tag:blogger.com,1999:blog-68946872875771073592024-03-13T02:17:23.981-07:00ENOQUERODRIGUESENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.comBlogger92125tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-90313832178649976172011-03-12T13:26:00.000-08:002011-03-12T13:26:32.371-08:00AS JÓIAS DO BREJO V – BIMBIM DO MERCADOAS JÓIAS DO BREJO V – BIMBIM DO MERCADO <br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
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</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNRZwFUX0TCC2G7lh3AYzy965UtI6wnCAodCw4E6tn2_REAw6B38Vh-s15OiBcEVDWqTiUG8fGLpyf4vIhBp5JXn1pcmbdEWLNAR6LsKuibKsPVrpSi76Gm4BwZzaYdwCTt7kvz2FHOyUG/s1600/MERCADO+MUNICIPAL+DE+FRANCISCO+S%25C3%2581%252CMG.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" q6="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNRZwFUX0TCC2G7lh3AYzy965UtI6wnCAodCw4E6tn2_REAw6B38Vh-s15OiBcEVDWqTiUG8fGLpyf4vIhBp5JXn1pcmbdEWLNAR6LsKuibKsPVrpSi76Gm4BwZzaYdwCTt7kvz2FHOyUG/s200/MERCADO+MUNICIPAL+DE+FRANCISCO+S%25C3%2581%252CMG.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Durante vários anos, por mais de duas décadas, ele chegava, sempre por volta das 6 horas da manhã, sentava-se sobre um velho caixote de verduras e ali ficava por todo o dia, debaixo de chuva e sol. O que ele trazia no caixote para vender no mercado? Nada! Parecia tratar-se de mais um daqueles personagens que a vida de quando em vez trás à baila para prosseguirem caminhando por ela, sem destino algum, sem eira nem beira, ou desprovidos de quaisquer perspectivas e objetivos de alguma relevância. Esses indivíduos que nós muitas vezes do alto de nossa ignorância insistimos em chamar de loucos, tem, certamente, suas missões honrosas a cumprirem aqui na terra as quais nós, no estagio atual em que nos encontramos, as desconhecemos inteiramente.</div><div style="text-align: justify;">A todos quantos entrassem naquele tempo no velho mercado de Francisco Sá, Brejo das Almas, “beldade do norte de minas”, era recebido por Bimbim, que sempre educado e cordial, ficava sempre postado à porta de entrada, com um “bom dia”, “boa tarde” ou “boa noite”. “Como estás?” “E a família, como vai?”</div><div style="text-align: justify;">Enquanto ele dialogava com as pessoas, o seu cachorro, um vira latas... –uai, sô, você já viu algum desses belos seres desacompanhados de um ou mais cachorros?- de pelo marrom, com duas grandes pintas nas costelas, olhos grandes, sendo um vazado por alguma estripulia do passado distante, lambia as pernas do interlocutor, pernas estas devidamente protegidas por uma belíssima calça boca de sinos a coqueluche da ocasião.</div><div style="text-align: justify;">Antonio Maria da Silveira Pena, esse era o nome de Bimbim, que apesar de pomposo, principalmente no que diz respeito aos sobrenomes “Silveira” e “Pena”, posso afirmar, depois de ter realizado pesquisas genealógicas, que nenhum parentesco tinha ele com qualquer ramificação destas famílias tradicionais do Brejo das Almas que ostentam esses sobrenomes. </div><div style="text-align: justify;">-Bimbim, de onde você é? Perguntavam-no.</div><div style="text-align: justify;">-Sei lá, eu? Respondia sempre. Quando me dei por mim já estava no mundo e minha mãe não viveu o suficiente pra me contar!</div><div style="text-align: justify;">-Você conhece algum parente, Bimbim? - Perguntava-lhe outro mancebo curioso por saber as origens do personagem.</div><div style="text-align: justify;">-Conheço não! E se existe num me foi apresentado!.</div><div style="text-align: justify;">-“Mais onde você mora? Isso sim, você com certeza sabe! -, dizia outro.</div><div style="text-align: justify;">-É claro que eu sei. Eu moro lá no Catuni, bem na barriga da serra. É lá que eu tenho o meu rancho lá no sitio, onde crio as minhas galinhas poedeiras, planto as minhas hortaliças, caço preás e pesco os bagrões do são domingos... </div><div style="text-align: justify;">-Uai, espera um pouco. Então você é um homem cheio de atividades! </div><div style="text-align: justify;">-Sou!</div><div style="text-align: justify;">-E com que tempo você faz tudo isso, se passas a maior parte do dia aqui no mercado sentado nesse caixote?</div><div style="text-align: justify;">-E o sitio, é seu?</div><div style="text-align: justify;">-E porque você não traz verduras e ovos para vender aqui? Sim, porque a gente não lhe vê vendendo nada. Esse caixote está sempre vazio. Aliás, a noite, quando você não está sentado nele, ele está sempre amarrado com uma corrente naquela árvore...</div><div style="text-align: justify;">-Você pergunta muito, respondeu Bimbim, aparentando algum desconforto diante daquele bombardeio tolo, de perguntas vazias e desconexas. Mesmo assim, do alto de sua educação, inteligência e bondade, passou a comentar aqueles questionários, elegantemente.</div><div style="text-align: justify;">-Procuro aproveitar bem o tempo que Deus me deu. Concilio essas atividades as quais exerço na maioria das vezes à noite, com o prazer que sinto em ficar aqui sentado nesse caixote, falando, ouvindo e aprendendo com vocês. Não obstante muitos de vocês ainda pensarem que eu sou um louco, creio que a vida tranqüila e sossegada que levo me propicia algum equilíbrio que de certa forma, me coloca em estágio distante dessa classificação.</div><div style="text-align: justify;">Quanto ao caixote vazio e de possuir alguma coisa que eu poderia estar vendendo aqui, quero informar que não tenho tantas necessidades materiais assim. A maior necessidade que tenho hoje e que venho, para a minha felicidade, suprindo a algumas décadas, é a de estar aqui, fazendo amigos. Isso é o que mais me conforta já que durante toda a minha vida, vivi só.</div><div style="text-align: justify;">No que se refere sim, ele é meu. Comprei-o ainda na adolescência. Lá onde durmo e aqui onde falo que escolhi para passar a vida para depois morrer com dignidade. A importância da vida, caro amigo, -dizia ele ao interlocutor mais próximo-, não está em ganhar dinheiro o tempo todo, mas em saber usufruir do tempo que a vida, muito curta por sinal, nos oferece. Muitas vezes o que pode parecer loucura ou esquisitice para muitos, como o fato de eu passar, horas a fio, sentado neste caixote, em frente a este mercado, é para mim a maior das diversões e prazeres da vida. Ai você me diz: Cada louco com a sua mania. </div><div style="text-align: justify;">E eu lhe respondo:</div><div style="text-align: justify;">Quem sabe!</div><div style="text-align: justify;">É...</div><div style="text-align: justify;">Por vezes, as aparências enganam. É dizer: não julgues pelas aparências. Nem sempre elas estão com a razão.</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
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</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-67066514135943505852011-03-06T06:42:00.000-08:002011-03-06T12:44:27.679-08:00AS JOIAS DO BREJO IV – NIQUINHO FARMACÊUTICOAS JOIAS DO BREJO IV – NIQUINHO FARMACÊUTICO<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVd3u6oTLswdOC6zAffNFdwpqVVr6NUhrpjn_TcKf4PJJKZHgGMOz1cOaiYqoHSBkczst5zJDBB-cnHLxF-08y6xn43MqTGEvwUffboe7WDiHK3hddIHp_ow3btySLTf9SQdIrht0OOBy2/s1600/FRANCISCO+S%25C3%2581+06_03_11.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" l6="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVd3u6oTLswdOC6zAffNFdwpqVVr6NUhrpjn_TcKf4PJJKZHgGMOz1cOaiYqoHSBkczst5zJDBB-cnHLxF-08y6xn43MqTGEvwUffboe7WDiHK3hddIHp_ow3btySLTf9SQdIrht0OOBy2/s200/FRANCISCO+S%25C3%2581+06_03_11.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Durante muitos anos existiu na Praça da Matriz uma velha farmácia. Era a única farmácia do Brejo. Ela se localizava exatamente numa esquina a direita de quem observasse do antigo mercado. Seu proprietário era Francelino Dias, mais conhecido como França. </div><div style="text-align: justify;">No entanto, com toda certeza, o farmacêutico mais importante do velho brejo das almas, foi, sem duvida alguma, Antonio Ferreira de Oliveira, vulgo Niquinho. Homem simples e educado, polido no trato com seus semelhantes, exímio no manuseio de fórmulas medicamentosas, além de ser possuidor de vasto cabedal cultural que o permitia discorrer sobre todo e qualquer assunto no Brejo das Almas de então. </div><div style="text-align: justify;">Alto, magro, meio calvo, este gigante Brejeiro exerceu ali no brejo, várias outras posições de destaque na vida cotidiana do lugarejo, além de sua dedicada lide de farmacêutico.</div><div style="text-align: justify;">Uma de suas grandes proezas e prova cabal de indiscutível inteligência e amor a Francisco Sá, ou Brejo das Almas, foi o legado que nos deixou a todos, quando escreveu, a pedido da professora Maria de Jesus Sampaio, o hino a Francisco Sá, o qual, musicado que foi por Corinto Cunha, é até hoje o hino de nossa cidade, sendo sem qualquer sombra de dúvida, o que melhor a retrata, destaca e enaltece, perante os vários povos.</div><div style="text-align: justify;">-“Brejo das Almas, ou Francisco Sá. Igual a ti, outro não há”- é o estribilho que mais nos orgulha em qualquer parte do Mundo. Mesmo hoje, -quando sabemos que o nosso Brejo das Almas já não é mais o mesmo, guindado que fora a condição de cidade média e progressista, que seguindo um processo natural dos centros urbanos, trouxe consigo também as mazelas que corroem os mais profundos sentimentos Cristãos e humanitários, principalmente daqueles menos favorecidos pela sorte-, não conseguimos reter nossas lágrimas nem controlar a nossa emoção, ao ouvirmos tão lindo, maravilhoso e erudito hino. Nesse instante como que por encanto, vem-nos à mente a imagem de Niquinho, o grande benfeitor do brejo.</div><div style="text-align: justify;">Esposo da senhora Cândida Peres de Oliveira, pai de muitos filhos, entre eles aquela que viria mais tarde revelar ser a que mais dele herdara os traços fisionômicos e culturais, Yvonne de Oliveira Silveira, normalista desde a mais tenra idade, escritora, poetiza e outras mil atividades nas áreas do intelecto, sendo inclusive presidente da academia montes-clarense de letras, etc., a qual ainda na adolescência viria a esposar Olyntho da Silveira, também grande escritor e poeta, filho da terra e de Jacinto e Maria Luiza, além de irmão do grande Geraldo Tito.</div><div style="text-align: justify;">A vida difícil não poupa aqueles que dela tentam sobressair com força e dignidade. Com Niquinho e sua prole não foi diferente. Muito sofreu para conseguir prover sua família do sustento necessário e de uma educação esmerada. Logo cedo, para dificultar mais a sua luta, o destino abateu-se sobre a esposa da qual tivera que separar afim de que ela, em Montes Claros, seguisse tratamento de saúde, enquanto Yvonne o fazia companhia no Brejo das Almas.</div><div style="text-align: justify;">Niquinho, não obstante a inteligência muito acima da média, era homem como todos nós. E como tal, possuía, além das grandes virtudes, fraquezas naturais a todos os homens e, evidentemente, estas fraquezas quase que o levaram a derrocada ainda na juventude. Muitos eram os traumas que a vida lhes trazia numa fração muito pequena de tempo. Muitas vezes sequer havia absorvido um golpe e lá vinha outro mais forte ainda. Com isso, como disse, quase naufragou na bebida onde encontrava o falso consolo. A tempo, com a ajuda dos filhos e amigos conseguiu se livrar do vicio que no entanto, deixou-lhe algumas seqüelas que viriam cobrar-lhe a fatura mais tarde e durante a velhice.</div><div style="text-align: justify;">Por dez anos padecera de doença que viria a tirar-lhe a vida. No entanto, até mesmo nos momentos de dor que a enfermidade lhe imputava, jamais se lamentou da sorte. Nunca fez sequer qualquer lamentação ao seu destino cruel. Sofria calado, com força, coragem, paciência e resignação, virtudes estas próprias dos espíritos intelectualmente elevados que, de alguma forma, já não mais pertencem a esse mundinho. </div><div style="text-align: justify;">Em casa de Yvonne e Olyntho, que dedicados e incansáveis lhes proporcionavam todo o conforto material e espiritual em todas as horas, veladamente, deixou esta vida partindo rumo a uma outra quiçá mais justa e menos cruel para com aqueles que a ela se dedicam com pureza de alma, ternura e muito amor ao próximo.</div><div style="text-align: justify;">Assim foi, é e será Niquinho, cujo diminutivo é muito pouco para definir o quão grande foi o gigante Brejeiro Antonio Ferreira de Oliveira.</div><div style="text-align: justify;">E...</div><div style="text-align: justify;">Por vezes, os gigantes também tombam numa esquina qualquer da vida para volverem-se, numa próxima, mais gigantes ainda.</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
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</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-81856833987540783972011-02-26T07:54:00.000-08:002011-02-26T07:54:44.602-08:00AS JOIAS DO BREJO III – SEU QUINCASAS JOIAS DO BREJO III – SEU QUINCAS<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdHnye-fV8cRVu27TXq4Ni8Odrf_lAwHc7XCxawWOO4xlIBqeFU8zzZ2rvZIAnjngSY106a-DH8yGVz7Sw8FiOkagN_RNIWsHe3OySKiDNhQfWamkIYUVePcH08LIH2sWNDbkcTuPdeR6P/s1600/07_09_09+interior+da+matriz+de+francisco+s%25C3%25A1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" l6="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdHnye-fV8cRVu27TXq4Ni8Odrf_lAwHc7XCxawWOO4xlIBqeFU8zzZ2rvZIAnjngSY106a-DH8yGVz7Sw8FiOkagN_RNIWsHe3OySKiDNhQfWamkIYUVePcH08LIH2sWNDbkcTuPdeR6P/s200/07_09_09+interior+da+matriz+de+francisco+s%25C3%25A1.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Seu Quincas ao contrário de todas as “jóias do brejo” que serão aqui retratadas, não obstante ter se tornado um autentico brejeiro, não nascera no Brejo das Almas. Vivia ali há muito tempo aonde chegara ainda rapazinho, proveniente de Grão Mogol, sua terra natal.</div><div style="text-align: justify;">Em Brejo das Almas, hoje Francisco Sá, “beldade do norte de minas”, Seu Quincas, ou melhor, Joaquim Dias de Oliveira Bicalho, -era este o seu nome de batismo- tornara-se fiscal da prefeitura, tendo ocupado esta função por inúmeras vezes a qual lhe rendia 20% sobre toda a taxa de arrecadação do município. </div><div style="text-align: justify;">Exímio na arte de “riscar a binga” para acender seu cigarrinho de palha carregado pelos melhores fumos produzidos naquele torrão de meu Deus, dedicava-se nas horas vagas que, diga-se de passagem, não eram poucas, ao curandeirismo e a de contador de histórias as quais invariavelmente o tinham, quase que sempre, como o protagonista ou personagem principal, que, como todo final de histórias de super-heróis, estava ele sempre por cima.</div><div style="text-align: justify;">Mas uma dessas histórias que ele contava e que certamente era verdadeira, ratificada que era pelo vicio que ele mantinha de tomar, entre uma conversa e outra, grandes pitadas de bicarbonato e também por “dar nome aos bois”, o colocava em uma posição não muito favorável a dos super-heróis. Pelo menos nesta história ele não se saiu bem.</div><div style="text-align: justify;">Ei-la:</div><div style="text-align: justify;">Foi lá em Grão Mogol, -dizia Seu Quincas-, quando eu era rapazinho. Morrera o Vigário da Freguesia o Padre José Tiago. Um entra e sai dos diabos na casa do morto que era muito querido na cidade. Naqueles tempos era hábito e costume da Igreja de Roma que os defuntos padres fossem lavados com água dos rios que depois de usada ficava guardada em um pote de barro por sete dias quando seria lançada de volta aos rios.</div><div style="text-align: justify;">Cheguei à casa paroquial onde o Padre estava sendo velado, tinindo de fome e sede. Morávamos nos arrabaldes de Grão Mogol. Visualizei, ao longe, uma preta velha, serviçal da casa, que em gestos de desespero, com as mãos na cabeça, entrava e saia da casa rezando, em prantos compulsivos.Chorava copiosamente e entre um soluço e outro, entre uma reza e outra, resmungava: “Diabos, com tanta gente ruim pra morrer Deus me vai levá justo o sô vigáro. E adespois ainda dizem que Deus é Justo. Home bom como sô pade, nunca mais vai tê na terra!”</div><div style="text-align: justify;">Cumprimentei-a que entretida com sua dor e lamentos, sequer notara ali a minha presença. Dirigi-me a uma sala grande onde, sobre uma mesa cercada por velas em castiçais de ouro, jazia, frio e inerte, o corpo daquele que fora em vida, o benfeitor dos muitos fieis de então. À sua cabeceira, um outro padre celebrava as recomendações de praxe, para que a alma do morto encontrasse lá no além o repouso merecido. Ao seu redor, uma multidão de mulheres velhas com lenços pretos sobre as cabeças acompanhava o terço e ao final de cada ave-maria, respondiam em voz alta ameeem! Entre elas, naturalmente, muitas carpideiras, claro. Elas são partes integrantes de qualquer velório e naquela época não era diferente.</div><div style="text-align: justify;">Enquanto isso, um grupo de homens alegres pela “pinga do mogol” palestravam num canto um pouco mais distante da cerimônia. Por mais que eu tenha forçado marcar ali a minha presença, ninguém me deu atenção. Estavam todos compenetrados. Enquanto isso a sede apertava e todos nós sabemos que “quando a sede quer, ela consegue ser mais forte que a fome”. Nesse ínterim, cutuquei um daqueles gaiatos:</div><div style="text-align: justify;">- “Ancê num sabe onde é que eu acho água pra beber?. Num agüento mais de sede!”</div><div style="text-align: justify;">Antes mesmo de eu terminar a frase o gaiato, pau dágua, como se para se livrar logo de mim, apontou para um dos cantos onde pude visualizar um velho pote de barro que com certeza se encontrava o tão precioso liquido que saciaria a minha sede. Mais que depressa fui até lá. Um amassado e baboso copo de alumínio, não sei por que diabos, ali estava, ao lado do pote. Introduzi-o, desesperadamente, e só depois de haver ingerido vários copos de água, pude me ver livre daquela sede. </div><div style="text-align: justify;">Não contava com o tremendo revertério que aquele meu inocente gesto, dali a alguns instantes me causaria.</div><div style="text-align: justify;">Comecei a suar frio, enquanto a água dava voltas no estômago. Parecia não ter descido. Tinha a sensação de um grande dilúvio. O meu corpo ficou flácido. As pernas bambas e o meu cérebro não conseguia emitir nenhum sinal de comando. Sem compreender quais eram os motivos daquela reação, fui me queixar com a mesma preta velha. Para que me desse atenção, tive que dar-lhe um beliscão nas polpudas nádegas. </div><div style="text-align: justify;">- “Uai, sinhozinho. O que é que tu quer de mim?”</div><div style="text-align: justify;">- “De você eu não quero nada!”. Só gostaria que me informasse o que é que vocês colocaram naquela maldita água que está naquele pote, ali!” – disse-lhe, apontando com o indicador para o pote.</div><div style="text-align: justify;">- “Apusquê ocê está me preguntando isso? Por acaso ocê num é católico e num cunhece os rito da santa madre igreja?”. Naquele pote que ocê está me apontando é o pote que guarda as água benta que lavaram o corpo de sô pade Zé Tiago. Ela está lá para ser lançada no rio daqui a sete dias!”</div><div style="text-align: justify;">Antes que aquela preta velha concluísse aquela inesperada informação, meti os dois dedos na goela e em um só tranco expeli aquele maldito liquido do qual até hoje, como se por castigo, sinto ainda o gosto que só é amenizado quando tomo bicarbonato...</div><div style="text-align: justify;">E, num gesto mecânico, finalizava a frase metendo a mão no bornal de onde tirava mais uma pitada daquele “pó sagrado” que por alguns instantes o fazia esquecer do triste episodio vivido em tempos longínquos em sua Grão Mogol.</div><div style="text-align: justify;">É...</div><div style="text-align: justify;">Por vezes, a mesma água que os outros julgam como benta para eles, pode nos causar os mais sérios transtornos.<br />
Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-41659931617015588452011-02-19T14:22:00.000-08:002011-02-19T14:26:19.026-08:00AS JOIAS DO BREJO II – ZÉ ALVESAS JOIAS DO BREJO II – ZÉ ALVES<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbSZCXYLSCPZI7AvU8c9YbaVUzPCE_dJR3Y2gyPIXmngtvk_i9AAk5fZb1s7F7_UhE2JY2zkSbvnn24ukcOs9uru_Y4ZlRhGGV6jnj-NUFmtw-uiqJ7uBIB6t_-voK6DiszKorNmQLvCM-/s1600/MANADA+DE+GADO.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" j6="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbSZCXYLSCPZI7AvU8c9YbaVUzPCE_dJR3Y2gyPIXmngtvk_i9AAk5fZb1s7F7_UhE2JY2zkSbvnn24ukcOs9uru_Y4ZlRhGGV6jnj-NUFmtw-uiqJ7uBIB6t_-voK6DiszKorNmQLvCM-/s200/MANADA+DE+GADO.bmp" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Com várias fazendas de gado e plantações a perderem-se de vista que ocupavam quase todo o território do velho São Gonçalo do Brejo das Almas, Zé Alves foi, indubitável e incontestavelmente, o grande patriarca do lugar. A pedra fundamental do velho brejo foi fincada com muita luta, denodo e bravura, por aquele vaqueiro matuto de falar pausado, mas firme e direto. Possuía grandes manadas de gado as quais vendia, tornando-se o maior comerciante agropecuário de todo o norte das minas gerais.</div><div style="text-align: justify;">José Alves da Silveira, sim é esse seu nome completo de batismo, constituiu ali juntamente com dona Antoninha, sua dedicada e mui prendada esposa, numerosa família tendo todos os filhos, a exceção de um deles, seguido os passos do pai na lide de comprar e vender fazendas e gado de corte. Todos os filhos do velho Zé Alves eram fazendeiros, apenas Jacinto Alves da Silveira, um de seus filhos que mais tarde se encarregaria de dedicar-se de corpo e alma ao desenvolvimento de Brejo das Almas, acumulava as atribuições de fazendeiro com a vida cultural, não obstante não ter obtido em toda a existência mais que seis meses de instrução escolar. O resto da historia desse grande brejeiro todos conhecemos e será, uma vez mais, tratada a parte, já que hoje estamos nos referindo ao seu pai.</div><div style="text-align: justify;">Zé Alves viajava diariamente para fechar negócios que culminavam sempre com a compra ou venda de novas manadas de gado. Grande tino voltado para esse tipo de comércio, tornara o velho Zé Alves o homem mais rico de todo o Brejo das Almas. Praticava também nas poucas horas vagas, a caça de veados, onças e outros animais de médio porte, que abatia de cima de uma velha espera onde, com toda calma do mundo, permanecia horas e as vezes noites inteiras sobre uma arvore até que os infelizes surgissem para o fim, inexorável. </div><div style="text-align: justify;">Mineiro até a medula, caipira de formação e analfabeto por convicção, travava em suas quase sempre bem-sucedidas negociações, antes de tudo, uma verdadeira “peleja” com a Língua Pátria, deixando muitas vezes seus diálogos quase incompreensíveis aos seus interlocutores. Além disso, o velho Zé Alves era do tipo “pavio curto”. Não se utilizava de meias palavras nem mesmo quando o único interessado em fechar determinado negócio era ele próprio. Mesmo sendo mineiro, não aceitava o nosso mineirísmo. Ao contrário, combatia-o, severamente. Não aceitava desculpas ou qualquer justificativa. Tratou com ele tinha que cumprir.</div><div style="text-align: justify;">Certa vez foi realizar uma grande venda de gado de corte lá pelos lados de Ouro Preto, terra de seus ancestrais. Ao longe, ao vê-lo surgir, o fazendeiro Nico da Rosa, para o qual Zé Alves venderia a grande manada, abriu-lhe os braços gesto seguido de um grande sorriso colocando à mostra a perfeita dentição matuta coberta do mais puro ouro das gerais, cujos dentes reluziam à distancia, foi logo proferindo as palavras de boas vindas, pratica e costumes daquelas placas naquela época.</div><div style="text-align: justify;">- “Olá, compadre Zé. Sejas bem-vindo a minha humilde casa que é muito pequena, mas nós aqui estamos com o coração grande e aberto para recebê-lo!”.</div><div style="text-align: justify;">- “Uai, cumpade Nico, que diabos é isso de casa pequena e coração grande e aberto? Nóis aqui viemo a nigocio e num vamo nem entra na sua casa e quanto ao seu coração, pode fechá... Num deixa ele aberto não apusquê pode criá bichios e inframá e nois aqui num é médico. Viemo cumo eu já disse, trabaiá e no cumercio de gado num tem lugá pra frescruras. As trezentas cabeça de boi é oito contos de réis e num tem cunversa!”</div><div style="text-align: justify;">- “Calma, compadre. Nós vamos negociar, com toda certeza... mas é minha obrigação a qual exerço de muito bom grado, fazer as honras da casa oferecendo hospedagem, água e comida para o senhor e seus camaradas, até porque sabemos que a distancia entre o Brejo das Almas até Ouro Preto, onde estamos, é muito longa.</div><div style="text-align: justify;">Zé Alves, com um pé apoiado em uma trave da porteira, permanecia do lado de fora, enquanto o compadre Nico segurava a tramela do lado de dentro tencionando abrir-la.</div><div style="text-align: justify;">“A distança é longa mesmo, cumpade, mais nois está aqui. Vamos antonces entrá nas nigociação, apusque pelo qui tô vendo num vai ser fácil. O sinhô pensa qui falano bunito vai mi drobá... mais eu num vô cedê. Esse gado que eu truxe foi todo ingordado com o melhó capim colonião que já se produziu no brejo...”</div><div style="text-align: justify;">Não tinha mesmo como engatar um dialogo que não dissertasse única e tão somente sobre a compra e a venda do gado. Assim sendo, não restou a Nico da Rosa outra alternativa senão partir para o ataque.</div><div style="text-align: justify;">Mineiramente, passou a fazer disfarçados comentários no intuito de depreciar um pouco o produto para depois dar o bote e compra-lo por um valor menor.</div><div style="text-align: justify;">- “Pois é, compadre, vejo que apesar da boa qualidade de seu capim colonião, seus bois, dessa vez não estão muito gordos como os da manada que eu lhe comprei na ultima vez.”</div><div style="text-align: justify;">- “Antonces eu vou levá eles de vorta pro brejo pra engordá mais e quando eles estourá eu lhe trago!”</div><div style="text-align: justify;">- “O que é isso, compadre? Só estou lhe dizendo que os bois desta vez não estão gordos como os anteriores... é só isso!”</div><div style="text-align: justify;">- “Já entendi. Oncê quer é desvalorizá meu gado prá eu lhe vendê a preço de banana. Por isso mesmo agora eu só lhe vendo os meus bois pelo drobo. Meno de dezesseis mir conto de réis eu num vendo procê. É pegá o largá!”</div><div style="text-align: justify;">Não sei como terminou esta história mas, cá prá nós, a diferenças dos valores culturais e monetária para a venda da manada, entre ambos, era muito grande. É possível que nenhuma das partes tenha logrado êxito.</div><div style="text-align: justify;">É...</div><div style="text-align: justify;">Por vezes, como falamos no Brejo, “dois duros não levantam muros”. Ou ainda, “dois bicudos não se beijam”.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Escritor, Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-65657523763541048082011-02-05T03:58:00.000-08:002011-02-06T03:41:36.802-08:00AS JÓIAS DO BREJO I - JOSÉ DIAS PEREIRA<div style="text-align: justify;">AS JÓIAS DO BREJO I - JOSÉ DIAS PEREIRA</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTQTtWqhFkTAu8wIw3Q3SD4pLY3tBNeVncNdQYuYf8bLQ2Pldi5QV_gnERR6XrEWZj1HIVlDuUv2R1Q50qtLdIB135vuD94riiPGyigPWv1QVaXaCJ56phE5U7KCD_UNXz7T9Lo0ouqrBR/s1600/FOTO+DE+CANA+BRAVA.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" h5="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTQTtWqhFkTAu8wIw3Q3SD4pLY3tBNeVncNdQYuYf8bLQ2Pldi5QV_gnERR6XrEWZj1HIVlDuUv2R1Q50qtLdIB135vuD94riiPGyigPWv1QVaXaCJ56phE5U7KCD_UNXz7T9Lo0ouqrBR/s1600/FOTO+DE+CANA+BRAVA.bmp" /></a></div><div style="text-align: justify;">É de conhecimento de todo e qualquer brejeiro o peso que tem, ainda hoje, o sobrenome “Dias” na política e, principalmente, no desenvolvimento sócio econômico de Francisco Sá, como um todo. Não é preciso arriscar muito para afirmar que por muito pouco os “Dias” se equiparariam aos Silveira, claro, não fossem estes imbatíveis e insuperáveis. O certo é que desde que Francisco Sá, ou Brejo das Almas se entende por “gente”, os clãs “Silveira e Dias” sempre se revezaram em seu cotidiano. Chegavam mesmo, outrora, a fomentar animosidades em seus relacionamentos políticos sem qualquer prejuízo ao amistoso. Estas tradicionalíssimas famílias conseguiam ser inimigas no âmbito da política sem o ser no familiar. Casavam-se “Dias” com “Silveira” e vice-versa. As relações entre estas jóias do Brejo tinham que ser mantidas no mais alto nível com o único e mutuo objetivo de preservar o crescimento e projeção do lugar. Entre os muitos “Dias” que não obstante a minha ainda hoje “tenra idade” conheci, destacarei no episodio de hoje, sucintamente, já que seria impossível relacionar todas as ações, predicados e virtudes do aludido, alguns feitos que já naquela longínqua época demonstravam o quão visionário, arrojado e empreendedor era o nosso “cana-brava” José Dias Pereira. Não é difícil falar desse caboclo apesar do pouco ou quase nada existir a seu respeito nos livros escritos e compulsados na região. Mas é assim mesmo, a história costuma não fazer justiça àqueles que mais realizaram, apesar de que, como se verá mais adiante, o personagem de hoje, nominar algumas ruas e instituições de ensino.</div><div style="text-align: justify;">Matuto e inculto, porem educado, humano e sensível. Assim era José Dias Pereira. Grande faro para os negócios acompanhado de imensa dedicação e desprendimento. Construiu com suas próprias mãos, sem contar com herança alguma, todo o seu patrimônio que não era pouco. Dividiam suas rentáveis atividades nos campos de fazendas de criar onde se achavam infestadas de bois de corte, plantações a perderem de vista de cana de açúcar, algodão, alho, etc., casas comerciais diversificadas e muitas outras labutas que lhes auferiam merecidamente lucros astronômicos. Tudo dentro da mais pura e correta honestidade fator este do qual não abria mão. </div><div style="text-align: justify;">O homenageado de hoje tinha lá suas maneiras muito próprias, e até mesmo curiosas de colocar a sua máquina de “fazer dinheiro” para funcionar. O homenzarrão parecia não dormir, jamais. No afã de colaborar com o crescimento da região, de sua gente e, claro, seu próprio, não media esforços. De madrugada, quando o galo ainda cantava e o astro rei sequer sonhava em dar as caras, ele já saltava da cama lá em “Cana Brava” onde tinha o seu “quartel general” e de posse de uma velha e enferrujada enxada, ia de porta em porta acordar os homens da casa, previamente comprometidos com ele e sua lide. Era com prazer que se trabalhava para aquele caboclo, até porque naqueles tempos, por aquelas míseras plagas onde, com orgulho, nasci, não se havia outro meio de se ganhar a vida senão suando a camisa no calor causticante da terra vermelha. E aquele caboclo honrava o trato. Jamais passou a perna em quem quer que seja. Era difícil o despertar para o brejeiro de cana brava naqueles tempos... Qualquer desavisado que porventura pretendesse fazer corpo mole e seguir dormindo estava literalmente lascado. Já ao longe se ouvia o tilintar da pedra na velha enxada seguido de fortes gritos enquanto a plebe já se reunia à frente de seus casebres. </div><div style="text-align: justify;">O matuto, homenageado, vinha lá quase que sempre vestido com uma calça “arranca toco”, camisa feita de tecido de algodão semelhante ao que se usa no fabrico de sacos de açúcar, sobre a qual, invariavelmente, mantinha um velho e surrado jaleco de couro. Nos pés, um não menos velho e surrado par de botas de couro em cujas botas, pasmem, estivesse ele à pé ou à cavalo, estavam sempre ornamentadas com reluzentes esporas com suas serrilhas afiadíssimas. Sua maneira despojada e despreocupada de se vestir era imutável. Suas vestimentas pareciam fundir-se à sua própria personalidade. Era uma figura.</div><div style="text-align: justify;">Zeca Guida: Era esta a sua alcunha. O Zeca Guida de Canabrava ou seria a Canabrava do Guida?</div><div style="text-align: justify;">Bem isso pouco importa. O que importa mesmo é que não existia ali nenhum outro benfeitor com quem a gente necessitada pudesse contar. Era somente o Zeca Guida. </div><div style="text-align: justify;">- “Zeca, priciso cuocê me impresta uma frôr de abróba pra enviá u’a receicha qui mi deu seo dotô João Alve prá expursá bichios da barriga de Tonha”.</div><div style="text-align: justify;">Tem que traduzir: Zeca, necessito que você me empreste uma nota de mil cruzeiros para poder aviar uma receita que foi dada pelo senhor doutor João Alves à Antonia, para expelir vermes.</div><div style="text-align: justify;">- “Pois não, Carrim, (Carlinhos) manda a Tonha passá lá em casa e pegá com a Lia”. Pede prá Tonha não esquecê de alembrá Lia pra ela não esquecê de anotá pra discontá no fim do mêiz.”</div><div style="text-align: justify;">Outro, premido por suas necessidades também acorria ao benfeitor.</div><div style="text-align: justify;">- “Eu gostcharia muincho de vim trabaiá com o sinhô, mais o ganhame aqui é muincho poco!”</div><div style="text-align: justify;">- “Não tem importança, não, sô. Vá entonce trabaiá cum Erpido”. (Elpídio)</div><div style="text-align: justify;">- “Mais Erpido tamêm paga poco!”, - respondia o peão, desolado.</div><div style="text-align: justify;">- “Entonce vai lambê sabão de preda prá fazê escuma. O entonce vá esvaziá a lagoa das preda cum caxa de fosco” (esvaziar a lagoa das pedras com caixa de fóscoro).</div><div style="text-align: justify;">Enquanto isso, outro peão expressando-se em peculiar mineirismo, próprio de alguns de nós montanheses, tentava justificar sua possível ausência ao terreiro para ajudar a bater feijões. (várias pessoas se reuniam ao redor de um monte de feijão cada qual com um cambão que consiste em dois pedaços de paus presos um ao outro por um relho de couro na ponta, com os quais batiam sobre o monte de feijões).</div><div style="text-align: justify;">- “Então, ficamos assim, seu Zé (este falava bem). Eu estarei lá ás 6 horas... Mas se até as 5 horas eu não chegar é porque eu não fui!”</div><div style="text-align: justify;">- “Não. Isso num tá certo, respondia Zeca, desse jeicho só ocê ganha e ainda bangunça as minha idéias. Vamo simprificá isso: eu vô te esperá só até às 5 hora. Se até as 6 hora ocê num chegá eu vô imbora e ocê num pricisa vim mais. Pode percurar otro patrão pra trabaiá qui eu num vô mais servi ocê”.</div><div style="text-align: justify;">Era a linguagem brejeira se alinhando para romper as barreiras do entendimento. Zeca Guida, não obstante ter sido homem de poucas letras, se expressava muito bem. No entanto, muitas eram as vezes em que ele tinha que se expressar na linguagem cabocla para se fazer entender melhor. </div><div style="text-align: justify;">E...</div><div style="text-align: justify;">Por vezes, dizia Sun Tsu, “há momentos que a maior sabedoria é parecer não saber nada”.</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Escritor, Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-26534841249540239662011-01-28T14:45:00.000-08:002011-01-29T05:55:09.617-08:00SAUDADE BREJEIRA - FINAL<div style="text-align: justify;">SAUDADE BREJEIRA - FINAL</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTfCTSFmeIJOVftYg94LL0T8o9TDyArCOcW-9qbJTwZjovlYqDGE9ypTdhF9NLUZEWZyW5Q2lnah2q4x44-iXuJDzxuPhoqV5eEVkHOeuSthsk5jgUxGqsciIGtaampsHmgAKrMyeBWOBo/s1600/HOMENAGEM+A+FELICIANO+OLIVEIRA+_+DEPUTADO+REPRESENTANTE+DE+FRANCISCO+S%25C3%2581_09_7.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; height: 157px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; width: 201px;"><img border="0" height="150" s5="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTfCTSFmeIJOVftYg94LL0T8o9TDyArCOcW-9qbJTwZjovlYqDGE9ypTdhF9NLUZEWZyW5Q2lnah2q4x44-iXuJDzxuPhoqV5eEVkHOeuSthsk5jgUxGqsciIGtaampsHmgAKrMyeBWOBo/s200/HOMENAGEM+A+FELICIANO+OLIVEIRA+_+DEPUTADO+REPRESENTANTE+DE+FRANCISCO+S%25C3%2581_09_7.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Bem em frente à Igreja Matriz localizada na Praça Jacinto Alves da Silveira, em pleno centro de Francisco Sá, conversavam Feliciano Oliveira e Montalvão, ambos, candidatos aos pleitos eleitorais de um ano qualquer, bem no inicio dos anos 1960.</div><div style="text-align: justify;">O primeiro, meio alto e esguio, tez parda, careca, vestindo terno azul marinho com listras de giz, gravata borboleta - apesar do calor de deserto do Brejo das Almas de então -, e calçado com um par de botas de couro com canos longos que iam até os joelhos.</div><div style="text-align: justify;">Já o segundo personagem, baixo, loiro, olhos claros, barriga saliente, calça de brim azul batido, camisa branca amarrotada, igualmente calçando botas de canos longos, num estilo bonachão, ensaiavam o discurso que fariam, logo mais, em um comício qualquer, lá no povoado de São Geraldo.</div><div style="text-align: justify;">Eram velhas raposas da política do norte de minas, sendo o primeiro candidato à deputado federal e o outro a deputado estadual.