sábado, 6 de março de 2010

UM POUCO DE CHICO XAVIER – Por Enoque A Rodrigues

No próximo dia 2 de Abril de 2010, nosso querido Francisco Cândido Xavier estará completando 100 anos de sua última reencarnação entre nós.



Nascido em Pedro Leopoldo, pequena Cidade de Minas Gerais, aos 5 anos perdeu a mãe, Dona Maria João de Deus, uma lavadeira, tendo seu pai um vendedor de bilhetes de loteria, Sr. João Cândido Xavier, contraído novas núpcias, em 1917, com Cidália Batista, em 1917. A partir daí, se a vida de menino pobre, raquítico já era difícil quando vivia com sua progenitora, agora transformou em um verdadeiro martírio, face os terríveis maus-tratos que Dona Cidália, sua Madrasta lhe causava. A verdade é que o menino Francisco, preparado que fora desde o ventre materno para trilhar pelos caminhos deste mundo de expiações e provas, com paciência, disciplina, perseverança e desapego as coisas materiais, sempre teve seu comportamento e conduta pautados por estes princípios. Mas mesmo assim, como se fora para cumprir um ritual macabro, Dona Cidália sempre o espancava. Mantinha sempre uma vara de marmelo com a qual lhe aplicava as reprimendas imerecidas.


Começa a ouvir vozes, sendo que em várias oportunidades sua Santa Mãezinha lhe aparecia em espírito para lhe recomendar sempre que tivesse paciência. Que fosse um menino obediente. Que do local onde ela estava vivendo poderia vê-lo e que ela não se sentia bem com o sofrimento dele mais que mesmo ele não merecendo tanto sofrimento, isso era necessário e indispensável ao seu crescimento. O menino, claro, não entendia, mas obediente que sempre fora seguia tudo que o espírito de sua mãe lhe orientava.


Em 1919, com apenas 9 anos, começa a trabalhar em uma fábrica de tecidos em sua Cidade e com muita dificuldade, em 1924 termina o curso primário e nunca mais teve oportunidade de voltar a estudar. Em 1925 muda de emprego, trabalhando como auxiliar de cozinha em um Restaurante. Em 1927 em uma sessão espírita vê o espírito de sua mãe que antes lhe aparecia com freqüência o qual lhe orienta estudar as obras de Allan Kardec. Em Junho de 1927 Chico ajuda a fundar o Centro Espírita Luiz Gonzaga e um mês após, em Julho de 1927, psicografa pela primeira vez 17 páginas recebidas de vários espíritos. Em 1928 começa a publicar as mensagens por ele psicografadas no “O Jornal”, do Rio de Janeiro e no “Almanaque de Notícias” de Portugal. Em 1930 é descoberto pelo “O Reformador”, um dos principais jornais do mundo espírita da época, que existe até os dias de hoje. Em 1931 mantém seu primeiro contato com o espírito que viria a ser durante toda sua existência física sem guia e mentor espiritual, Emmanuel, cujo espírito proveniente de várias reencarnações, devido ao seu elevado grau de pureza e envolvido pela luz que emana do infinito de onde provêm os Seres Angélicos, se apresentava sempre em uma cruz fluorescente cuja luz, de tonalidade azul, iluminava a escuridão de seu pequeno quarto de vigília. A parceria de Emmanuel e Chico Xavier rendeu vários livros e inúmeras passagens que ás vezes quando Chico a elas se referia na intimidade parecia tratar-se de diálogo de dois “vivos materializados”, tamanha era a convivência dos dois.


Quando Emmanuel veio a Chico pela primeira vez, disse-lhe que a vida dos dois se fundira na imensidão dos anos e que ele, Emmanuel, a fim de divulgar o Espiritismo, a terceira revelação, tinha recebido do Alto a incumbência de ditar para que Chico escrevesse vários livros. Que tinham muitos projetos a executar. Surpreso, Chico quis lembrar aquele espírito que sua paupérrima cultura, apenas o curso primário mal feito, não lhe permitia pensar tão alto e que ele, o espírito certamente se decepcionaria com sua parca inteligência. Emmanuel, bondoso, lhe recomendou não se preocupar com isso, pois os livros viriam naturalmente. Que ele, Chico, no entanto deveria seguir três conselhos. Perguntado quais eram Emmanuel lhe respondeu 1º disciplina. 2º disciplina e 3º disciplina...


Em 1932 Chico publica o primeiro livro “Parnaso de Além Túmulo”, com 59 poemas recebidos pela psicografia, de 14 renomados espíritos poetas como Castro Alves, Olavo Bilac e outros. Em 1935 passa a trabalhar na Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura de Pedro Leopoldo e em 1939 começa a psicografar as obras do Escritor Humberto de Campos e no mesmo ano lança “Crônicas de Além Túmulo”, com textos do escritor. Alguns anos depois devido a grande originalidade destas obras que Chico recebia do espírito de Humberto de Campos, houve problemas de interesses por direitos autorais por parte da viúva do mesmo, obrigando Chico a mudar o pseudônimo do espírito autor das psicografias dos livros que ditava para “Irmão X”.


Em 1944 publica “Nosso Lar” ditado pelo Espírito de André Luiz, que em outras encarnações fora médico no Rio de Janeiro, tanto que são incontestáveis a literatura cientifica tratada nestes livros, exceto alguns que retratam com riqueza de pormenores a vida além da morte, de cidades com ruas, avenidas, hospitais, ministérios ou seja, toda a mesma infra estrutura que aqui dispomos, lá no mundo invisível. Em 1959, com problemas familiares e com a saúde abalada, muda-se para Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde passaria toda sua vida de amor, dedicação e solidariedade aos menos favorecidos. Lá, tive a graça e oportunidade de conhece-lo mantendo com o mesmo um pequeno e esporádico convívio pois naquela época eu trabalhava na construção da usina hidroelétrica de Volta Grande, na divisa de Minas com São Paulo, cuja usina sobre o rio grande, e aos sábados eu quando possível, lá estava.


