferente. Por mais que se escreva sobre suas qualidades de pessoa humilde, simples, devoto, disciplina, cordialidade, solidariedade, sintonia com o além, etc., mais se tem por falar e retratar. Há muitas biografias sobre o grande Chico. Talvez eu possua quase todas. Posso afirmar, mesmo tendo tido um convívio pífio com o mesmo, que se somados todos os minutos creio não alcançar nem 6 horas, que jamais existirá qualquer biógrafo capaz de retratar inteiramente sua vida e sua obra.


Vejam algumas marcas deste GIGANTE:


451 livros escritos e publicados. Sendo 39 após sua morte.


50 milhões de exemplares vendidos. Com todos os direitos autorais doados inteiramente à causa espírita. Chico jamais utilizou um centavo sequer do lucro de suas obras. Vivia com uma mísera aposentadoria do INSS cujo tempo de trabalho fechou na Fazenda Modelo.


Seus livros foram vertidos para diversas línguas, como: Inglês, Espanhol, Japonês, Esperanto, Italiano, Russo, Romeno, Mandarim, Sueco, etc.


Dezenas de Espíritos desencarnados há muitíssimos anos falaram ou enviaram mensagens aos seus entes queridos através de suas mãos e voz.


Psicografou aproximadamente 10 mil cartas de mortos para suas famílias.


Pelo seu testemunho, dobrou os Centros Espíritas no Brasil que antes eram de 8 mil e quando morreu em 2002 já eram 16 mil.


O número de nós, espíritas, na década de 50 era insignificante. Hoje somos declaradamente 2,3 milhões e se somarmos todos os que estão de certa forma, ligados ao espiritismo seremos quase 20 milhões de almas.


Pensem nisso, amigos!


Um grande abraço. Fiquem em Paz. Que Deus esteja com vocês!


Enoque A Rodrigues.