</div><div style="text-align: justify;">Dentro da Igreja aonde ambos se encontravam defronte, o Padre Silvestre, naquele momento, já se preparava para mais uma homilia. Fiéis assomavam-se à praça, tocados em seus recônditos pela “fé que remove montanhas”. </div><div style="text-align: justify;">O Padre Silvestre, para quem não o conheceu, era um senhor alto, loiro, olhos azuis e, acreditem, muito sistemático. Diziam até que ele neste ultimo quesito conseguia superar, e muito, até mesmo o padre Salu, que todo brejeiro antigo só de ouvir falar o nome, tremia. O Padre Salu, sobre cuja personalidade difícil, já discorri neste espaço, realmente não era uma “boa ovelha”. Ranzinza, chegava muitas vezes ao extremo de expulsar as beatas de frente de seu confessionário a chutes. A molecada fugia dele. </div><div style="text-align: justify;">Pois bem, o Padre Silvestre, a quem conheci de perto, não tinha, com toda certeza o temperamento do Padre Salu. Ao contrário, era dócil, tranqüilo, falar manso e um coração bondoso. Tratava a todos com amor e elevado espírito de solidariedade. Mas então, onde é que os dois padres se pareciam tanto? Pois não, os dois se assemelhavam devido ao fato de detestarem política. </div><div style="text-align: justify;">Achavam. Achavam? Não, tinham certeza, assim como a temos nós hoje, que na política brasileira se escondem as maiores mentiras. Que o fator que fomenta a política é a mentira. E, claro, como Cristãos, e sendo a mentira um dos sete pecados capitais, eles, assim como todo e qualquer cidadão de bem, tinham mais é que abomina-la. Até ai, nenhum problema, não fossem os extremos.</div><div style="text-align: justify;">Os dois grandes expoentes da política mineira palestravam descontraída e discretamente, já no meio da pequena multidão que se formava na praça. Ambos tinham o nítido desejo, mineiramente disfarçado, de à maneira que os brejeiros se ajuntassem todos, os dois candidatos, meteriam a mão em um bornal que traziam à mão e... zás... de lá sacariam um santinho com suas fotos e números e entregariam aos pretensos eleitores.</div><div style="text-align: justify;">Mas o Padre era mesmo terrível. “Aquellos ojos verdes de mirada serena”, enxergavam mais que pirilampos do Mangal. À distancia e de relance, observava a ação dos dois, também, mineiramente. Fingia não vê-los. Os dois, por incrível que possa parecer, eram também amigos do padre Silvestre. Comungavam, ali. Mas o problema é que estavam fazendo política no lugar errado. No território do Padre. Era local sagrado. E isso ele não tolerava.</div><div style="text-align: justify;">Não demorou muito e Feliciano puxou do bornal o primeiro santinho para entregar ao fiel eleitor. Tentou entregar, mas não conseguiu. Ao esticar a mão, pasmem. Assim como num passe de mágica, adivinhem de quem foi a mão que estava estendida para receber o santinho da mão de Feliciano Oliveira?</div><div style="text-align: justify;">Sim. Foi ela mesma. Ao vivo e a cores: A mão do Padre Silvestre ali estava a tomar da mão de Feliciano o tal santinho. </div><div style="text-align: justify;">Não contente, confiscou-lhe, sob os olhares surpresos dos fieis brejeiros, o bornal, cheio de santinhos.</div><div style="text-align: justify;">Sem reagir, Feliciano, polido como sempre, mas também surpreso, apenas sorria...</div><div style="text-align: justify;">Enquanto a Montalvão, evaporou-se em meio à multidão.</div><div style="text-align: justify;">Pairam-me à mente, até hoje: jamais consegui entender como e de que maneira o Padre conseguiu levar a efeito toda esta ação, sem, sequer, proferir uma única palavra. Eu estava muito próximo e posso afirmar que ele não moveu os lábios.</div><div style="text-align: justify;">Foram muito engraçadas e hilariantes as justificativas que os dois candidatos, algum tempo depois ao desembarcarem de uma velha Rural Willys já no povoado de São Geraldo, davam aos seus eleitores:</div><div style="text-align: justify;">- “Olha pessoal. Viemos aqui falar com vocês, na condição de vossos leais e prestativos amigos de todas as horas. E todos nós sabemos muito bem que para se lembrar do rosto e da fisionomia de um amigo de verdade, aquele velho amigo que só nos faz bem, não se precisa de fotos. As nossas fotos, com toda certeza, já estão lá dentro da memória de todos vocês, nossos amigos. Mas para que não corram o risco de nos esquecerem, uma vez que a pinguinha do brejo que nós lhes oferecemos já está fazendo lá em vossas idéias, os seus efeitos, lhes informamos que o meu nome é FELICIANO OLIVEIRA. Eu sou o mais altinho e careca. Enquanto este aqui que está ao meu lado, baixinho e barrigudo, é o MONTALVÃO. Obrigado meus queridos amigos e correligionários e até a vitória nas urnas, se Deus assim o permitir!”</div><div style="text-align: justify;">É...</div><div style="text-align: justify;">Por vezes, quando não se tem a certeza necessária, é melhor abrir o jogo, sem delongas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-19263584788049057832011-01-15T06:13:00.000-08:002011-01-15T06:13:30.035-08:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ XV - UM POUCO DO DR. JOÃO ALVES EM MONTES CLAROS – 4<div style="text-align: justify;">ASSIM ERA FRANCISCO SÁ XV- UM POUCO DO DR. JOÃO ALVES EM MONTES CLAROS 4</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVRMR0dwtJcSopGlOTbVJBK0-NCxvG9xs3Cbhb-qzugLLqnGQFMNu5EMh64GStoNCH6B3oxKNNoHKfCPq7YzQiBzbpM-xj4XrsUjSOlBFlmX5jdFa1_mBu-T68oG4NgTL7s55Sr8Iy28Pn/s1600/Dr.+Jo%25C3%25A3o+Alves.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVRMR0dwtJcSopGlOTbVJBK0-NCxvG9xs3Cbhb-qzugLLqnGQFMNu5EMh64GStoNCH6B3oxKNNoHKfCPq7YzQiBzbpM-xj4XrsUjSOlBFlmX5jdFa1_mBu-T68oG4NgTL7s55Sr8Iy28Pn/s200/Dr.+Jo%25C3%25A3o+Alves.bmp" width="152" /></a></div><div style="text-align: justify;">Logo após a primeira guerra mundial, os miasmas das epidemias espalharam-se pelos quadrantes do mundo! Assemelhava-se aos anos da “peste negra” na idade média! Era a “gripe espanhola”!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em Montes Claros, a Santa Casa não cabia mais doentes! Mas o Dr. João Alves tratava deles no seu próprio lar! O povo, salvo por ele do amplexo frio da morte, ofereceu-lhe uma recordação: um relógio de ouro com uma gravação na tampa!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De o Jornal “Montes Claros”, de 10 de Abril de 1919, consta o seguinte trecho:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">“A SAGRAÇÃO DE UM BENEMÉRITO. A CIDADE DE Montes Claros manifesta ao Dr. João Alves a sua gratidão pelos inestimáveis serviços por ele prestados durante a pandemia de gripe espanhola. Oferta de uma rica jóia ao Dr. João Alves. PRIMUS INTER PARES.</div><div style="text-align: justify;">“De há muito projetava-se uma grande manifestação popular a este apostolo abnegado da caridade sertaneja, que em sua rota pela existência nada mais tem feito senão minorar a dor física, proporcionando a paz de espírito, tão necessária a luta pela existência.<br />
“Ninguém certamente, certamente a esta manifestação se tornou Maximo credor, senão o Dr. João Alves, o medico da pobreza, que não contente dos desvelos e cuidados prestados aos pobres que a ele recorrem, dá-lhes também o necessário para o alivio da dor.</div><div style="text-align: justify;">“Esta manifestação foi a apoteose dos seus incontáveis méritos. O Dr. João Alves é a figura de destaque do Norte de Minas – médico ilustre, político abalizado e dos mais temíveis, porque sabe dominar com rasgos varonis, arrebatando, empolgando, dominando o adversário, é o Presidente da Câmara Municipal de Montes Claros, o pró-homem, o eixo da política da terra que teve a ventura de o criar e que o viu crescer.</div><div style="text-align: justify;">“Ao estudarmos a personalidade política do Dr. João Alves, encontramos nele todas as virtudes do ilustre caudilho gaúcho, o eminente político que chamou-se João Gomes Pinheiro Machado. Ninguém resiste à fascinação de João Alves; bom, justo, humanitário, ele vence a golpes de modéstia, natural simplicidade de sertanejo culto, e com um sorriso hábil, político, irresistível, que é uma claridade esmagadora, domina, empolga. Político de descortínio seguro, João Alves tornou-se o árbitro da política local, o seu desejo impera, é lei; e tudo que possui, avassaladora, que entra pelos lares, em alvoradas de trabalhos e aleluias de carinhos. E porque João Alves é tudo isto? Porque tem a estima de seus pares, porque sabe amar e é amado pelos filhos, e esposa desvelada, a distinta senhora dona Tiburtina Alves, sua inseparável companheira da caridade, tipo da mulher espartana, que empunhava as armas e dizia aos filhos: “parte, ide defender vosso pai, nosso tesouro querido”.</div><div style="text-align: justify;">“Nas manifestações múltiplas, recebidas por João Alves, não podemos deixar de destacar as do Sr Major Prates Sobrinho, seu adversário político, cujos conceitos foram verdadeiros hinos ao cavalheirismo, ao mérito e ao civismo do ilustre manifestado, e será sem duvida alguma, o mediador plástico das questões do Norte de Minas."</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil. http://enoque.rodrigues.zip.net/index.html; http://twitter.com/Enoqueal</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-77564524797175707632011-01-08T06:27:00.000-08:002011-01-09T12:19:38.857-08:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ XIV - UM POUCO DO DR. JOÃO ALVES EM MONTES CLAROS - 3<div style="text-align: justify;">ASSIM ERA FRANCISCO SÁ XIV - UM POUCO DO DR. JOÃO ALVES EM MONTES CLAROS - 3</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRScd5_xdLgR-_wbGjYvKbBhyphenhyphen4_g3EXSY5z4eR-9Jab8IBw8ypmp3Dcx1_CUzEVRCp4BABGJ96e5p4yNKsbhBOHC2edTI46TQExPRU2iQ5qm7IHz_iqeVfI6zS9h_C3YBPRQ6kzAIs25XB/s1600/Dr.+Jo%25C3%25A3o+Alves.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRScd5_xdLgR-_wbGjYvKbBhyphenhyphen4_g3EXSY5z4eR-9Jab8IBw8ypmp3Dcx1_CUzEVRCp4BABGJ96e5p4yNKsbhBOHC2edTI46TQExPRU2iQ5qm7IHz_iqeVfI6zS9h_C3YBPRQ6kzAIs25XB/s200/Dr.+Jo%25C3%25A3o+Alves.bmp" width="153" /></a></div><div style="text-align: justify;">O Dr. João Alves era o santo da terra, o “Bom Samaritano”, que distribuía a ciência de curar com um simples rabisco de papel. Receita dada por aquele médico – dizia o jeca – “era como água na fervura”; o doente ficava limpo de uma vez!</div><div style="text-align: justify;">Certa ocasião, um “tabaréu” virou-se para ele, no consultório, e recitou o seu rosário de moléstias:</div><div style="text-align: justify;">- “Pois é assim, seu dotô, a Maria sente u’a pontada danada nos peito que arresponde nas costa. Daí entonces, ela cumeça numa tremedeira, lança tudo que cumeu e num agüenta mais nem u’a gata pro rabo. Eu quiria que mecê arreceitasse u’a mezinha pra ela...”</div><div style="text-align: justify;">- “Ora, Juca, nós havemos de dar um jeito na Maria. Não se incomode, pois ela ficará boa logo...” – respondeu-lhe o Dr. João Alves, carinhosamente.</div><div style="text-align: justify;">Dito assim, sentou-se frente a sua mesa de trabalhos, colocou o “pence-nez”, pegou da pena e receitou a “mezinha” para a Maria. Levantando-se todo sorridente, com aquela sua maneira muito peculiar que tanto cativava qualquer um, deu um tapinha nas costas do Juca e entregou-lhe a receita dizendo-lhe:</div><div style="text-align: justify;">- “Pode ficar tranqüilo... É só usar isto aqui. Até outro dia. Vá com Deus, Juca. Não se esqueça de me mandar noticias da Maria...”</div><div style="text-align: justify;">O Jeca, meio acanhado, virou-se para o médico:</div><div style="text-align: justify;">- “Hoje eu num tenho dinheiro pra pagar mecê...”</div><div style="text-align: justify;">- “Ora, Juca, só o que me faltava” – Exclamou o Dr. João Alves, sorridente. Quem falou aqui em dinheiro? Outro dia... Quando você puder...”</div><div style="text-align: justify;">- “Antonces, seu dotô, até mais vê. Deus qui pague mecê...”</div><div style="text-align: justify;">E lá se foi o jeca!...</div><div style="text-align: justify;">Chegando em casa, na roça que ficava em Cana Brava, pegou da receita e lembrou-se das palavras do médico: costurou o papel da receita dentro de um pedaço de pano morim, formando um “patuá”, amarrou um barbante numa das extremidades e colocou aquela “relíquia” no pescoço da Maria!</div><div style="text-align: justify;">Afirmam os próprios médicos que a sugestão tem curado muita gente pelo mundo afora: dentro de dois dias, se é que levou tudo isso, a velha Maria andava pela casa toda bendizendo a hora em que Deus se lembrara de por no mundo um medico como o Dr. João Alves!</div><div style="text-align: justify;">Quando algum parente ou amigo das redondezas se sentia febril ou desanimado, Juca levava o famoso “patuá” e recomendava-lhe:</div><div style="text-align: justify;">- “Ô cumpade, põe isso aqui no pescoço e vai vê... É tiro e queda. É remédio de sô doto João Arves...”</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De outra feita, a cidade de Montes Claros dormitava serena sob a abóbada celeste crivada de estrelas. Um tropel de cavalo, aquela hora, aproximava-se da residência do já famoso médico, arrancando fagulhas, com as ferraduras de grande rompante, no calçamento “pé de moleque” da cidade. À frente da casa, a animália parou, um homem desceu dela e amarrou o cabresto naquela arvore copada. Em seguida, bateu à porta:</div><div style="text-align: justify;">- “Dr. João Alves! Dr. João Alves””</div><div style="text-align: justify;">Daí a questão de minutos, a chave rangeu na fechadura e o médico em pessoa assomou à porta.</div><div style="text-align: justify;">- “Que deseja o senhor?” – indagou.</div><div style="text-align: justify;">- “Eu sou Antonio Ramiro, seu doutor – respondeu o desconhecido. Vim trazer uma noticia para o senhor: quando passava pelas imediações da fazenda das Canoas, notei um movimento estranho por lá. Aproximei-me. Era o coronel Marciano Alves que fora assassinado” Então, vim oferecer os meus préstimos...”</div><div style="text-align: justify;">O Dr. João Alves era também um grande psicólogo. Por isso mesmo, uma centelha de desconfiança se apoderou logo dele! E tinha razão: era o próprio Antonio Ramiro o assassino de seus pais! Ele chegara, sorrateiramente, aos arredores da casa grande. Ali devia haver muito dinheiro, pois o coronel era tido como avaro e devia ter a “burra” sempre cheia. Matou o fazendeiro e sua esposa! Diziam que jogara os cadáveres no chiqueiro de porcos! Com o grunhido medonho dos suínos, a donzela acordou, viu a cena e enlouqueceu!</div><div style="text-align: justify;">Muitos e muitos anos depois, aquela antiga donzelinha do solar do coronel Marciano Alves gritava da janela de sua casinha, mesmo ao lado da do famoso medico:</div><div style="text-align: justify;">- “João José! João José! Pega aquele malvado!”</div><div style="text-align: justify;">As carnes de seus dedos já estavam dilaceradas, apodrecidas, porque ela enrolava-os, por mania, em trapos de pano molhados em água fria!</div><div style="text-align: justify;">- “Que tem você nos dedos, Dona?” – Perguntavam-lhe os meninos que passavam em frente a sua casa em direção ao Grupo Escolar.</div><div style="text-align: justify;">- “Ah!... – gemia ela. São umas agulhas que aquele malvado enfiou nos meus dedos... Só tenho alivio molhando-os em água fria...”</div><div style="text-align: justify;">Ela fora uma moça fina e educada! De vez em quando, surpreendia a todos com uma melodia antiga, daquelas que se cantavam nos serões da família Alves!...</div><div style="text-align: justify;">Eram romances que tinham vindo de Portugal, contando os amores infortunados das castelãs...</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vejam mais em meus blogs: http://www.blogger.com/home?pli=1</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://enoque.rodrigues.zip.net/index.html">http://enoque.rodrigues.zip.net/index.html</a>; http://twitter.com/Enoqueal</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-8112179657404080042011-01-07T10:11:00.000-08:002011-01-14T14:18:53.862-08:00SAUDADE BREJEIRA - FRANCISCO SÁSAUDADE BREJEIRA<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj7jzmUinw_t0oycrhJlmi9-m0OQYJrhWV3-IZf0guATXDX6RsBWnM7lPJ6q_3lDIW0_w_FRoiKI3L7BrPcxzDxCeQ_fURQ7Pbut3e_a4p8kUViJSPCrv4mZ4ZUT0v46-qBwnbXR4FRsEW/s1600/FRANCISCO+S%25C3%2581%252C+VISTA+A%25C3%2589REA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="132" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgj7jzmUinw_t0oycrhJlmi9-m0OQYJrhWV3-IZf0guATXDX6RsBWnM7lPJ6q_3lDIW0_w_FRoiKI3L7BrPcxzDxCeQ_fURQ7Pbut3e_a4p8kUViJSPCrv4mZ4ZUT0v46-qBwnbXR4FRsEW/s200/FRANCISCO+S%25C3%2581%252C+VISTA+A%25C3%2589REA.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">O sol brilhava intensamente lá pelos altos da Serra do Catuni. Seus raios fortes ultravioleta lambiam, solenemente, a barriga da bela serra, marco de beleza sem igual que identifica as lindas paisagens do Velho Brejo das Almas, onde os muares ainda ruminavam o banquete noturno.<br />
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Eram 7 horas de uma linda manhã do inicio do mês de Setembro.<br />
Nas ruas, ainda de terra batida, o vento uivava com a intensidade de um vulcão, levantando nuvens de poeiras vermelhas, que adentravam, sem prévio convite, os pequeninos casebres de então, o brejeiro, pacato, cuidava de seus mais simples e comezinhos afazeres. Todas as pessoas já se encontravam em clima de festa. aproximavam-se as comemorações dos padroeiros do pequeno lugarejo aonde todas as almas se encontram e reverenciam. A euforia e as expectativas para os tres grandes dias de festas, afloravam-se.<br />
É a vida seguindo lentamente o seu curso. Lento e natural. Ninguém tinha pressa...<br />
No casarão, imponente e arejado, o mais importante do lugarejo, Jacinto Silveira e Maria Luiza, cuidavam da educação de sua prole. Os meninos tinham que crescer em um ambiente Cristão e saudável para seguirem seus caminhos. Geraldo Tito e Olyntho já manifestavam naquela tenra idade, suas inclinações para as letras.<br />
No vasto alpendre da sala, Jacinto confabulava com seus correligionários saboreando um cafezinho mineiro acompanhado de broas de milho, preparando-se para mais um pleito eleitoral de novembro que se avizinhava, Maria Luisa, sua doce e fiel esposa, em um dos muitos quartos da casa, dedilhava um velho piano do qual arrancava maravilhosas sinfonias de Beethoven. <br />
Enquanto isso, lá na velha Matriz do Brejo, o Padre Augusto Prudêncio se preparava para mais uma missa. Os fieis já estavam a postos, ávidos pelos seus sermões.<br />
Na lagoa das pedras, com suas águas claras e cristalinas de um azul que refletia tal qual espelho as imagens das arvores e bovinos, peixes, marrecos, marrecos, ariris e patos nadavam, despreocupadamente.<br />