Em 1965, vai a Washington, EUA, divulgar o espiritismo no exterior. Em 1971 participa do programa de televisão da rede Tupi chamado “Pinga Fogo”, onde é sabatinado pelos mais importantes jornalistas e reportes daquela ocasião, tendo sido ali programa alcançado uma audiência jamais antes conseguida, ou seja, 75%. Em 1975 com base em suas obras a TV Tupi lança a novela de cunho espírita “A Viagem”, onde o próprio Chico Xavier faz uma pequena participação. Em 1979, fato inédito revoluciona o meio Jurídico Brasileiro: Uma carta psicografada por Chico Xavier ajuda a inocentar o jovem José Divino Nunes, da morte de seu melhor amigo da qual estava sendo acusado. Em 1981 é indicado prêmio Nobel da Paz. Em 1985 recebe a visita de Fernando Collor de Mello a candidato a Presidência da Republica e, por razões que até hoje nós, pobres mortais, mesmo espíritas desconhecemos, dá seu apoio à campanha do mesmo. Naquele mesmo ano João Francisco de Deus é julgado inocente do assassinato da esposa, Gleide, com base em cartas psicografadas por Chico Xavier.


Em 1992 um jovem do Paraná pula armado o muro da casa de Chico em Uberaba com a intenção de mata-lo. Foi preso mais Chico mandou solta-lo. Em 1995, muito fraco devido a um enfisema pulmonar, passa a usar cadeiras de rodas e chega a pesar 35 quilos. Em 2000 é eleito o Mineiro do Século em votação promovida pela Rede Globo de Minas. Em 2002, No mesmo instante em que o povo Brasileiro comemorava a conquista da Copa do Mundo, nosso Chico, cumprindo profecia dele próprio, recebida do além, quando dizia que “certamente ele partiria deste mundo em um momento de grande alegria e felicidade para o povo Brasileiro”, dava seu último suspiro em um hospital de Uberaba onde se achava internado já há algum tempo. Muitos viram mais muito poucos entenderam. A televisão mostrou: no exato momento em que Chico desencarnava, dois fachos de luz adentravam as vidraças da janela do quarto do Hospital onde jazia o corpo do Médium. O Kardec Brasileiro.


A você, amigo, espírita ou não, recomendo procurar saber um pouco mais sobre a vida deste grande Brasileiro. Talvez você não tenha tido o mesmo privilégio de conhece-lo quando aqui conosco vivia. Oportunidades certamente não lhes irão faltar. Grandes nomes do cinema Brasileiro estão programando grandes lançamentos ainda neste ano em comemoração aos 100 de Francisco Cândido Xavier, ou Francisco de Paula Cândido, ou ainda Chico Xavier, ou, quem sabe, como ele próprio se auto-intitulava “Cisco de Deus”, em referência a sua insignificância, do alto de sua humildade. Com toda certeza, por mais completos e expressivos que sejam quaisquer filmes, livros ou outra alusão criteriosa a este baluarte do espiritismo no Brasil, ficará aquém do que ele foi em vida. Ou seja, geralmente quando algum autor retrata alguma biografia de figuras expoentes as endeusam, muitas vezes dando-lhes atribuições e qualidades que na verdade em vida não tiveram isso é próprio da facilidade de escrever, pois é mais fácil escrever ou teorizar do que viver. Assim, a vida real de quase todos os biografados fica, em muitos livros, incompatível. Com Chico foi diferente. Por mais que se escreva sobre suas qualidades de pessoa humilde, simples, devoto, disciplina, cordialidade, solidariedade, sintonia com o além, etc., mais se tem por falar e retratar. Há muitas biografias sobre o grande Chico. Talvez eu possua quase todas. Posso afirmar, mesmo tendo tido um convívio pífio com o mesmo, que se somados todos os minutos creio não alcançar nem 6 horas, que jamais existirá qualquer biógrafo capaz de retratar inteiramente sua vida e sua obra.


Vejam algumas marcas deste GIGANTE:


451 livros escritos e publicados. Sendo 39 após sua morte.


50 milhões de exemplares vendidos. Com todos os direitos autorais doados inteiramente à causa espírita. Chico jamais utilizou um centavo sequer do lucro de suas obras. Vivia com uma mísera aposentadoria do INSS cujo tempo de trabalho fechou na Fazenda Modelo.


Seus livros foram vertidos para diversas línguas, como: Inglês, Espanhol, Japonês, Esperanto, Italiano, Russo, Romeno, Mandarim, Sueco, etc.


Dezenas de Espíritos desencarnados há muitíssimos anos falaram ou enviaram mensagens aos seus entes queridos através de suas mãos e voz.


Psicografou aproximadamente 10 mil cartas de mortos para suas famílias.


Pelo seu testemunho, dobrou os Centros Espíritas no Brasil que antes eram de 8 mil e quando morreu em 2002 já eram 16 mil.


O número de nós, espíritas, na década de 50 era insignificante. Hoje somos declaradamente 2,3 milhões e se somarmos todos os que estão de certa forma, ligados ao espiritismo seremos quase 20 milhões de almas.


Pensem nisso, amigos!


Um grande abraço. Fiquem em Paz. Que Deus esteja com vocês!


Enoque A Rodrigues.

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