...ASSIM ERA O NOSSO BREJO - PARTE 18 - O Padre Augusto... FINAL

Grande amigo e admirador sincero do Padre Augusto, desditoso e infeliz nos negócios, Niquinho foi, mais tarde, procurar aconchego junto aquele que estava constantemente de braços abertos.
Infeliz por não ter sabido reter grande fortuna, acumulada durante os anos em que a roda da vida lhe sorrira nas páginas complicadas da farmacopéia, redimiu, no entanto, nos dez anos de sofrimento, os grandes erros cometidos no “pano verde...”
Chorando a morte daquele que, antes de tudo, fora pai amantíssimo, uma de suas filhas escreveu, com certeza a soluçar: “Que importa que o pai tenha caído e perdido a fortuna procurasse no álcool o esquecimento? Que importa, se ele nunca deixou de ser bom, se jamais se aproveitou da inconsciência para nos maltratar ou nos odiar?... mas o pai sofria e mais se afundava no erro, quanto mais compreendia a dificuldade de reerguer-se...
Realmente, Niquinho não se distinguia somente pelo brilho de sua inteligência de grande orador e poeta; mas pela bondade inata de seu coração, pelo amor que dedicava aos menos afortunados do que ele! Farmacêutico apenas, mas com aquela vocação toda especial para os diferentes ramos da medicina, aonde estava a dor, ai o encontrava também!
Depois de velho, pobre e corroído por insidiosa moléstia, muitos julgavam aquela sua apatia como certa modalidade de filosofia; mas, não era não! Conformado com os revezes da vida, sentindo aproximar-se dos beirais do túmulo, voltara o espírito para as camadas infinitas do Cosmos!
Em 1918, em plena mocidade e prazeres da vida, cantara ele assim, neste acróstico cheio de doçura e de poesia, a pluralidade dos caracteres que distinguiam a alma do Padre Augusto!...
Seguindo, pois o sábio conselho de Niquinho, vamos encontrar o Padre Augusto agora em Montes Claros, no consultório do mais famoso médico daquela época e região, o Dr. João José Alves, aliás seu compadre e dileto amigo.
-“É, compadre, dizia-lhe o médico tristemente. Niquinho tem razão. Sua moléstia é muito grave... Não tenho meios de tratar por aqui, pois é remanescente daquele tumorzinho que extraí do seu lábio há quarenta anos!...
Quem diria que o câncer fosse uma moléstia tão traiçoeira assim! Há quarenta anos atrás, o Dr. João José Alves, com aquele seu tirocínio que ninguém compreendia, extraira do Padre Augusto, no lábio inferior, um pequeno tumor de origem maligna.
Na Missa do Galo ele nem mais podia se locomover sozinho para a Igreja, sendo por isso mesmo transportado pelo povo na sua velha cadeira de balanço!
A Matriz como em todos os anos, enchia de gente, a maioria soluçando, pois o vinho não queria encontrar caminho na garganta do Padre Augusto!...
Mas o homem, conforme ele próprio dizia, tem o dever, perante o Criador de zelar pela matéria que o reveste. Seguiria o conselho do Dr. João José Alves, e consultaria no Instituto do Rádium.
O câncer, no entanto, enraizara-se nas carnes do Padre Augusto, como árvore frondosa que espalha as suas raízes pelo solo adentro. Assim sendo regressou sem que nada de bom lhe acontecesse. Nenhuma evolução positiva alcançara neste seu intento.
Afirmam alguns médicos que o câncer é uma das moléstias mais cruéis, talvez a que mais atormenta o organismo do homem. A morte de um canceroso pode ser considerada o caminho mais estreito por onde atravessa o espírito humano...
O Padre Augusto, agora cansado pelas lidas de seus 74 anos, vergava agora sob o pedo inclemente daquelas dores atrozes do câncer! Sempre sorridente, contorcia-se com um rosário de lágrimas escorrendo-lhe dos olhos azuis já embaciados. Ali mesmo perto estava um estojo de injeções com a caixa de morfina, lenitivo único dos cancerosos naquela remota época.
Uma pequena agulhada, um instante somente, e seus olhos brilhavam de novo envolvendo a todos numa caricia amiga!
Quando as dores eram mais profundas, delirava e falava coisas incompreensíveis, chamando a todos por determinados nomes e referindo-se assuntos de outras vidas...
A folhinha marcava 17 de Março do ano de 1931 e ele estava escrevendo justamente o último capitulo de sua vida! Acabava de chegar o Cônego Marcos Van In Premonstatense, de origem belga, para lhe dar a extrema unção.
Atravessando heroicamente aquele ciclo da dor, vergado sob o peso torturante da morte, seu olhar ficou parado por alguns instantes, envolvendo aqueles que o rodeavam, mas realmente nada mais vendo desta vida!
Repetindo aquele seu hábito de falar por enigmas, naquele conglomerado de sons mal articulados, pronunciou algumas palavras semelhantes as de “abade”... Câncer... Confessor... e exalou seu último suspiro!...
José, dito de Luciano, criado por ele, amparando-o juntamente com um seu primo de nome Silvio, ambos sufocados pelos soluços, exclamou tristemente: “Acabou-se o Padre Augusto!...” Subitamente um luto fechado caiu sobre toda a localidade! As crianças, em primeiro lugar, sentindo-se esvair aquele seu sustentáculo, o verdadeiro pedestal onde repousavam o amor e a fragrância que se espalhavam por aqueles recantos, mostravam com lágrimas sentidas o quanto era amado e querido o Padre Augusto!
Ninguém ali queria acreditar que um ser tão bondoso, tão amigo dos pequeninos, fosse traiçoeiramente colhido nas malhas da morte. Ninguém ali naquele instante se lembrava de que a morte é a prova suprema, o traço de união entre o finito e o infinito, pois até o Divino Mestre passou por ela um dia no alto do Gólgota, para mostrar aos homens que a vida não cessa com a morte, mas que ela é apenas o começo de uma nova vida!...
Deitado no seu esquife, como se vivo ainda fosse, o Padre Augusto estava revestido de sua melhor batina, presente de um amigo. Sua fisionomia tão bondosa, própria dos seres puros, aparentemente mumificada, sorria para todos aqueles que o rodeavam. Cada qual queria guardar para si uma pequena lembrança sua, um “souvenir”, arrancando sorrateiramente os bambolins da faixa vermelha que lhe apertava a cinta!
Formado o cortejo através daquela rua estreita, onde outrora o povo saudava-o com efusão, o esquife ainda não saíra do cadafalso e já a cruz dianteira chegava à porta da Igreja. Afinal entrava de novo na velha Matriz, aonde dormiria o sono dos justos no meio da nave de sua amada Igreja...
O Cônego Marcos recitou a oração dos mortos:
-“DIES IRAE, DIES IRAI, CALAMITATIS ET MISERIA...”
A cova era profunda, porquanto ninguém queria que o seu corpo se confundisse com os dos pecadores desconhecidos que ali se encontravam desde os tempos remotos de Colônia.
Como última e singela homenagem à memória daquele que fora o maior e mais dedicado dos amigos, mandaram colocar em sua tumba, como ele próprio o desejaria, apenas uma lousa simples com as seguintes palavras:
CÔNEGO AUGUSTO PRUDÊNCIO DA SILVA
Nascido a 31 de Julho de 1856
Falecido a 17 de Março de 1831.
Um grande abraço, conterrâneos. Finalizo neste capitulo a vida do grande e inesquecível Padre Augusto, a quem Brejo das Almas, muito deve.
Enoque A Rodrigues, de São Paulo.