Nos dois riachos as lavadeiras cantarolavam musicas nativas do lugar enquanto ensaboavam suas roupas antes de batê-las sobre uma pedra, no instante em que seus maridos desciam a Serra do Mocó, retornando de mais uma cansativa e frustrada noite de caça aos tatus. Eles não tinham a mesma sorte do lendário “Zé Tatu”, o antigo e o mais bem sucedido caçador desse espécime do Brejo. Ele tinha coleções intermináveis de cascos para confirmar a veracidade de seu sucesso neste tipo de caça.<br />
Em Lagoa Seca, Rosalino cuidava de seu gado. Muito leite para tirar. Muitas vacas com suas crias amarradas as pernas e muitas outras prenhes.<br />
Olympio Dias palestrava com seu grande amigo e correligionário Deputado Camilo Prates, sobre as pretensões de seu filho Alfredo Dias em ingressar no mundo da política. Sonho frustrado pela vida boemia interrompido que fora com sua morte, inconseqüente.<br />
Lolô do Mangal, baixinho e barrigudo, feio de dar dó, preparava-se para praticar mais uma boa ação. Era feio somente por fora, pois dentro daquele peito rudimentar pulsava o mais bondoso coração do brejo. Ajudava a todos, indistintamente.<br />
Lá em Cana-Brava, ás 5 horas da manhã, José Dias Pereira, o Zeca Guida, batia numa velha enxada à guisa de sirene, com seu vozeirão inconfundível, acordava os homens para mais um dia de trabalho: vamos trabalhar, vagabundos...rapadura é doce mais não é mole. Aqui tem que se comer o couro para se cagar correias. Grande Zeca. Matuto. Rico e bem sucedido, mas enérgico, complacente e caridoso.<br />
Alheios a vida brejeira, até então, pois viviam em outro distrito que naquela época não pertencia ao Município de Brejo das Almas, cresciam robustos, na Fazenda Brejo de Santo André, em um lar farto e culto, os meninos Francisco e Alfredo Sá, que futuramente, com toda elegância, humildade e impar sabedoria, se encarregariam de levar aos quatro cantos do Planeta, o nome daquele torrãozinho, até então esquecido lá nos cafundós do Norte Mineiro, tornando-o conhecido e respeitado, dando-lhe o lugar de destaque de há muito merecedor. Não é sem motivos que hoje, ou desde 1938, a antiga Cidade de Brejo das Almas, leva, com todo o mérito, o nome de um destes dois grandes Brasileiros: Francisco Sá. Se bem que ainda nos dias atuais, pairam sérias e oportunas controvérsias, sendo que uma delas, na minha pobre visão de “brejeiro autentico” é a de que não seria o caso de ter dado ao lugar o nome de quem lá viveu, lutou e morreu? De quem, possuindo, legalmente, como propriedades suas quase todas as terras onde se localizava o velho Brejo das Almas, desprovido de qualquer avareza mas dotado de grande desprendimento, desapego as coisas materiais e sentimento Cristão e Patriótico, abriu mão de tudo isso pelo simples sonho de ver sua terra e sua gente independentes e emancipados? Que em luta empedernida na qual entrou rico e saiu pobre, deu o sangue e sacrificou a própria vida? Que no afã de conseguir com que o lugarejo de Brejo das Almas se transformasse em Município construiu por sua própria conta e com dinheiro do seu bolso os prédios que o habilitaria ao pleito de Município? <br />
Pois é. Esse sujeito, cuja história tenho a honra de conhecer de cor e salteado, é Jacinto Alves da Silveira, marido da Dona Maria Luisa Araujo Silveira, pais dos meninos Geraldo Tito e Olyntho Silveira e sogros de Zezé e Yvonne de Oliveira Silveira.<br />
Então, ficamos assim: Jacinto Silveira é o cara...<br />
E tenho dito!<br />
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Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.<br />
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</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-52303136839651509422011-01-01T06:41:00.000-08:002011-01-01T06:41:20.435-08:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ XIII - UM POUCO DO DR. JOÃO ALVES EM MONTES CLAROS 2.ASSIM ERA FRANCISCO SÁ XIII -UM POUCO DO DR. JOÃO ALVES EM MONTES CLAROS 2<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv6S-viU28Pg4ZuxOJ0JaL4h4ppezN1YPi_WA2PIKPUFFnlepouzXQXWLY-15x5PKze5ENQohFVubruy4CcL9x4McWOLlMfEML8BfMDFDVbTnm6Yp9OFnsHOUbKG8HpcKfPqrkhdm7euQh/s1600/Dr.+Jo%25C3%25A3o+Alves.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv6S-viU28Pg4ZuxOJ0JaL4h4ppezN1YPi_WA2PIKPUFFnlepouzXQXWLY-15x5PKze5ENQohFVubruy4CcL9x4McWOLlMfEML8BfMDFDVbTnm6Yp9OFnsHOUbKG8HpcKfPqrkhdm7euQh/s200/Dr.+Jo%25C3%25A3o+Alves.bmp" width="153" /></a></div><div style="text-align: justify;">No mesmo Jornal “Folha do Norte”, em seu número de 27 de Julho do ano de 1930, cujo periódico era naquela época publicado em Montes Claros e distribuído para toda a região do norte das Minas Gerais, viam-se os seguintes artigos:</div><div style="text-align: justify;">“Estão sendo, afinal, vitoriosos no Supremo Tribunal todos os pontos de vista sustentados pelo “O Jornal” e o “Diário da Noite” a propósito de Montes Claros. Os juízes que votaram até agora no conflito de jurisdição provocado em virtude de presença inepta de um procurador da Republica no inquérito policial instaurado pelo governo de Minas, todos dois já opinaram que não se trata de crime político. A justiça se acha diante de um delito comum submetido à jurisdição da autoridade judiciária local. Vemos desse modo, posta em cheque a palavra do presidente da Republica, que na mensagem enviada a 3 de maio ultimo ao Congresso, teve a impávida coragem de classificar como político a reação ao autonomistas de Montes Claros às provocações feitas pelo governo federal ao brio, ao pudor e ao caráter altivo dos mineiros.</div><div style="text-align: justify;">“Quando ocorreram os deploráveis acontecimentos de Montes Claros, frisamos desde a primeira hora que o pais assistia ao gesto de desespero de uma coletividade, nos derradeiros transes da paciência e do espírito de sacrifício. O que a tolerância mineira contemporizou com a insolência desabusada do Sr. Washington Luiz e dos seus instrumentos covardes, só poderá ser bem compreendido examinando-se friamente a explosão de Montes Claros. O trágico morticínio que ali se verificou foi como uma válvula de escapamento da pressão formidável da temperatura mineira, contra homens como os senhores Washington Luiz, Carvalho de Brito e Melo Viana, que todo o dia procuravam um pretexto novo para enxovalhar a dignidade da gente altiva de Minas Gerais.</div><div style="text-align: justify;">“Uma bomba lançada por um imprudente da caravana do Prestes, à porta da casa do Sr. João Alves, foi o estopim que ateou fogo na dinamite. Os líderes da provocação à bravura mineira saíram, graças a Deus, com vida para que a Nação evidenciasse a mistura de que era feito o caráter desses cidadãos que o Sr. Washington Luiz adquiriu para com eles ter a veleidade pueril de intimidar o liberalismo montanhês. Face a face dos autonomistas intrépidos de Montes Claros, todos eles exacerbada pelas agressões do poder federal às liberdades publicas de sua terra, - os líderes da causa do mandonismo do presidente da Republica, em Minas, não tiveram sequer coragem de enfrentar as escopetas das suas vitimas, decididas à revanche pessoal, corpo a corpo. Os senhores, Brito, Melo Viana e outros próceres concentristas receberam o contra-golpe dos autonomistas de Montes Claros de ventres colados ao solo, pálidos de susto para serem pisados, machucados pela sua caravana em debandada, a fugir estrada afora, como folhas secas varridas pelo vendaval.</div><div style="text-align: justify;">“Montes Claros fixa no momento culminante da consciência brasileira.</div><div style="text-align: justify;">“As palavras do juiz Artur Ribeiro são o mais tremendo libelo que poderia ouvir o presidente da Republica, a propósito daquela frase pernóstica “tocaia de bugres”, com que quis ele classificar Montes Claros. Insistiu o Sr. Artur Ribeiro no que sempre aqui dissemos: foi o sentimento da autonomia individual e coletiva que ditou aquele ato de desespero. Tenhamos coragem de pegar pela gola do casado e apontar à Nação o único responsável pela chacina verificada naquele reduto das liberdades mineiras. É o Presidente da Republica a quem o voto do Supremo Tribunal irá colocar, desta vez, em triste e miserável postura”</div><div style="text-align: justify;">(Assinado) Assis Chateaubriand”</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Breve, na medida do possível darei seqüência a historia de vida desse grande Brasileiro, que nasceu e viveu com grande galhardia no norte das Minas Gerais e que tanto fez por Montes Claros, Francisco Sá e toda região.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vejam mais em meus blogs: <a href="http://www.blogger.com/home?pli=1">http://www.blogger.com/home?pli=1</a><br />
<a href="http://enoque.rodrigues.zip.net/index.html">http://enoque.rodrigues.zip.net/index.html</a>; <a href="http://twitter.com/Enoqueal">http://twitter.com/Enoqueal</a></div><div style="text-align: justify;"><br />
Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-13841619155107707402010-12-27T08:37:00.000-08:002010-12-27T16:34:49.925-08:00MENSAGENS DE OTIMISMO PARA 2011MENSAGENS DE OTIMISMO PARA 2011<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcwegR-Mkx60xPVbz0FS_Kdb-Q-SqwcPm6s7hD6_PR9Jp9cFO1Qsafgx9_2S82YFhFeXWQSATLzQVJ-4Un_2U88eox97TTY4a6w91YzGW8vTTh7kxJxfCB4jJhKzCQToAWsY_QB4ApDdhyphenhyphen/s1600/ENOQUE+E+TERESA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcwegR-Mkx60xPVbz0FS_Kdb-Q-SqwcPm6s7hD6_PR9Jp9cFO1Qsafgx9_2S82YFhFeXWQSATLzQVJ-4Un_2U88eox97TTY4a6w91YzGW8vTTh7kxJxfCB4jJhKzCQToAWsY_QB4ApDdhyphenhyphen/s200/ENOQUE+E+TERESA.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Eu juntamente com a grande paixão da minha vida, a Dona Teresa, Anjo de Luz e Bondade, que comigo está e sempre esteve há mais de trinta anos.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Neste final de ano quero desejar de coração a todos os meus amigos e leitores os mais sinceros e profundos votos de fé, perseverança e muito otimismo. Saibam meus queridos, que a mola propulsora que faz as coisas acontecerem não se restringe somente ao ato do fazer, mas, principalmente, ao ato de ACREDITAR. Acreditar é fé. É OTIMISMO. Creiam-me feliz com o sucesso de todos vocês. ACREDITEM. Seguem abaixo algumas frases de otimismo para vocês. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">FELIZ 2011 MEUS AMIGOS!!!</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><u><strong>VINTE E CINCO FRASES DE OTIMISMO PARA VOCÊ MEDITAR:</strong></u></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">1. "O pior naufrágio é daquele que não saiu do porto"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">2. "Só a vida vivida para os outros vale a pena ser vivida"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">3. "De tropeços e vitórias e quedas se constrói a experiência"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">4. "Acima do homem que salta, Há o homem que voa"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">5. "Dói fracassar, mais doloroso ainda é nunca tentar acertar"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">6. "Uma pessoa fechada jamais abrirá seus horizontes"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">7. "Onde existe fé, sempre brilha a esperança"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">8. "Os ventos e as ondas estão sempre do lado dos navegadores mais competentes"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">9. "O rio atinge seus objetivos, porque aprendeu a contornar obstáculos"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">10. "É muito bom ser importante, mas importante mesmo é ser Bom</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">11. "Creia naquele que tentou"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">12."Todo homem tem um vazio do tamanho de Deus"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">13."Dentro de cada pessoa existe uma grande sede de felicidade e propósito de vida"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">14."É fácil estar sentado observando o que é difícil é levantar-se e agir"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">15. Freqüentemente , a melhor maneira de vencer é esquecer de registrar os resultados"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">16. "Nem sempre convém virarmos a página, pôr vezes é preciso rasgá-la"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">17."Há coisa que nunca voltam atrás: a flecha lançada,</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">a palavra pronunciada e a oportunidade perdida"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">18."É quando fugimos que estamos mais sujeitos a tropeçar"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">19."Tente ser mais simpático do que o necessário"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">20."É muito melhor Ter esperanças que não Ter"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">21. "As pessoas querem aprender a nadar e Ter um pé no chão ao mesmo tempo"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">22."Até agora as coisas aconteceram a você, desta data em diante </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">faça com que você aconteça as coisas"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">23."Cada dificuldade encerra uma vantagem; cada problema oculta uma solução"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">24."Na batalha da vida só vencem os fortes e um homem forte sempre determina o seu destino"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">25."Só é vencido aquele que admite a si mesmo que está derrotado"</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-45990776208013767912010-12-23T04:58:00.000-08:002010-12-23T04:58:57.223-08:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ XII - UM POUCO DO DR. JOÃO ALVES EM MONTES CLAROS 1ASSIM ERA FRANCISCO SÁ XII - UM POUCO DO DR. JOÃO ALVES EM MONTES CLAROS 1<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9dvtnjjRwM6qz6q8BbkvdNNO60Rgu8zM-kiTtPLohG0CJVFABaABbAktwQmt9kZOJFltAZOjCcikxm_XTL6Y-ZRmH04B6dAb0zD0jn4HS5y3bRehArQXOESXzqfdytKdiGWi8EKf2LEQZ/s1600/Dr.+Jo%25C3%25A3o+Alves.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; height: 218px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; width: 154px;"><img border="0" height="200" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9dvtnjjRwM6qz6q8BbkvdNNO60Rgu8zM-kiTtPLohG0CJVFABaABbAktwQmt9kZOJFltAZOjCcikxm_XTL6Y-ZRmH04B6dAb0zD0jn4HS5y3bRehArQXOESXzqfdytKdiGWi8EKf2LEQZ/s200/Dr.+Jo%25C3%25A3o+Alves.bmp" width="153" /></a></div><div style="text-align: justify;">Corria o ano de 1930.</div><div style="text-align: justify;">O estopim da revolução continuava fumegando com a mesma chama ateada em Montes Claros, na Praça Dr. João Alves.</div><div style="text-align: justify;">Não discorrerei aqui sobre os lamentáveis acontecimentos havidos naquela noite fatídica de 6 de fevereiro, resumindo-me apenas a transcrever alguns artigos de jornais da época, com referência ao ambiente de simpatia que cercava o famoso médico.</div><div style="text-align: justify;">Para os leitores da nova geração, que talvez desconheçam o fato, farei um pequeno retrospecto ao ano da revolução, levando-os até o centro da grande cidade sertaneja, de modo que se possam inteirar do ambiente que ali reinava no dia 6 de fevereiro de 1930.</div><div style="text-align: justify;">A cidade achava-se dividida em duas grandes facções políticas, uma ao lado da “Aliança Liberal” e a outra com a “Concentração Conservadora”, ambas a espera de que o seu candidato saísse vitorioso.</div><div style="text-align: justify;">No mês de fevereiro, esperava-se na cidade uma caravana política, composta dos homens de proa da “Concentração”, com o fim, diziam, de se oporem ao candidato que sucederia naquele ano ao grande Presidente Antonio Carlos.</div><div style="text-align: justify;">A caravana desembarcou à noite, tendo sido recebida com grandes manifestações. Da praça da Estação, desceu rumo ao centro da cidade, passando, porém, pela praça Dr. João Alves, cuja residência se achava iluminada e repleta de amigos seus.</div><div style="text-align: justify;">Ao passar a caravana em frente à residência do ilustre médico, alguém ateou fogo no estopim que incendiaria toda aquela massa humana que se movia ás acotoveladas, atirando uma bomba no Dr. João José Alves.</div><div style="text-align: justify;">A esse ato impensado, que por certo nunca ocorrera às pessoas de bom senso que dirigiam a política da “Concentração Conservadora”, seguiu-se um tiroteio de conseqüências lamentáveis, nele falecendo correligionários de ambos os lados, não falando naqueles que se tornaram vitimas inocentes da grande tragédia!</div><div style="text-align: justify;">Como o Governo Central fosse o mentor da oposição que se fazia no Estado ao Governo do Presidente Antonio Carlos, a cidade foi transformada em grande praça de guerra, principalmente com o intuito de coagir as autoridades que formavam o volumoso processo em que se achavam envolvidos o próprio Dr. João Alves e vários dos seus amigos.</div><div style="text-align: justify;">A imprensa do País, ávida de sensações, dirigida por inimigos da Capital Federal, lançava a peçonha na pessoa de D. Tiburtina, tornando-a desse modo conhecida até no estrangeiro, como o protótipo da mulher cognominada “Paraíba”!</div><div style="text-align: justify;">A “Folha do Norte”, jornal que se editava em Montes Claros naquela época, lançando-se ao centro da grande arena, aonde se procurava colocar em holocausto o ilustre medico e sua família, escreveu no seu numero de 15 de junho daquele ano de 1930 o seguinte artigo:</div><div style="text-align: justify;">“O Sr. Dr. João Alves deve estar satisfeito, intimamente satisfeito, com o ambiente de simpatia que se formou em torno de sua pessoa, após os sombrios dias que precederam o 6 de fevereiro deste ano, data fatídica para a nossa cidade, que assistiu estarrecida o desenrolar em suas vias publicas de um conflito sangrento, onde foram ceifadas tantas vidas preciosas e, mais do que isso, inocentes.</div><div style="text-align: justify;">“A malta de indivíduos famélicos de um falso congresso econômico, exploração política do mais baixo calão, desembarcando nesta terra tradicionalmente hospitaleira e acolhedora, provocou a carnificina que tanto deu que falar ao mundo civilizado.</div><div style="text-align: justify;">“Desse ajuntamento fatídico, local e adventício, entretanto, ninguém pagou o crime nefando, saindo todos os culpados ilesos, quando pessoas simples, ignorantes do perigo, foram sacrificadas em holocausto à sanha de um Carvalho Brito e asseclas.</div><div style="text-align: justify;">“A cidade sentiu-se horrorizada e cada um de seus habitantes procurou isolar-se o mais que pode da hecatombe.</div><div style="text-align: justify;">“Os partidários do britismo, entretanto, menos humanos, ao invés de lastimar o ocorrido com o sentimento e dignidade, começaram a explora-lo, dirigindo-se a carga de sua metralha contra um homem que era preciso exterminar, por constituir o maior obstáculo local à consumação de suas idéias dissolventes.</div><div style="text-align: justify;">“Foi o Dr. João Alves, que se viu por uma ironia, envolvido no conflito, justamente ele que, como ponderou o nosso iminente prelado, Bispo de Montes Claros, tem tanto zelado a vida alheia, com o sacrifício da sua própria.</div><div style="text-align: justify;">“Mas a metralha adversária, em tiroteio cerrado, fez dele seu alvo, empregando cartuchame carregado de indignidade, mas sempre de festim, por não produzir os efeitos desejados.</div><div style="text-align: justify;">“Figura única sobre quem recaiam os ódios, responsável argüido para o acontecimento, de que calculadamente fugiram os seus provocadores, num ambiente de sobressaltos pelo acumpliciamento do governo federal, o Dr. João Alves manteve-se firme na posição de quem estava tranqüilo com a sua consciência, não fraquejando um só instante, fortalecido por um predicado que nunca o abandonou: a virtude.</div><div style="text-align: justify;">“Hoje, serenado o ambiente, afastada a ameaça que a quase todos atemorizou, a ponto de alguns terem desertado momentaneamente do convívio do velho companheiro, a sua figura aparece ainda maior, cercada de veneração pública, que nele vê não um ferrabrás sanguinolento, mas um espírito aureolado pelas qualidades que sempre o distinguiram, de virtude pública e privada.</div><div style="text-align: justify;">“O protesto coletivo que inserimos noutra página é uma confirmação disso e vale por uma consagração significativa da individualidade que já nos deu tanto e de quem ainda esperamos muito”.</div><div style="text-align: justify;">Breve, na medida do possível darei seqüência a historia de vida desse grande Brasileiro, que nasceu e viveu com grande galhardia no norte das Minas Gerais e que tanto fez por Montes Claros, Francisco Sá e toda região.</div><div style="text-align: justify;">Vejam mais em meus blogs: <a href="http://www.blogger.com/home?pli=1">http://www.blogger.com/home?pli=1</a></div><div style="text-align: justify;"><a href="http://enoque.rodrigues.zip.net/index.html">http://enoque.rodrigues.zip.net/index.html</a>; <a href="http://twitter.com/Enoqueal">http://twitter.com/Enoqueal</a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-76213135413095746742010-12-11T08:22:00.000-08:002010-12-11T08:23:29.218-08:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ XI – A PRIMEIRA USINA DE LUZ. OS AVANÇOS DO BREJO...ASSIM ERA FRANCISCO SÁ XI – A PRIMEIRA USINA DE LUZ. OS AVANÇOS DO BREJO...<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh184uh7ldRC7Ab7yeyHah_jy7GYVuE90JwMSEsyZjX2erGuKaCK3mBWvdmQb3YaduvwlmZZ8M-90gNwzKS4kKpIt0qQeRtkg7WGtEC5HjCc2M4uoOaZ9B7ofQyLglc2ibAqJ9A6fi3c0p1/s1600/CAMARA+MUNICIPAL+DE+FRANCISCO+SA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" n4="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh184uh7ldRC7Ab7yeyHah_jy7GYVuE90JwMSEsyZjX2erGuKaCK3mBWvdmQb3YaduvwlmZZ8M-90gNwzKS4kKpIt0qQeRtkg7WGtEC5HjCc2M4uoOaZ9B7ofQyLglc2ibAqJ9A6fi3c0p1/s200/CAMARA+MUNICIPAL+DE+FRANCISCO+SA.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Foi durante a administração do Dr. Artur Jardim, frente a Prefeitura de Francisco Sá, que se construiu a primeira usina de luz elétrica, ainda que a titulo precário, porquanto se tratava de uma usina a vapor, movida a lenha.</div><div style="text-align: justify;">Ainda que em “A Gazeta do Norte”, numero de 2 de dezembro de 1939, é que se vê a noticia das festividades de toda aquela limitada população brejeira em grande regozijo por tão auspicioso e esperado evento. Diz o Jornal:</div><div style="text-align: justify;">“Conforme noticiamos, realizaram-se no domingo e segunda-feira ultima as solenidades da inauguração da luz elétrica de Francisco Sá, notável empreendimento com que a operosa administração do Dr. Artur Jardim, ilustre prefeito daquele município, acaba de dota-lo.</div><div style="text-align: justify;">Às 6 horas da tarde de domingo teve lugar a grande manifestação popular ao Dr. Artur Jardim, tendo falado a gentil senhorita Geralda de Lourdes Silveira, pelo Grupo Escolar, professora Salvina Miranda, pelas Escolas Municipais o Dr. Edgard Silveira, pelas classes conservadoras do município e o Farmacêutico Ferreira de Oliveira, em nome da Sociedade de Francisco Sá.</div><div style="text-align: justify;">O Dr. Artur Jardim, em excelente discurso, agradeceu as homenagens, sendo improvisado em seguida animado baile que decorreu até as primeiras horas do dia.</div><div style="text-align: justify;">No dia seguinte, lá pelas 6 horas da manhã, hasteou-se o Pavilhão Nacional em frente a Prefeitura e as 9 horas celebrou-se a Missa Campal no local da usina e bênçãos solenes da mesma.</div><div style="text-align: justify;">Às 12 horas, na aprazível chácara do Dr. Francelino Dias, teve lugar o churrasco oferecido à Sociedade pelo prefeito do município. Essa festa realizou-se num ambiente de grande alegria e cordialidade, sendo o prefeito Artur Jardim saudado pelo Sr. Olyntho Silveira, cujo discurso publicamos abaixo. </div><div style="text-align: justify;">O Dr. Artur Jardim agradeceu as aplaudidas palavras, sendo ainda ouvidos outros oradores.</div><div style="text-align: justify;">Ás 16 horas teve lugar a inauguração da usina, tendo o Dr. Artut Jardim proferido magnífico discurso que abaixo publicamos. Falaram também o Dr. Antonio Teixeira, prefeito de Montes Claros e o Sr. Olyntho Silveira, cujos discursos foram bastante aplaudidos.</div><div style="text-align: justify;">Ás 22 horas teve lugar o grande baile nos salões do Grupo Escolar, tendo comparecido ao mesmo os elementos mais representativos da Sociedade de Francisco Sá e numerosos visitantes, tendo as danças, ao som de excelente orquestra decorrido com grande animação até as primeiras horas da manhã.</div><div style="text-align: justify;">Aos presentes, serviram-se finas bebidas e doces em artísticas mesinhas, cujos doces eram fabricados na região.</div><div style="text-align: justify;">Sucedendo ao prefeito Artur Jardim de Castro Gomes, outros cidadãos estiveram à frente da prefeitura municipal de Francisco Sá. Um deles, o Dr. Antonio Tenório, nomeado em virtude dos desmandos que imperavam naquela época, fez do tempo em que governou o município uma verdadeira noite de calmaria, recordando, por certo, o período que a civilização atravessava na idade média, ao qual foi chamado de “a noite de mil anos...”.</div><div style="text-align: justify;">Com a verdadeira corrida de interventores no Estado, outra administração atravessou o município, como verdadeiro relâmpago que singra o espaço, motivo por que nada temos que dela anotar.</div><div style="text-align: justify;">Depois, foi nomeado o Sr. Benjamin Marinho Figueiredo, que deu inicio ao serviço de abastecimento de água e saneamento básico da Cidadezinha de Francisco Sá, ou melhor, o velho Brejo das Almas.</div><div style="text-align: justify;">Dez anos depois, ou seja, no ano de 1949, a cidade de Francisco Sá rejubilava-se com a inauguração do serviço permanente de luz elétrica, cuja energia era fornecida pela usina de Santa Marta, a mesma que abastecia a Cidade de Montes Claros. </div><div style="text-align: justify;">Esse grande melhoramento se deu assim como outros incontáveis avanços, durante a administração do inesquecível prefeito eleito pelo povo, Dr. Feliciano Oliveira.</div><div style="text-align: justify;">Para que fique anotado como parte da história do município, transcreverei o convite que a municipalidade fez, na época, ao povo de Francisco Sá e aos municípios vizinhos:</div><div style="text-align: justify;">CONVITE: A municipalidade de Francisco Sá tem a satisfação de convidar Vossa Senhoria e Digníssima família para os festejos do próximo dia 7 de setembro.</div><div style="text-align: justify;">Francisco Sá, 24 de Agosto de 1949. ASSINADO: Feliciano Oliveira – Prefeito.</div><div style="text-align: justify;">Na seqüência vinha a programação a ser realizada nas comemorações.</div><div style="text-align: justify;">Belos tempos aqueles...</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-51166723546348232102010-11-28T04:56:00.000-08:002010-11-28T05:41:02.452-08:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ X – AS ÁGUAS DO GORUTUBAASSIM ERA FRANCISCO SÁ X – AS ÁGUAS DO GORUTUBA<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguqwn0xjdpwsHksvfP9kBJTarKWe2Q1ayyVRQCYats0hZQZvZ7LuMEnCoeSJLYscLqQDbTtNdDnBXcPMWYjULkmUCmJvo3lZLzEjQu6ZKCw7OVK5nbeTDnm_apOsE0qCygWlvK_gMyb1Ha/s1600/rio+gorutuba+2.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="147" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguqwn0xjdpwsHksvfP9kBJTarKWe2Q1ayyVRQCYats0hZQZvZ7LuMEnCoeSJLYscLqQDbTtNdDnBXcPMWYjULkmUCmJvo3lZLzEjQu6ZKCw7OVK5nbeTDnm_apOsE0qCygWlvK_gMyb1Ha/s200/rio+gorutuba+2.bmp" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Belos tempos aqueles quando juntamente com uma grande turma de moleques todos de uma mesma faixa etária, saiamos para nos divertirmos às margens do velho rio gorutuba, que nasce em Francisco Sá, antigo Brejo das Almas.</div><div style="text-align: justify;">Ao contrário de seu lastimável estado atual devido a vários fatores negativos como a pesca predatória, lançamento de resíduos e esgotos em seu belo leito, assoreamento, ausência de matas ciliares em suas margens, naquela época podia se dizer que o rio gorutuba era o principal atrativo que havia em Francisco Sá. Famílias inteiras se dirigiam para lá a cada final de semana, para nadarem em suas límpidas águas, ou simplesmente para observarem suas quedas dágua e o vai-e-vem das lavadeiras ao seu redor.</div><div style="text-align: justify;">O rio gorutuba banha várias cidades do norte das Minas Gerais, e seu caudaloso curso de águas ainda desperta muitas atenções até mesmo aos menos observadores. Talvez, quem sabe, pelo simples fato de possuir suas nascentes dentro do município de Francisco Sá, “beldade do norte de Minas”, seja ele tão belo assim.</div><div style="text-align: justify;">Piscoso nos tempos de antanho, restam hoje poucas atrações neste setor. Mas ainda continua belo e faceiro. </div><div style="text-align: justify;">Muitos cronistas residentes em cidades banhadas pelo gorutuba ao norte das Gerais como Porteirinha, Janaúba e adjascências descrevem-no como um rio em processo de decomposição e com plena carência de revitalizações urgentes. Pura verdade. O processo de degradação do gorutuba foi tão vertiginoso que hoje, mesmo com todo otimismo que possamos ter, é muito difícil recupera-lo. Certo está que jamais voltará a ter a mesma beleza e salubridade de seus tempos áureos. Faz-se, no entanto, indispensável que as autoridades constituídas iniciem, imediatamente, trabalhos sérios com estes objetivos. Caso contrário pouco ou quase nada restará deste que foi o mais lindo rio do norte das gerais senão um triste e melancólico filete de águas turvas e sem vida a deslizarem-se, lentamente, pelos descambados do sertão das Alterosas na esperança de que um dia, quem sabe, volver-se mar. Com muitos espécimes e piscicultura abundante, com águas de um azul cristalino, porém salgadas. Bem, nesse caso, então, será qualquer outra coisa, menos o velho rio gorutuba de nossos sonhos e encantos pueris, que muitas e distantes infâncias embalaram ao som da cantilena formosa de suas águas e do tilintar de seus outrora incontáveis monjolos.</div><div style="text-align: justify;">É...</div><div style="text-align: justify;">Por vezes, não há nada que a ação do tempo e do homem não consiga destruir.</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;">Para me dedicar a revisão de meu próximo livro peço vênia aos meus queridos leitores para diminuir a freqüência de minhas crônicas até finaliza-lo. </div><div style="text-align: justify;">Obrigado</div><div style="text-align: justify;">Um grande abraço, brejeiros.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><br />
<div align="justify"></div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-35211477802156029522010-11-21T05:43:00.000-08:002010-11-21T05:43:45.786-08:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ IX – MULHER BREJEIRA FINAL<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div style="text-align: justify;">ASSIM ERA FRANCISCO SÁ IX – MULHER BREJEIRA FINAL</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUu5LpaAJ9FSwwm20rJOZFisuH_fn15su9FjxLVEbf2Tt-lk637v_6Uk1Ev_3eXkWvW8bgCg7ICP9b0hEuHJZvSvNVdiFGVqI_0T4aMEqa56jJlOhX6Vv0v29JYnDYLlI3HwaOCfkGBTAN/s1600/cleopatra+2.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUu5LpaAJ9FSwwm20rJOZFisuH_fn15su9FjxLVEbf2Tt-lk637v_6Uk1Ev_3eXkWvW8bgCg7ICP9b0hEuHJZvSvNVdiFGVqI_0T4aMEqa56jJlOhX6Vv0v29JYnDYLlI3HwaOCfkGBTAN/s200/cleopatra+2.bmp" width="157" /></a></div><div style="text-align: justify;">Voz baixa, falar pausado como quase todo mineiro, olhar faceiro e discreto. São alguns dos muitos traços que personificam e eternizam a beleza da mulher brejeira.</div><div style="text-align: justify;">Maria Quitéria Rodrigues, sobre quem me referia na crônica anterior, traduzia perfeitamente todos estes atributos e virtudes.<br />
Duas semanas após nosso primeiro e desastrado encontro, fui até a casa de sua tia Luiza para me despedir, pois estava de viagem para São Paulo, onde fixaria residência.</div><div style="text-align: justify;">- Bom dia, Quitéria. Como vai?</div><div style="text-align: justify;">- Bom dia, Noquinho. Tudo bem! E você, como está?</div><div style="text-align: justify;">Percebi naquele momento que algo havia mudado, pois ao contrário da vez anterior, já não me chamava mais pelo apelido de “sapo”.<br />
- Pois é, Quitéria. Passei por aqui somente para me despedir de você e de sua tia Luiza. Estou de mudança para São Paulo, aonde pretendo trabalhar continuar os meus estudos. Por aqui as coisas andam muito difíceis!<br />
- E com quem é que você vai, Noquinho? Não me consta que sua família esteja de saída do Brejo. Você sabe, Cidade pequena, todos se conhecem. Todos sabem tudo da vida de todos.</div><div style="text-align: justify;">- É verdade, Quitéria! <br />
- Estou partindo sozinho em busca de meu destino. Jamais deixaria o brejo, mas todos sabemos que há momentos que temos que tomar certas decisões na vida até mesmo quando elas no momento nos são doloridas. Se por um lado, não gostaria de sair do brejo, por outro tenho que admitir não ver aqui grandes perspectivas para o futuro que sonhei para mim. São estes alguns dos motivos que me levaram a esta triste decisão.</div><div style="text-align: justify;">- Uai, Noquinho. Qual é o tamanho dessas suas perspectivas para que não caibam aqui no Brejo? Veja: Há bem pouco tempo morávamos lá em São Geraldo, pequeno lugarejo, onde para nós o brejo era quase que inatingível, devido aos seus encantos e “grandes dimensões geográficas”. Pouquíssimo tempo depois de para cá vir, você me diz que aqui é pequeno para os seus sonhos? Quais são eles? Diga ai!</div><div style="text-align: justify;">- Na verdade, querida Quitéria, não tenho grandes ambições na vida. O que eu quero é poder proporcionar uma vida melhor aos que me rodeiam. O cabo da enxada por aqui, já não dá mais camisa para ninguém. </div><div style="text-align: justify;">- E lá em São Paulo, o que é que você vai fazer? Você não está pensando que vai chegar lá e juntar dinheiro com vassoura. As coisas estão difíceis em todos os lugares, Noquinho. Duvido muito que lá seja diferente daqui!<br />
- Com toda certeza, disse-lhe eu-, mas por mais difícil que seja lá, acredito que estará melhor que por aqui.</div><div style="text-align: justify;">- Veja como são as coisas do coração, Noquinho: Depois de nossa ultima conversa, parei e meditei tanto e ai cheguei a conclusão que deveria, sim, existir um algo mais entre a gente. Preparava-me para lhe falar isso, quando agora você me vem com esta noticia de viajar. É ou não é coisa do destino? Não tem jeito mesmo!</div><div style="text-align: justify;">- Uai, que grande peso teria isso? Seria até mesmo para mim uma motivação a mais para seguir lutando, o saber que aqui há alguém a esperar.<br />
- É, disse-me, Quitéria: você sabe que por aqui as coisas não são bem assim. Não tenho porque lhe esperar, pois ninguém sabe quando irá voltar. De repente chega lá, se engraça com uma Paulista e aí, adeus, Quitéria.</div><div style="text-align: justify;">- Não seria tão volúvel assim. Mas pensando bem, o melhor mesmo para que ninguém saia machucado e conservar as boas amizades que sempre existiram entre nós e nossas famílias, é deixar as coisas como estão para vermos como é que ficam.</div><div style="text-align: justify;">- Sendo assim, até mais ver, Quitéria!</div><div style="text-align: justify;">- Até mais ver, Noquinho. Que Deus te acompanhe, “meu lindo”!</div><div style="text-align: justify;">- Amém!</div><div style="text-align: justify;">- Meu lindo? O que! Ouvi bem?<br />
Não. Convencido estava o “eu franzino”, o “eu pobre”, o “eu matuto, sem instrução”, o “eu limitado a mais extrema insignificância do ser”, e que jamais “bala teria na agulha suficiente para derrubar aquele tremendo avião de beleza e formosura”. Será?</div><div style="text-align: justify;">Pobre mente humana, era a minha que se atinha a coisas tão fúteis e banais da materialidade do ser, que não conseguia enxergar ali as grandes potencialidades das quais somos todos nós dotados e que as coisas e as pessoas não se medem com a régua do coração, cujas escalas, são infinitamente incomensuráveis.</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
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</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUu5LpaAJ9FSwwm20rJOZFisuH_fn15su9FjxLVEbf2Tt-lk637v_6Uk1Ev_3eXkWvW8bgCg7ICP9b0hEuHJZvSvNVdiFGVqI_0T4aMEqa56jJlOhX6Vv0v29JYnDYLlI3HwaOCfkGBTAN/s1600/cleopatra+2.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUu5LpaAJ9FSwwm20rJOZFisuH_fn15su9FjxLVEbf2Tt-lk637v_6Uk1Ev_3eXkWvW8bgCg7ICP9b0hEuHJZvSvNVdiFGVqI_0T4aMEqa56jJlOhX6Vv0v29JYnDYLlI3HwaOCfkGBTAN/s1600/cleopatra+2.bmp" /></a></div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-70707275210813016102010-11-13T09:00:00.000-08:002010-11-14T03:21:48.929-08:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ VIII – MULHER BREJEIRAASSIM ERA FRANCISCO SÁ VIII – MULHER BREJEIRA<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
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<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxwddDSd8m0505PwyZVIZO9WFdH7c_7gQP9-7q_4Ts0V4w85aB5M6IPcNKN6P4I_BaMEeLzRZPzpGSQNZ34DHinR5MfEDJRo0JmD3d_k-N6NaUQO5ayMKG8yuavVxD8SskgdhnEscmFv1G/s1600/CLEOPATRA.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" px="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxwddDSd8m0505PwyZVIZO9WFdH7c_7gQP9-7q_4Ts0V4w85aB5M6IPcNKN6P4I_BaMEeLzRZPzpGSQNZ34DHinR5MfEDJRo0JmD3d_k-N6NaUQO5ayMKG8yuavVxD8SskgdhnEscmFv1G/s200/CLEOPATRA.bmp" width="148" /></a></div>É muito difícil ou quase impossível, até mesmo ao melhor dos poetas, definir o quão lindas são as mulheres brejeiras. Rosto redondo, pele morena aveludada, olhar firme e faceiro, boca carnuda, sorriso franco e aberto e o mais importante, extremamente prendadas.</div><div style="text-align: justify;">Pois é, Maria Quitéria Rodrigues, não, não era minha parenta, conseguia ser tudo isso e um pouco mais. Traquinas e sapeca desde a infância lá em São Geraldo, no município de Francisco Sá, onde estudava comigo no Grupo Escolar. Começava ali o meu “calvário” nas mãos dessa deusa. </div><div style="text-align: justify;">Pequenos mirrados e ainda cheirando a leite, comecei a receber dela, aquela que seria uma série interminável de bilhetinhos: “Você é o meu príncipe encantado”. “Você quer namorar comigo?”. Foi assim durante toda a nossa infância. Eu me olhava no espelho e não via nada além do menino feio que era: raquítico, queimado pelo sol escaldante das gerais e que ainda por cima tinha o apelido de “sapo”. Todos os meninos e meninas, menos ela, me chamavam de “sapo”.</div><div style="text-align: justify;">Muito tempo depois, já adolescentes no brejo para onde ela se mudou primeiro para concluir os estudos, encontramo-nos. Nem sombra daquela menininha feia e desdentada de outrora. Ao contrário, tornara-se uma autêntica “mulher brejeira”. Esbelta, corpo escultural. Chega! Já tentei definir a mulher brejeira no intróito desta missiva e não consegui. </div><div style="text-align: justify;">Pensei comigo: puxa vida, a Maria Quitéria bonita desse jeito não vai me dar atenção. Vai fingir que não me conhece ou que jamais antes vira na vida esse matuto. Ledo engano: Em nada havia mudado. Ao contrário. Ao ver-me, abriu os braços e aquele eternamente inconfundível sorriso da infância, partindo em minha direção proferindo estas palavras: </div><div style="text-align: justify;">- “Sapo do Céu. O que você está fazendo aqui no brejo, menino? Você veio estudar? Sua família veio com você? Sabe, “sapo”, eu jamais consegui te esquecer! </div><div style="text-align: justify;">- Me recordo como hoje de nossa infância em São Geraldo: lembro de nossa escola, de nossa turma, de nossas brincadeiras durante os recreios, dos piqueniques, das fogueiras de São João, dos fogos de artifícios. E o nosso Natal, “Sapo”, como era lindo! E aqueles biscoitos de polvilho que sua mãe fazia e mandava você levar lá em casa, lembra? </div><div style="text-align: justify;">- Sim, lembro-me, perfeitamente!</div><div style="text-align: justify;">- Olha, “sapo”, a conversa está muito boa mais eu tenho que ir. Estou estudando para as provas finais e desejo muito passar de ano para seguir meus estudos, pois pretendo ser advogada.</div><div style="text-align: justify;">- Que bom, Quitéria, creia-me imensamente feliz por tê-la encontrado depois de tanto tempo. Principalmente por ver o quanto você está bonita e por saber que continua estudando para progredir na vida!</div><div style="text-align: justify;">- Obrigada, “sapo”, mas eu também vejo que você melhorou muito... Cresceu. Ganhou corpo...Também está estudando. Fico feliz por você, “sapo”, sinceridade!!!</div><div style="text-align: justify;">- Ótimo! E quando poderei voltar a vê-la?</div><div style="text-align: justify;">- Qualquer dia desses, “sapo”. É só você passar lá em casa, na Rua Montes Claros, que a gente proseia mais como nos velhos tempos. Estou morando com a tia Luiza.</div><div style="text-align: justify;">- Bem, “sapo”, agora eu tenho que ir mesmo... Até mais vê!!!</div><div style="text-align: justify;">- Quitéria...</div><div style="text-align: justify;">- Fala aí, “sapo”!</div><div style="text-align: justify;">- Você se recorda que me chamava de seu príncipe encantado em sua infância e que você era a única menina que não me chamava pelo apelido?</div><div style="text-align: justify;">- Me recordo, perfeitamente. Afinal não faz tanto tempo assim!</div><div style="text-align: justify;">- Uai, e porque agora você só me chama de sapo ao invés de utilizar dos mesmos adjetivos da infância ou caso os tenha esquecido, ao menos pelo diminutivo de meu nome “Noquinho” como todos me tratam hoje?</div><div style="text-align: justify;">- É que a vida passa, “sapo” e as coisas mudam! Quando éramos crianças e eu lhe via como um príncipe encantado, você não correspondeu. Me ignorou. Se você tivesse cultivado a ingênua pureza daqueles meus sentimentos, quase certo seria que eles tivessem se transformado no algo mais que você agora, sem nenhuma chance, deseja. No entanto, como você, quando devias, não os correspondeu, o meu encanto virou desencanto... E o meu príncipe encantado virou o sapo que você sempre foi...</div><div style="text-align: justify;">- Sendo assim, Quitéria, estou no “brejo”. No lugar certo... Me atirarei em uma dessas muitas lagoas...</div><div style="text-align: justify;">- Inté mais vê, Quitéria... </div><div style="text-align: justify;">Lencinho branco acenando...</div><div style="text-align: justify;">- Vai com Deus, “Sapo”</div><div style="text-align: justify;">É, por vezes não se deve desperdiçar as oportunidades por mais simples que pareçam ser. Elas se assemelham a um cavalo arriado: se você não se jogar na hora certa, bate com os fundilhos no chão.</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxwddDSd8m0505PwyZVIZO9WFdH7c_7gQP9-7q_4Ts0V4w85aB5M6IPcNKN6P4I_BaMEeLzRZPzpGSQNZ34DHinR5MfEDJRo0JmD3d_k-N6NaUQO5ayMKG8yuavVxD8SskgdhnEscmFv1G/s1600/CLEOPATRA.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; height: 78px; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; width: 82px;"><img border="0" px="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxwddDSd8m0505PwyZVIZO9WFdH7c_7gQP9-7q_4Ts0V4w85aB5M6IPcNKN6P4I_BaMEeLzRZPzpGSQNZ34DHinR5MfEDJRo0JmD3d_k-N6NaUQO5ayMKG8yuavVxD8SskgdhnEscmFv1G/s1600/CLEOPATRA.bmp" /></a></div></div><div style="text-align: justify;"><br />
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</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-20176342153222353842010-11-06T18:30:00.000-07:002010-11-07T04:37:49.553-08:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ VII – UM BREJEIRO EM APUROSASSIM ERA FRANCISCO SÁ VII – UM BREJEIRO EM APUROS<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU2gn0wtWiebccMqIxTRZRJ55LV7qhr47AphG7-HaPahwY4QarQmjUiCwkHSGraUNXC26dL6-K_BQwvnyGdg-tvV2JUrR-RitsUUDHiqeSv1D_S0UspVyaAHOcL-HovXkG0-mWeQib9sTA/s1600/homem+b%C3%AAbado.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="177" px="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU2gn0wtWiebccMqIxTRZRJ55LV7qhr47AphG7-HaPahwY4QarQmjUiCwkHSGraUNXC26dL6-K_BQwvnyGdg-tvV2JUrR-RitsUUDHiqeSv1D_S0UspVyaAHOcL-HovXkG0-mWeQib9sTA/s200/homem+b%C3%AAbado.bmp" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">As coisas e as pessoas estão em constantes modificações. Assim sendo, o que não está melhorando, está piorando. A vida não é estática, é dinâmica. Dizia já naqueles longínquos tempos um grande personagem cuja historia se fundia com a de Francisco Sá, o velho Brejo das Almas.</div><div style="text-align: justify;">No entanto, apesar de seu otimismo, mesmo confiante de que dias melhores viriam cobrir de êxito sua pobre vida, o que se via, na prática cotidiana era o cumprimento do último jargão de tão importante frase de efeito: sua vida piorava a cada dia. Os negócios no “Estica o Braço” não iam bem. De há muito que a freguesia, já escassa, fugira de seu estabelecimento. As coisas no velho Brejo das Almas efetivamente não estavam boas. As “marés dos mares de minas”, ou melhor, do lindo e caudaloso rio Gorutuba não estavam mesmo para peixe. A seca grassava grande parte do Brasil e o sertão das gerais, nesse caso, é o que mais sofria. </div><div style="text-align: justify;">O que fazer? Como conseguir condições mínimas para dotar a si e a sua família brejeira do básico necessário para que não morressem de fome? Aonde é que foram parar os amigos? Os fregueses a quem, por diversas vezes vendera várias doses de Maria Rita na base do fiado? </div><div style="text-align: justify;">Não. Não era possível que ninguém viesse a seu socorro! E lamentava: como é que pode? Sai da lavoura há muitos anos exatamente para não passar por isso. Montei esse bar com tanto sacrifício e agora, sem mais nem menos passo por esse eterno e interminável perrengue? Não, não me conformo. Parece até que é coisa mandada. Outros bares estão progredindo e aos poucos se mantendo. Mas o meu, não. É este marasmo. Ouve-se até mesmo a respiração das moscas a fazerem-me companhia. </div><div style="text-align: justify;">Neuzão. Esse era seu nome, lamentava de um lado para outro no exíguo espaço interior que restava de seu Bar. Sim, o bar de Neuzão praticamente não possuía interiores. Lá só cabia ele próprio que atendia os fregueses, nos áureos tempos das vacas gordas, do lado de fora. Ou seja, o brejeiro sedento de uma caninha para afogar as mágoas, do lado de fora fazia seu pedido a Neuzão que lá dentro pegava a “mardita”, colocava no copo e aos sussurros pedia ao solicitante que esticasse o braço para receber o copo com a dita cuja de suas mãos. Era mais ou menos assim: O freguês chegava, subia em uma pequena saliência alta a guisa de soleira, punha a cabeça no nível da abertura da janela e sem mesmo conseguir ver a cara de Neuzão ia logo dizendo:</div><div style="text-align: justify;">- Oh, Neuzão. Você está ai?</div><div style="text-align: justify;">Lá do fundo, em meio a densa escuridão do ambiente, Neuzão respondia:</div><div style="text-align: justify;">- “Tô, sim! Pode falá qui eu te escuito!”</div><div style="text-align: justify;">- O que é que ocê deseja?</div><div style="text-align: justify;">Bem, ouvindo dessa forma, qualquer vivente seria induzido a pensar que naquele boteco desprovido até mesmo de um interior, tivesse outras iguarias que não fosse somente cachaça.</div><div style="text-align: justify;">- Desce ai, para seu amigo Firmino aqui que vos fala, aquela água que passarinho não bebe. Ou melhor, aquela cana que não brota mais.</div><div style="text-align: justify;">- Ocê quer com jibóia ou sem jibóia? Perguntava Neuzão.</div><div style="text-align: justify;">- Neuzão... Você está doido, homem? Esqueceu-se que eu sou solteiro? Cana com jibóia é só para homem casado. Homem que tem mulher. E eu sou solteiro de nascença!</div><div style="text-align: justify;">- “Ah, ta bom, Firmino, dizia Neuzão, procê tem que sê mesmo cana sem jibóia porque senão ocê vai fazê bestera por ai. Vai acabá saindo daqui direto para a casa da dona...”</div><div style="text-align: justify;">Enquanto falava, carregava o copo que uma vez cheio e pronto para a degustação miserável dizia para o interlocutor:</div><div style="text-align: justify;">- Pronto, taqui. “Estica o Braço”.</div><div style="text-align: justify;">Sedento, esticava o braço e de uma só vez solvia aquele liquido destilado em algum dos muitos alambiques da região do Brejo das Almas e dessa maneira, por alguns instantes sentia-se o pobre bebum transportado ao Paraíso por lindas carruagens de fogo, esquecendo-se, ainda que por pouco tempo ou enquanto durasse o efeito do álcool no debilitado organismo, da triste, cruel e despropositada vida sem nenhuma perspectiva de sucesso aparente, ainda que a longo prazo. <br />
É...</div><div style="text-align: justify;">Naqueles tempos bicudos o Brejo não era fácil.</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS628H5Gv8iwXXxxgXlDMl7ybs6L-G3IBjVx6GJLRMTdn-nFzOm-4Op3YYaKOhhmJNWWh8_PXnPS_w-2s3S3zE2U1_F4jrn3EapsAQ8oM75nLaU63LDgJDIRTRqOQoFUIMvZdRZFds0nrZ/s1600/FRANCISCO+S%C3%81,+PARQUE+DOS+NAMORADOS.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" px="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS628H5Gv8iwXXxxgXlDMl7ybs6L-G3IBjVx6GJLRMTdn-nFzOm-4Op3YYaKOhhmJNWWh8_PXnPS_w-2s3S3zE2U1_F4jrn3EapsAQ8oM75nLaU63LDgJDIRTRqOQoFUIMvZdRZFds0nrZ/s200/FRANCISCO+S%C3%81,+PARQUE+DOS+NAMORADOS.bmp" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
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<div align="justify"></div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-13005757264338568442010-10-30T06:44:00.000-07:002010-10-30T06:59:12.394-07:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ VI – ZEZIM TOCADOR E VAZAMUNDOASSIM ERA FRANCISCO SÁ VI – ZEZIM TOCADOR E VAZAMUNDO<br />
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Enoque Alves Rodrigues<br />
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<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9Zlt1nawX6eoZNpI1gE-uspwk03gGSBXdDIw4t8-HKSJdIs5RDVbYapL9NPElVvJGJ2er-80KJ7xOywNM_2bcy5mVt0Dn7AzFVwqinqxOgkHq2zdQB7eUgO4ow4KsFgA3qYnXnvY8qKgk/s1600/FRANCISCO+S%C3%81,+VISTA+A%C3%89REA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="132" nx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9Zlt1nawX6eoZNpI1gE-uspwk03gGSBXdDIw4t8-HKSJdIs5RDVbYapL9NPElVvJGJ2er-80KJ7xOywNM_2bcy5mVt0Dn7AzFVwqinqxOgkHq2zdQB7eUgO4ow4KsFgA3qYnXnvY8qKgk/s200/FRANCISCO+S%C3%81,+VISTA+A%C3%89REA.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Braços curtos, baixinho e barrigudo. Com dois reluzentes dentes de ouro na arcada superior da boca. Camisa estampada sempre desabotoada, deixava à mostra uma musculatura peitoral má nutrida e bastante judiada pelo passar dos anos implacáveis. Calça arranca toco amarrada na cintura, sem cinto. Sandálias franciscanas aos pés e, na cabeça, um velho e surrado chapéu de couro com três estrelas sendo a maior delas situada ao meio, no estilo Lampião. Lenço vermelho sujo no pescoço. Sanfona de oito baixos colada no peito como se com ele tivesse nascido. Cão preto de olhar tristonho e distante, cujo nome, “vazamundo”, fazia jus aquele seu olhar para alguma imensidão desconhecida do planeta. Pronto: estava, ali, na frente de tudo e de todos, formado o mais perfeito trio que naqueles tempos era o principal, ou melhor, o único responsável pela alegria que contagiava as tardes, noites e manhãs Brejeiras. Sim, Francisco Sá, Minas Gerais, Brasil, ou, o “Velho Brejo de todas as Almas”, deitava, acordava e levantava ao som daquela sanfona. Não é preciso que o leitor tenha muita idade para se lembrar do que estou narrando, afinal, refiro-me a década de 1970. </div><div style="text-align: justify;">Zezim era exímio tocador. Sanfoneiro dos bons, cujo repertório vasto e eclético o permitia passear por todos os ritmos. Ia do Rei do Baião, Luiz Gonzaga ao Rei do Iê, iê, Iê, Roberto Carlos, em frações de segundos. Bastava apenas que alguém de entre o respeitoso publico solicitasse que em ato continuo e simultâneo, os dedos rústicos e calejados por outras lides, mais sempre ágeis, daquele autentico brejeiro, em sintonia perfeita com o limitado teclado, dedilhava-o em uma maestria inimaginável aos olhos humanos, ainda mais quando se sabe que nenhuma instrução tivera antes aquele homenzinho. É muito simples para os céticos que atribuem todo e qualquer fato anormal as coincidências naturais, ignorarem que tamanha aptidão não tenha sido dada aquele matuto pelas mãos da Divina Providência. Mas certo está que é desnecessário ter fé elevada para não duvidar disso: Zezim Tocador foi designado pelo lado de lá, para vir ao mundo alegrar a gente brejeira. Os “Caras lá de Cima” quando lhe enviaram para cá, sabiam muito bem o que estavam fazendo. Que não havia no Orbe Terrestre localidade mais triste e melancólica e tão carente de um pouco de alegria ou bagunça mesmo, que o velho Brejo das Almas. Aí mandaram Zezim e de quebra o seu cão vazamundo que contracenava com o sanfoneiro, pois enquanto ele dedilhava a velha sanfona, vazamundo, independente da musica que seu dono estava a tocar, punha-se a latir sem parar, como se estivesse o acompanhando em cânticos. </div><div style="text-align: justify;">Zezim, ao contrário do que todos imaginavam, não possuía somente uma sanfona. Ele tinha várias. Dizia que um homem prevenido vale por dois, por isso mantinha outras sanfonas para a eventualidade de substituir alguma que apresentasse problemas, afim de não deixar a gente brejeira sem um “sonzinho”. Mas convenhamos, gente boa, divertíamo-nos somente até certo ponto. Porque dia e noite ouvindo aquelas melodias muitas vezes acompanhadas, ao longe, pelo cantar triste das cigarras, transformavam-se, pelo cansaço enfadonho da oitiva permanente das cantilenas, tudo isso, no mais tenebroso martírio. Eram tristes, bem verdade, as tardes, noites e manhãs brejeiras. Precisavam de alegria. Mas “tudo de mais é sobra, uai” assim falamos nós mineiros.</div><div style="text-align: justify;">Bem, eclético na musica, eclético na vida. Pois é, Zezim desenvolvia outras atividades que nada tinham a ver com o mundo de Ludwig van Beethoven. Preparava nas horas vagas garrafadas de raízes das quais era ele doutor no conhecimento e as doava para a gente carente de um Brejo das Almas sem farmácias. Ele tinha também “algum negócio” com o invisível, pois era muito solicitado a visitar as fazendas e sítios da região com a única missão de “expulsar cobras” que disseminavam pavor e prejuízos às manadas nas matas e pastagens dos fazendeiros de então.</div><div style="text-align: justify;">Pequeno no tamanho, grande na vida. Seria necessário muito mais tempo para que eu pudesse descrever o que foi Zezim Tocador e seu cão Vazamundo para Francisco Sá, naqueles já longínquos tempos.</div><div style="text-align: justify;">Inté...</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.<br />
Visitem meu blog: <a href="http://enoquerodrigues.blogspot.com/">http://enoquerodrigues.blogspot.com/</a></div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-21739809083281026782010-10-23T14:39:00.000-07:002010-10-23T16:29:05.965-07:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ V – GERALDINO FOGUETEIROASSIM ERA FRANCISCO SÁ V – GERALDINO FOGUETEIRO <br />
<div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsYRH0EhHsBNyvJ8Ta6UHldPu8KCDQFnJ5sPCXPkv-dggsaK_kQNlCTae09gfpQXhesx562_VwnzS5i8UpXt7t7Bj5m4xdS5Y4F1Xro5QURK7QBlaqELQjk3vXD4xVYKBx-dhpRRNPsO8d/s1600/SERRA+DO+CATUNI.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" nx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgsYRH0EhHsBNyvJ8Ta6UHldPu8KCDQFnJ5sPCXPkv-dggsaK_kQNlCTae09gfpQXhesx562_VwnzS5i8UpXt7t7Bj5m4xdS5Y4F1Xro5QURK7QBlaqELQjk3vXD4xVYKBx-dhpRRNPsO8d/s1600/SERRA+DO+CATUNI.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;">Ele vivia num velho casarão bem no inicio de onde hoje é a Rua João Catulino Andrade, em pleno centro. Já não sabia mais o que fazer. Até ali, tudo dera errado em sua vida. O pai, Antonio Carlos havia abandonado sua mãe quando ele ainda era menino. Sequer conseguia lembrar-lhes à feição. A mãe, Maria Lavadeira, sustentou-o, enquanto pode, com o oficio que galhardamente levava no sobrenome. Várias famílias razoavelmente abastadas do antigo Brejo das Almas davam-lhe suas vestimentas de época para serem lavadas. Trouxas e mais trouxas eram batidas com sabão em forma de bola, feito do mais puro sebo de boi, sobre uma já lisa e desgastada pedra, colocada estrategicamente pela mãe natureza nas barrancas do rio São Domingos que nasce na serra do Catuni. Geraldino, sim, este era o seu nome, pequenino a acompanhava nesta lide. Enquanto a mãe Maria batia as roupas sempre a cantarolar alguma cantiga nativa do velho Brejo, ele postava-se em curta distância da mãe com uma pequena vara com um mínimo anzol a ponta de uma linha, onde pescava algumas piabas que ali mesmo eram assadas sobre uma pequena pedra aquecida com fogo. Lá mesmo, ou seja, na beirada do rio, as consumiam.</div><div style="text-align: justify;">Muitos anos depois, Maria Lavadeira, depois de uma grande história de vida e amor ao Brejo, partiu desta vida deixando nosso Geraldino só. Não tinha nenhuma profissão que pudesse suprir sua subsistência. Foi ai que o amigo Caetano Dias, cuja família hoje é tradicionalíssima do lugar, ofereceu-lhe aquilo que se poderia chamar de a “grande chance”: Fabricar foguetes. O Brejo das Almas, hoje ou desde 1938, Francisco Sá, sempre foi muito festeiro. Deve isso a várias comemorações de uma infinidade de santos que o apadrinham.</div><div style="text-align: justify;">Bem, como vinha dizendo, Geraldino vivia à beira do desespero. Não obstante ter obtido algum sucesso no fabrico de fogos, quando ainda jovem, agora estava velho e quase acabado e, o pior, com a nítida sensação de que passara toda a vida trabalhando sem resultado. Não conseguira fazer sequer um pequenino pé de meia. Lamentava o fato de não ter se casado e a ausência de filhos. Puxa vida, dizia, se pelo menos eu tivesse tido filhos quem sabe hoje algum deles pudesse me sustentar. Não agüento mais trabalhar. O corpo só pede descanso. Mas é ai que está o meu problema: cobra que não anda não engole sapo... mas como é que eu vou andar se sequer consigo levantar desta maldita cama? </div><div style="text-align: justify;">Na manhã seguinte, como que num passe de mágica, levantou-se mais que disposto. Dirigiu-se até a velha fabriqueta de foguetes e em posição de extrema reverência pediu a quem estivesse “lá do outro lado” que o ajudasse a se erguer daquela vidinha miserável e sem graça. No afã de livrar-se de seu pesado fardo, ou quiçá na empolgação do momento, acabou prometendo o que talvez mesmo que vivesse uns trezentos anos jamais poderia cumprir: Caso conseguisse sucesso em sua trajetória de fabricante de fogos e se aquelas forças lhe devolvessem a sua saúde, disposição e jovialidade para que seguisse trabalhando, subiria, de joelhos, o morro do mocó e, de lá, em pleno cume, soltaria uma rajada de fogos numa manhã primaveril saudando todos os santos do mês de setembro.</div><div style="text-align: justify;">Incrivelmente, passou a progredir. Encomendas eram feitas dos mais longínquos confins das Alterosas. Era lindo de se ver o vai e vem dos carros de bois descendo a serra com seus ressequidos cocões (quatro paus verticais que prendem o eixo dos carros de bois) a rangerem-se numa cantilena piedosa e ao mesmo tempo alegre em direção a agora grande e progressista “Fábrica Brejeira de Fogos de Artifícios”. Tropas de burros varavam o sertão durante a noite e na manhã seguinte já estavam pastando em frente a fábrica de Geraldino Fogueteiro, na cansativa espera do carregamento, para retornarem aos seus locais de origem.</div><div style="text-align: justify;">“O homem cresceu. O homem mudou”, já dizia o poeta. Agora, rico, sequer pairava-lhe à mente quaisquer resquícios do que antes, no desespero prometera, sabe-se lá, para quem. </div><div style="text-align: justify;">Pois bem, inesperadamente, do mesmo jeito que veio o sucesso, sem que nenhum fato relevante o justificasse, numa tarde triste e chuvosa, daquelas que antanho acometiam o velho Brejo das Almas, Geraldino, sem mais nem menos, como que por encanto, voou pelos ares.</div><div style="text-align: justify;">Na chamada oral feita pelo professor Neco Surdo no Grupo Escolar onde Geraldino, já velho, estudava, na aula do dia seguinte travou-se o curioso diálogo narrado pelo grande e inimitável historiador Brejeiro Geraldo Tito Silveira:</div><div style="text-align: justify;">- “Geraldino Fogueteiro...</div><div style="text-align: justify;">- “Ele morreu queimado com pólvora, respondeu um espoleta qualquer, seu ex-colega de classe...</div><div style="text-align: justify;">É...</div><div style="text-align: justify;">Por vezes, dizia Shakespeare, “há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia”.</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><img border="0" height="150" nx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguMNsuDc5ahRbjPYGN28THs1KrxXq0madFYpj_L38E5JTwBwJDSYwwYc61kLswqh6JjjWX9lYVugsV9I6zxlrwcv_KfmcH7KQbv6vNR8R0OlWzRRsuq1jyNKpsPOn2x45Soy6Bn0owRw0e/s200/fogos.bmp" width="200" />ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-19206591444044942442010-10-16T07:22:00.000-07:002010-10-16T16:02:00.307-07:00ASSIM ERA FRANCISCO SÁ IV – OS VELHOS ENGENHOS DE CANA<div style="text-align: justify;">ASSIM ERA FRANCISCO SÁ IV – OS VELHOS ENGENHOS DE CANA</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlxdXPyiQt4AnPE2cle1CyjvUfJCJB1tiniphdWoLpMyWKC8kgZSBHAeVF4Ia-GMmcnhkaM2JwJMQLfweMfCTsvuKWzZDMAUfW-Jsa3GSniBrJNZv2P_1jqmMYKsuCNeJ2npVkgIedpS4u/s1600/pai+velho+e+dindinha.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlxdXPyiQt4AnPE2cle1CyjvUfJCJB1tiniphdWoLpMyWKC8kgZSBHAeVF4Ia-GMmcnhkaM2JwJMQLfweMfCTsvuKWzZDMAUfW-Jsa3GSniBrJNZv2P_1jqmMYKsuCNeJ2npVkgIedpS4u/s200/pai+velho+e+dindinha.jpg" width="150" /></a></div><div style="text-align: justify;">Já se vão longe e saudosos os tempos em que havia em quase todos os pequenos sítios localizados no Município de Francisco Sá, Brejo das Almas, assim como em todo o norte das Minas Gerais, os velhos e barulhentos engenhos para moagem de cana de açúcar. Lembro-me, quando criança, que na Fazenda do senhor Liberato, meu avô, havia um desses engenhos que durante a época da moagem sempre nos meses de Julho e Agosto, funcionava o dia todo, ininterruptamente. </div><div style="text-align: justify;">A lide do velho Liberato, com ou sem moagem, se iniciava sempre ás 04:30 da manhã, quando ele levantava de seu velho catre em couro trançado onde repousava com a Dindinha Justina, minha avó, com um Hinário nas mãos, entoando um hino do qual não me recordo o titulo mas que iniciava mais ou menos assim: “vamos trabalhar...vamos trabalhar”. Todos ali, ao ouvirem esta “palavra de ordem”, levantavam-se, um a um, e acompanhavam-no em cânticos, seguindo todos juntos e irmanados, em direção a imensa sala de visitas que ficava na parte da frente do antigo casarão, aonde jazia uma tosca mesa de madeira coberta por fina toalha de linho branco, denominada “o altar da família”, e ali, em perfeita comunhão, punham-se a orar pedindo que as forças do bem os abençoasse para que tivessem um bom dia de trabalho e que não deixassem que nada de ruim lhes acontecesse. O velho Liberato fazia a leitura da Bíblia de maneira aleatória e depois a traduzia com uma fluência de vocabulário inenarrável, principalmente quando se sabe que aquele “velho matuto” jamais antes tivera qualquer contato com as letras. Os encerramentos destas sessões eram quase que sempre feitos por sua filha mais velha, minha tia Nira, com uma linda oração que lamentavelmente este espaço que me é facultado pelo Jornal MontesClaros.com, que publica minhas crônicas, não me permite estender sob pena de me classificar de fazer proselitismo religioso. Uma pena. Sem entrar no mérito mais traçando uma analogia, informo que estas orações de encerramento eram o mesmo que são hoje os DDS´s corporativos, ou seja, os Diálogos Diários de Segurança que são lidos pelos empregados na parte da manhã, antes de iniciarem suas atividades. Discorrem-se, sistematicamente, sobre os cuidados que o trabalhador deve tomar durante o dia. Recomenda enfaticamente o uso dos Equipamentos de Proteção Individual, etc. Enquanto que nos “DDS´s” de minha tia Nira, - lá na Fazenda “Terra Branca” de propriedade de meu avô-, feitos em forma de oração, se implorava apenas e tão somente pela proteção Divina, ao invés do uso de EPI´s (que não existiam por aquelas plagas). </div><div style="text-align: justify;">Finalizada a cerimônia, saiam todos em silêncio, de maneira ordeira, numa fila indiana com meu avô a frente, rumo ao engenho onde já os esperavam o pessoal agregado que iria colaborar com a labuta. Ali já estava tudo preparado a espera do velho João Rodrigues para iniciarem as atividades do dia que mais pareciam Obras de Artes ou coisa derivada de algum quadro de impressionismo do Século XIX, que ainda hoje pairam de forma indelével em minha memória:</div><div style="text-align: justify;">Quatro montanhas de canas cortadas no dia anterior cercavam o velho engenho já devidamente equipado com três juntas de bois em cangas aos quais fora dada a incumbência de fazer girar as rangedoras e barulhentas moendas no hercúleo esforço de triturarem, enquanto o dia clareava, aquele mudo de “madeiras doces” da família das poaceaes, do gênero saccharum. Ao lado do engenho três cabanas feitas e cobertas inteiramente com bagaços das próprias canas. Lá ficavam posicionados estrategicamente imensos tachos de bronze em fogo alto a queimar-lhes os fundilhos, que recebiam a garapa da cana que era retirada de um tanque depois de ter sido captada através de cochos que ligavam as moendas ao tanque e tinham como função convertê-la em estado sólido transformando-a em rapadura, melado ou puxa a esta ultima se adicionava a cidra ou cascas de laranja o que a tornava um fino doce dos deuses, quase tudo era vendido no Mercado do Brejo das Almas.</div><div style="text-align: justify;">Aquele ritual deixava qualquer um encantado. Até mesmo o pessoal envolvido com aquela lide se orgulhava dela. Imaginem isso, na mente de um guri de oito anos. Era o máximo: mesmo pequeno, eu tinha lá minhas funções. Claro que dentro daquela rígida hierarquia as minhas atribuições eram as mais inferiores. Mais eu também era graduado. Quando eu não estava provando o melado para ver o ponto, estava enchendo o saco da “Dindinha” (avó), pedindo para adicionar logo a cidra ao melado para eu iniciar a comilança, ou então, postava-me no topo de um dos muitos pés de manga e, uma vez lá de cima, tentava infrutiferamente contar quantos giros aquelas juntas conseguiam dar em volta do engenho. Tonto e frustrado era sempre obrigado a apear dali sem que tivesse realizado meu intento. Já embaixo me ocupava de contar quantas viagens as pessoas conseguiriam fazer com seus bangüês carregados de bagaços de cana. Enquanto isso o guia dos bois com uma vara à mão que jamais era utilizada ia gritando: "Eh, boi... Formoso... Vamo queimado... Só mais um pouquinho... Contente... Vamos... Sobrero, cuidado... Do outro lado, meu avô feliz com a produção, alisando sua linda e cheia barba branca com as duas mãos (ele tinha esse costume), agradecia a Deus comovidamente aquelas dádivas: "Glória a Deus nas Alturas e Paz na Terra aos Homens de Boa Vontade". Bons tempos, aqueles...</div><div style="text-align: justify;">Visitem meus blogs:</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://enoque.rodrigues.zip.net/index.html">http://enoque.rodrigues.zip.net/index.html</a></div><div style="text-align: justify;"><a href="http://enoquerodrigues.blogspot.com/">http://enoquerodrigues.blogspot.com/</a></div><div style="text-align: justify;"><a href="http://www.facebook.com/profile.php?v=info&edit_info=all&ref=nur">http://www.facebook.com/profile.php?v=info&edit_info=all&ref=nur</a></div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2AChpLjzpaWkbPsQubq59QqdkrrCYQl6RzUNBYSSxn4iBceHGQKci1NaAOSKAXkwl1dypUABNDjIFX3VBhpejD4AMGu3A8wuNNp9I625qj6ON164RACT4NvfQmn-r_RUKYMgmwwOyvNOP/s1600/canavial.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="134" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2AChpLjzpaWkbPsQubq59QqdkrrCYQl6RzUNBYSSxn4iBceHGQKci1NaAOSKAXkwl1dypUABNDjIFX3VBhpejD4AMGu3A8wuNNp9I625qj6ON164RACT4NvfQmn-r_RUKYMgmwwOyvNOP/s200/canavial.bmp" width="200" /></a></div></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-84355602228583906862010-10-09T10:04:00.000-07:002010-10-10T11:16:30.187-07:00MORREU GASPAR ALBÉRIO EM MONTES CLAROS<div style="text-align: justify;">MORREU GASPAR ALBÉRIO EM MONTES CLAROS</div><div style="text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhROJH81lDPv6XUyQn8zNXpLfkh5zaTgOmm4p9M7jI5PTJx-Fz30IpBFiYHa47thHGsoWtTgj3fVGCjDxd8FMlj50cSSUICbUXUpdEcPmdivm1DCufif7Odqw_TR5jkQcsuUQK0Ez3osBQu/s1600/Fotos+em+Minas,+Pai+e+m%C3%A3e,+06_05_09.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" ex="true" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhROJH81lDPv6XUyQn8zNXpLfkh5zaTgOmm4p9M7jI5PTJx-Fz30IpBFiYHa47thHGsoWtTgj3fVGCjDxd8FMlj50cSSUICbUXUpdEcPmdivm1DCufif7Odqw_TR5jkQcsuUQK0Ez3osBQu/s200/Fotos+em+Minas,+Pai+e+m%C3%A3e,+06_05_09.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Hoje, excepcionalmente não escreverei sobre Francisco Sá, a Cidade. Discorrerei, sinteticamente, sobre o grande homem que lá nasceu há 85 anos e que agora retorna aos Céus, chamado que fora por Deus em 04/10/10, em Montes Claros. </div><div style="text-align: justify;">Trilhou, aqui na terra, todos os seus caminhos pautados sempre pela fé, dedicação ao próximo e, principalmente, por ter deixado a todos os que com ele conviveram lá em Capitão Enéas, exemplos de sinceridade, respeito, cordialidade, afeto e amizade na mais pura e sublime acepção da palavra.</div><div style="text-align: justify;">Gaspar Albério, ou “Seu Gaspar”, soube como ninguém construir todos os laços que o uniam as pessoas e a sociedade de Capitão Enéas. </div><div style="text-align: justify;">Estabelecido, há muitos anos nesta Cidade no ramo do Comércio, depois de haver se dedicado a várias atividades correlatas, entre elas, a de mascate, onde negociava seus produtos dentro do velho trem da antiga Rede Ferroviária Federal que cortava o norte das Minas Gerais. </div><div style="text-align: justify;">Na condição de comerciante na Avenida Burarama, utilizava muito mais esta prerrogativa para conquistar novos amigos, granjear simpatias e consolidar velhas amizades, que para ganhar dinheiro. Todos que ali chegavam, com ou sem dinheiro, levavam o que queriam. Tudo, claro, anotado em sua velha caderneta ou muitas vezes somente na palavra. </div><div style="text-align: justify;">-Seu Gaspar, eu gostei muito daquele tecido ali mais tô sem dinheiro hoje. O que é que a gente faz?</div><div style="text-align: justify;">-Tem problema não, filhinha. Ocê pode levar que nóis acerta quando você puder. Ta me entendendo? Dito isso, pegava uma velha métrica em madeira, destas de se medir tecidos, e com uma não menos velha tesoura, dava um pequeno corte e zás...de uma só vez rasgava o restante em linha reta.</div><div style="text-align: justify;">Enquanto isso entrava outro:</div><div style="text-align: justify;">-Seu Gaspar, eu vim aqui para “acertar” aquela continha do mês passado.</div><div style="text-align: justify;">-Mais como? Já meu filho? </div><div style="text-align: justify;">-Espere um pouquinho, vou atender a filhinha ali. Enquanto isso senta um pouco e vamos proseando.</div><div style="text-align: justify;">-Como vai a família? E aquele seu probleminha de saúde. Já resolveu com aquele remédio que você me falou da outra vez? E a porca já deu cria? </div><div style="text-align: justify;">Evangélico durante quase toda sua vida, tinha ele o dom da palavra. Colaborava com todos a sua volta. Assumira na Sociedade Eneense posições de destaque que por si abalariam o ego de simples mortais. Jamais se deslumbrou com nada. Cuidava de duas irmãzinhas suas muito velhinhas e fragilizadas pelo decorrer dos anos que agora sentem-se orfãs. Todos os dias, impreterivelmente, ele atravessava a linha do trem e, do outro lado da Cidade ia estar com elas levando-lhes seu carinho fraterno e o conforto da palavra.</div><div style="text-align: justify;">Seu maior orgulho: ter criado seus sete filhos todos íntegros apenas e tão somente com os seus exemplos de vida. Circunstancias naturais da vida, ou seja, a busca pela sobrevivência e melhores condições de vida, acabaram por empurrar para longe de seu convívio seus dois únicos filhos homens, restando-lhe próximos somente suas filhas mulheres que, naturalmente supria a falta dos outros, desdobrando-se em mimos e cuidados. </div><div style="text-align: justify;">Jamais, em minhas crônicas fiz qualquer referência a este senhor. Entendo que da mesma forma que não devemos pronunciar o nome de Deus em vão, não existe palavra, por mais rico que seja o vocabulário, para qualificar com fidelidade sem o risco da hipérbole ou paixão, seres que a providência divina, de quando em vez, se encarrega de mandar para a terra. Principalmente quando fomos nós, diretamente agraciados com a dádiva de tê-los como parentes próximos. </div><div style="text-align: justify;">Sim. Gaspar Albério Rodrigues, que faleceu em Montes Claros e que vivia em Capitão Enéas e que agora descansa em paz ao lado de Deus, era o meu querido pai. Que Deus o tenha em sua Santa Glória.</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://enoquerodrigues.blogspot.com/2010/09/isto-e-francisco-sa-i-fauna-e-flora.html">http://enoquerodrigues.blogspot.com/2010/09/isto-e-francisco-sa-i-fauna-e-flora.html</a></div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-72079691968515534642010-10-02T14:11:00.000-07:002010-10-02T14:11:04.355-07:00ISTO É FRANCISCO SÁ - HIDROGRAFIA - FINAL<div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGeyjc8OMWc205HiY1uqh6aKbhyZkXyG0WLzSbJaA0Ba6HtLflxDDYD-AQugg28WSpZSFX2n61CuDnC1RXRZZsG-m8xIz-9OupxwtzcH2c0-W1z2a6yZoXiKBjEr7YhsOxqwo-w5FTiw8C/s1600/rio+gorutuba,+que+nasce+em+francisco+s%C3%A1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" px="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGeyjc8OMWc205HiY1uqh6aKbhyZkXyG0WLzSbJaA0Ba6HtLflxDDYD-AQugg28WSpZSFX2n61CuDnC1RXRZZsG-m8xIz-9OupxwtzcH2c0-W1z2a6yZoXiKBjEr7YhsOxqwo-w5FTiw8C/s200/rio+gorutuba,+que+nasce+em+francisco+s%C3%A1.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Nascendo na Serra do Catuni, o Rio São Domingos passa pela Cidade de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais e segue seu curso em direção ao Rio Verde Grande, do qual é um dos muitos tributários. É relativamente pobre a rede hidrográfica do Município, já que vários dos seus córregos secam após a retirada das chuvas.</div><div style="text-align: justify;">Quem demanda o lado norte, encontra o córrego do Carrapato e, em seguida, o Sitio Novo, o Ribeirão de Cana Brava, o Córrego Pau Preto, o do Brejão, o Mamonas, o Traçadal e ainda o Rio Quem Quem.</div><div style="text-align: justify;">Do lado Sul, deparam-se com o Rio Boa Vista, o Vaca Brava, o Córrego dos Patos, o Rio Caititu, o Rio da Prata e o Córrego Rico.</div><div style="text-align: justify;">Ainda ao Norte, em demanda ao povoado do Catuni, o Rio Gorutuba, que em vários pontos, forma belíssimas praias de areia clara.</div><div style="text-align: justify;">O Rio Verde Grande é o marco divisório dos Municípios de Francisco Sá e Montes Claros.</div><div style="text-align: justify;">Dentro do território do Município de Francisco Sá há varias lagoas. Á margem da rodagem Montes Claros – Salinas, depois do Rio Verde e a direita de quem parte de Francisco Sá, fica a bonita lagoa da Barra, na Fazenda de mesmo nome. O antigo proprietário Dr. Felix Pimenta de Carvalho, construiu a margem da lagoa um moderno Clube Campestre, no qual a Sociedade de Montes Claros bem como a de Francisco Sá, encontram um ponto magnífico para as suas atrações domingueiras.</div><div style="text-align: justify;">Ao Nascente, na belíssima Cidade de Francisco Sá já quase inteiramente drenada, fica a histórica Lagoa das Pedras, ás margens da qual o Bandeirante Antonio Gonçalves Figueira, juntamente com os seus companheiros, acampou num dia de finados, conforme já escrevi, erguendo numa elevação ao lado o cruzeiro, do qual tiraria o primeiro topônimo do lugar, que fora o de “Cruz das Almas das Caatingas do Rio Verde”.</div><div style="text-align: justify;">Os que conhecem esta lagoa no seu estado atual, não formam a idéia do quanto já fora bela. Quem teve o privilegio de conhecê-la em seus tempos de gloria lembra-se de que ali havia um lindo espelho d’agua. Praticava-se ali grandes e prodigiosas pescarias aonde se pescava arrobas e mais arrobas de peixes de várias espécies. Existisse hoje como antes, certamente daria um lindo lago navegável, onde a mocidade poderia esportivamente se divertir.</div><div style="text-align: justify;">Distando três léguas do Centro de minha Cidade de Francisco Sá, Brejo das Almas, e ao poente, fica a lagoa do Tabual, no povoado de mesmo nome. Á margem, do Rio Caititu existem varias lagoas, pelos lados da Fazenda da Camarinhas, e nelas, todos os anos, eram praticadas pescarias.</div><div style="text-align: justify;">Para as bandas do Córrego do Carrapato, fica a Lagoa dos Mouras ou Lagoa Nova.</div><div style="text-align: justify;">Com a formação do Município de Janaúba, bem como de Capitão Enéas, desmembrados de Francisco Sá, várias lagoas passaram a pertencer a estes Municípios, por terem ficado nos territórios desmembrados. Uma delas é a Lagoa Grande, no Município de Janaúba.</div><div style="text-align: justify;">Um grande abraço, amigos estudantes. Creio que aqui prestei minha modesta contribuição e espero ter atendido vossos anseios. </div><div style="text-align: justify;"><a href="http://enoquerodrigues.blogspot.com/2010/09/isto-e-francisco-sa">http://enoquerodrigues.blogspot.com/2010/09/isto-e-francisco-sa</a></div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOLONHwLXMYXNcHfDUcW1T_brxhrp_9iKWQjrXyGa6t-RuwMGY2sQjkzOEZzZDjs73Pb6UpE7siDvlszheXXAi-Ip_tgt58a4GS_yuyN9HdIlP-dQ6FpXqpNHsZwE1HsZaNx34vaNjdqYQ/s1600/BARRIGUDA.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="160" px="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiOLONHwLXMYXNcHfDUcW1T_brxhrp_9iKWQjrXyGa6t-RuwMGY2sQjkzOEZzZDjs73Pb6UpE7siDvlszheXXAi-Ip_tgt58a4GS_yuyN9HdIlP-dQ6FpXqpNHsZwE1HsZaNx34vaNjdqYQ/s200/BARRIGUDA.bmp" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-36765249930714445782010-09-25T07:24:00.000-07:002010-09-25T07:24:13.613-07:00ISTO É FRANCISCO SÁ III - POSIÇÃO GEOGRÁFICAISTO É FRANCISCO SÁ III - POSIÇÃO GEOGRÁFICA <br />
<br />
Enoque Alves Rodrigues<br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1gXhrHUgDrlsH2t8c3VvKuGzPhQitXfJsXtZRLtpsJRVW3uLINdxS0-ymOHyZOQJtep0DVgNxLnL8nXASAFXgKL681uvn9rRGd0-nkfrPqEmASl6xufE5QzZYvWMOhFJQw8IWp1fIC6OW/s1600/FRANCISCO+S%C3%81,+QUE+POVO+LINDO,+AO+FUNDO+O+HOTEL+AMARALINA_a+enviar.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" px="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1gXhrHUgDrlsH2t8c3VvKuGzPhQitXfJsXtZRLtpsJRVW3uLINdxS0-ymOHyZOQJtep0DVgNxLnL8nXASAFXgKL681uvn9rRGd0-nkfrPqEmASl6xufE5QzZYvWMOhFJQw8IWp1fIC6OW/s200/FRANCISCO+S%C3%81,+QUE+POVO+LINDO,+AO+FUNDO+O+HOTEL+AMARALINA_a+enviar.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">O Município de Francisco Sá, antigo Brejo das Almas, localiza-se na Bacia do Rio São Francisco, ficando o seu atual território no Vale Médio do Rio Verde Grande, tendo atualmente os seguintes limites: ao Norte limita-se com o Município de Grão Mogol; ao Sul, com os Municípios de Montes Claros e Capitão Enéas, que se chamou primeiramente Burarama; a Leste com o Município de Juramento e a Oeste com o Município de Janaúba.</div><div style="text-align: justify;">Dista da Capital das Alterosas, Belo Horizonte, ou “Belzonte” como nós Mineiros autênticos carinhosamente a chamamos, 480 quilômetros. Possui área territorial de 2.749.393 quilômetros quadrados e sua população atual segundo dados estatísticos do IBGE em 2009, gira em torno de 25.994 habitantes, divididos em partes iguais entre homens e mulheres o que dá 8,2 habitantes por metro quadrado.</div><div style="text-align: justify;">Francisco Sá, que outrora fora um grande Município em extensão territorial ao ser formado, por mais de uma vez sofreu mutilações no seu organismo. Dois grandes cortes lhes foram praticados com desmembramentos de partes do seu todo territorial, quando das criações dos Minicipios de Janaúba e Capitão Enéas. Mesmo assim, mutilado em partes importantes, refez-se o seu organismo em tempo rápido, e a sua caminhada rumo ao progresso não sofreu solução de continuidade. E, assim, vem cumprindo as suas metas em demanda de sua destinação histórica.</div><div style="text-align: justify;">Município de vida própria, habitado por um povo laborioso, pacato de hábitos simples e hospitaleiro, o que muito dignifica as minhas origens, e o meu devotamento pelo Brejo, está a sua Sede a se transformar numa Cidade moderna e confortável.</div><div style="text-align: justify;">O Município de Francisco Sá, “beldade do norte de Minas Gerais”, fica situado a 667 metros de altitude, tendo como coordenadas geográficas, 16º27’00” de altitude Sul e 43º28’00” de longitude W Gr. Em linha reta fica distante da Capital 386 quilômetros, rumo NNE. </div><div style="text-align: justify;">Semana que vem falarei da Hidrografia de Francisco Sá, ou seja, sobre os seus rios.</div><div style="text-align: justify;"><a href="http://enoquerodrigues.blogspot.com/2010/09/isto-e-francisco-sa-i-fauna-e-flora.html">http://enoquerodrigues.blogspot.com/2010/09/isto-e-francisco-sa-i-fauna-e-flora.html</a></div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjArvXStJsUurkKqQiaKdoIRKr4WCocuHzIV0AKPJNOr2yGSQRvskth7aoJI57l21w6ZntTsghsM8lZILZ-A9C0QxIciYLg25zjL3zuIdSkYUNIcqgrf6pTuItWA55IaOkW_hC52Ssqc5l1/s1600/25_7+Simplicidade+Mineira+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" px="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjArvXStJsUurkKqQiaKdoIRKr4WCocuHzIV0AKPJNOr2yGSQRvskth7aoJI57l21w6ZntTsghsM8lZILZ-A9C0QxIciYLg25zjL3zuIdSkYUNIcqgrf6pTuItWA55IaOkW_hC52Ssqc5l1/s200/25_7+Simplicidade+Mineira+2.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-71838459136073316372010-09-18T13:14:00.000-07:002010-09-18T13:15:27.545-07:00ISTO É FRANCISCO SÁ II - OROGRAFIA - Serra do CatuniEnoque Alves Rodrigues<br />
<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzK6fhhdOvn30habJWXlZhZti03dQ11bP8kACK8hCxzdDWqqYL7oDpnHliCQ_mMiElI9ZCbu6gs3B611ccv7oyh0f_0NaX8gKGDTtdkMXoyeUuaRMiuE0dKV5DPJrA8PwuFKWcSkdIGXwt/s1600/SERRA+DO+CATUNI.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="150" qx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzK6fhhdOvn30habJWXlZhZti03dQ11bP8kACK8hCxzdDWqqYL7oDpnHliCQ_mMiElI9ZCbu6gs3B611ccv7oyh0f_0NaX8gKGDTtdkMXoyeUuaRMiuE0dKV5DPJrA8PwuFKWcSkdIGXwt/s200/SERRA+DO+CATUNI.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;">Atendendo a vários e-mails que tenho recebido, -o que muito me honra-, de estudantes em fase preparatória de trabalhos escolares, principalmente da mui conceituada Universidade Estadual de Montes Claros, a Unimontes, direcionei minha crônica do ultimo final de semana a fauna e a flora existentes no município de Francisco Sá e hoje, dando seqüência a esta série escreverei sobre a orografia e na próxima semana sobre a posição geográfica, deste meu amado município. </div><div style="text-align: justify;">OROGRAFIA – Serra do Catuni:</div><div style="text-align: justify;">Sendo o sistema orográfico de Francisco Sá padronizado pelo da nossa belíssima Serra do Catuni, dou aqui a sua descrição, copiada do Relatório-Monografia do Dr. Artur Jardim, quando da sua prestação de contas ao deixar a prefeitura do município de Brejo das Almas, após haver concluído com denodo, transparência e galhardia a mais perfeita gestão que Francisco Sá já teve. Aliás, hoje, o município ressente de administradores do naipe que os anteriores.</div><div style="text-align: justify;">Diz ele: “A Serra do Catuni é um planalto que desce bruscamente, na vertente ocidental, que é a do Verde Grande, de 900 – 1000 metros de altitude média, 700 – 650 na base da elevação e a menos, já na baixada. Visto daí, seu corte do firmamento é dado por linhas retas niveladas em redentes como uma amplíssima cremalheira. Esse perfil inesperado é que a torna singular para o visitante habituado ao tumultuário levantamento de cômoros, píncaros, e agulhas das cordilheiras litorâneas e das regiões sul-central.</div><div style="text-align: justify;">Quem segue pela estrada de Salinas, e galga a encosta, tem no cimo a surpresa de um tabuleiro que se desdobra para o nascente, em suas ondulações, e onde farfalham as elegantes palmeiras de Catolé, batidas pelo vento constante e vivificador do Nordeste... mas, também anunciador da seca. </div><div style="text-align: justify;">Os contrafortes desta serrania nunca se estendem a mais de uma a duas léguas de seu flanco, para o poente, e não tem ramificações muito longas no sentido leste-oeste. </div><div style="text-align: justify;">As maiores são as de Vaca Brava, Campo Alegre e Barra. Estes contrafortes parecem partir de um centro de impulsão situado na profundidade da terra, sob a massa dos Gerais, rumo aproximado ESE, originando as elevações de Sete Passagens, Pilatos, Morro do Trigo e a serie de montes das cabeceiras do Boa Vista e outros.</div><div style="text-align: justify;">Estas elevações secundárias alcançam uma profundidade para o poente de 18 a 30 quilômetros, em altitudes crescentes.</div><div style="text-align: justify;">Pela maior parte constituem-se de argila e calcários em lajedos, chistos, cascalhos rolados e arestosos, bancos normais de quartzo leitoso; e, bombeando cada vez mais o dorso, separando os “baixos”, em que correm rios temporários, transformam-se depois em chapadas e tabuleiros cobertos de “carrascos” ou de “catandubas”, como diz o nativo, e até de caatingas mais férteis que sobem das baixas.</div><div style="text-align: justify;">Os contrafortes de Barra, Brejo, Carrapato, Sitio Novo, Masseira, Cana Brava, Santo André, de SW para NE, são ramificações que não se estendem muito.</div><div style="text-align: justify;">Esse caráter pode ser dado a todos os serros que se erguem esparsos a maior ou menor distancia, dentro do vale, e cujo maior lance é no sentido aproximado da corrente do Verde Grande, OSO para NNE.<br />
A maioria desses serros termina com a Serra do Catuni, em linhas de cumeadas niveladas e extensas, ficando o seu perfil no fundo vastíssimo da paisagem, descortinados das elevações, como uma sucessão infinita de planaltos a cavaleiro dos vales.</div><div style="text-align: justify;">Um grande abraço, queridos estudantes. Sucesso e obrigado pelos e-mails. Contem comigo!</div><div style="text-align: justify;">Vejam esta matéria completa em meu blog: <a href="http://enoquerodrigues.blogspot.com/2010/09/isto-e-francisco-sa-orografia">http://enoquerodrigues.blogspot.com/2010/09/isto-e-francisco-sa-orografia</a></div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_tniMKnn190qE6-hEy5XCgwuvnMBvAY6oZ4SM98Ca1pXDUK0k95XqX_5mtcsSXY0dwS-9dnv8ZnDK85TG6XDRTBfJiq2vndsLheoBH0GB3IKabj4PKawlwUjISvFqvnw8vC97qZeYifpX/s1600/MORRO+DA+MASSEIRA.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="148" qx="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_tniMKnn190qE6-hEy5XCgwuvnMBvAY6oZ4SM98Ca1pXDUK0k95XqX_5mtcsSXY0dwS-9dnv8ZnDK85TG6XDRTBfJiq2vndsLheoBH0GB3IKabj4PKawlwUjISvFqvnw8vC97qZeYifpX/s200/MORRO+DA+MASSEIRA.jpg" width="200" /></a></div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6894687287577107359.post-67852413911128336492010-09-11T17:11:00.000-07:002010-09-12T04:35:36.847-07:00ISTO É FRANCISCO SÁ I - FAUNA E FLORA<div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXg0DH9kI2lOeXVuvLBSLfDC63xoJLGtpdoALS4zzaDE686wIBfAl_ZJC3tsTJuljlQ05woRx7AXFEjGtr7WkoilMfLCcPnfRIAM3cCWg1asOPFWRpGHWYSX7AlMw7SljAG9ec6D_qLxgn/s1600/FOTO+DE+FLORESTA.bmp" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgXg0DH9kI2lOeXVuvLBSLfDC63xoJLGtpdoALS4zzaDE686wIBfAl_ZJC3tsTJuljlQ05woRx7AXFEjGtr7WkoilMfLCcPnfRIAM3cCWg1asOPFWRpGHWYSX7AlMw7SljAG9ec6D_qLxgn/s200/FOTO+DE+FLORESTA.bmp" width="139" /></a></div><div style="text-align: justify;">Atendendo a vários e-mails que tenho recebido, -o que muito me honra-, de estudantes em fase preparatória de trabalhos escolares, principalmente da mui conceituada Universidade Estadual de Montes Claros, a Unimontes, direcionarei minha crônica de hoje a Fauna e a Flora, existentes no norte de Minas Gerais, ou precisamente em meu município, Francisco Sá.</div><div style="text-align: justify;">FAUNA:</div><div style="text-align: justify;">Os animais domésticos do município em sua maioria se constituem das espécies mais comuns em varias regiões do País.</div><div style="text-align: justify;">Sobressaem, entretanto, os galináceos e os palmípedes. Quanto a aves e pássaros selvagens, há alguns característicos da região, canoros e de belas plumagens. Dentre eles enumeramos o sofrê, o currixo, o canarinho amarelo, o pintassilgo, a patativa, o bicudo, o curió, o pássaro preto de três espécies, o cardeal e a brabeza.</div><div style="text-align: justify;">Há também as pombinhas verdadeiras, a juriti, a inhambu, a zabelê, o sabiá, o tico-tico, o bem-te-vi, a codorna, o quem-quem, os anuns pretos e brancos, as rolinhas pedrês e parda, o João congo, o João de barro, e muitos outros. Com relação as aves de rapina, existem varias espécies de gaviões de penacho e o carcará. </div><div style="text-align: justify;">Em se tratando dos animais selvagens temos no município de Francisco Sá, a suçuarana, a lombo-preto, e em algumas regiões o tigre, a anta, os gatos maracajá e marisco, a raposa, o caititu, o queixada, os tamanduás, os tatus, a paca, os veados, os coelhos, as cutias, o guaxo, os preás e a jaratataca. </div><div style="text-align: justify;">Quanto a serpentes, a maior mesmo é a jibóia, a caninana, a jararacuçu, a cipó, a cascavel, a coral, a jararaca e outras mais.</div><div style="text-align: justify;">No tocante as variedades de peixes são muitas, a começar pelo grande surubi do meu querido rio verde grande, o doirado, as curumatás, as traíras, o piau e, ainda no rio verde e várias lagoas, os grandes jacarés, as ferozes piranhas, os mandis, e mais os batráquios e quelônios. </div><div style="text-align: justify;">FLORA:</div><div style="text-align: justify;">Quanto a flora existente no município de Francisco Sá, Brejo das Almas, ela é quase toda constituída das seguintes classificações: </div><div style="text-align: justify;">CAMPOS – Limpos, Cerrados e Gerais.</div><div style="text-align: justify;">CATANDUVAS – Altas e Baixas.</div><div style="text-align: justify;">CAATINGAS – Altas, de vazantes, baixas e médias.</div><div style="text-align: justify;">Nas Catanduvas encontram-se as seguintes madeiras: </div><div style="text-align: justify;">Pau de óleo, garapa, potumujú, ipê, catinga de porco, e outras mais.</div><div style="text-align: justify;">Nos cerrados o pau terra, o vinhático, a cagaiteira, a samambaia, o tingui, a caraíba, o angico e outros.</div><div style="text-align: justify;">Observe-se que a vegetação nossa conhecida como caatinga difere inteiramente da que é assim qualificada por Euclydes da Cunha no seu monumental livro Os Sertões, que conheci ainda menino nos sertões da Bahia. A Caatinga do norte das Minas Gerais ou precisamente do município de Francisco Sá sobre o qual escrevo, é uma mata muito densa, constituída em sua maioria de madeira de lei, como o cedro, a aroeira, o pau preto, o tamboril, o angico, o candeio, o pereira, o jacarandá e outra infinidade utilizados em construção.</div><div style="text-align: justify;">Já as Caatingas da Bahia são constituídas de vegetação rala, rasteira, raquítica, etc.</div><div style="text-align: justify;">Um grande abraço, queridos estudantes. Sucesso e obrigado pelos e-mails. Contem comigo!</div><div style="text-align: justify;">Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBMx50pZdpyAWjXrTwYQdBb_enK-D0dwCgRMOOua_Pz1yeR3MftOspCIX2SqcR1XPWOyWHWeOwcTJ_AnEFU8Vqj4KocU7UZdQPwM2Eq8OMDbOYzCXrx7j_MRCN4CIHKpcnMf2_W7vcN5RC/s1600/cara-de-onca.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="200" ox="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBMx50pZdpyAWjXrTwYQdBb_enK-D0dwCgRMOOua_Pz1yeR3MftOspCIX2SqcR1XPWOyWHWeOwcTJ_AnEFU8Vqj4KocU7UZdQPwM2Eq8OMDbOYzCXrx7j_MRCN4CIHKpcnMf2_W7vcN5RC/s200/cara-de-onca.jpg" width="200" /></a></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>ENOQUERODRIGUEShttp://www.blogger.com/profile/05167059319053516698noreply@blogger.com0