sábado, 26 de fevereiro de 2011

AS JOIAS DO BREJO III – SEU QUINCAS

AS JOIAS DO BREJO III – SEU QUINCAS


Enoque Alves Rodrigues

Seu Quincas ao contrário de todas as “jóias do brejo” que serão aqui retratadas, não obstante ter se tornado um autentico brejeiro, não nascera no Brejo das Almas. Vivia ali há muito tempo aonde chegara ainda rapazinho, proveniente de Grão Mogol, sua terra natal.
Em Brejo das Almas, hoje Francisco Sá, “beldade do norte de minas”, Seu Quincas, ou melhor, Joaquim Dias de Oliveira Bicalho, -era este o seu nome de batismo- tornara-se fiscal da prefeitura, tendo ocupado esta função por inúmeras vezes a qual lhe rendia 20% sobre toda a taxa de arrecadação do município.
Exímio na arte de “riscar a binga” para acender seu cigarrinho de palha carregado pelos melhores fumos produzidos naquele torrão de meu Deus, dedicava-se nas horas vagas que, diga-se de passagem, não eram poucas, ao curandeirismo e a de contador de histórias as quais invariavelmente o tinham, quase que sempre, como o protagonista ou personagem principal, que, como todo final de histórias de super-heróis, estava ele sempre por cima.
Mas uma dessas histórias que ele contava e que certamente era verdadeira, ratificada que era pelo vicio que ele mantinha de tomar, entre uma conversa e outra, grandes pitadas de bicarbonato e também por “dar nome aos bois”, o colocava em uma posição não muito favorável a dos super-heróis. Pelo menos nesta história ele não se saiu bem.
Ei-la:
Foi lá em Grão Mogol, -dizia Seu Quincas-, quando eu era rapazinho. Morrera o Vigário da Freguesia o Padre José Tiago. Um entra e sai dos diabos na casa do morto que era muito querido na cidade. Naqueles tempos era hábito e costume da Igreja de Roma que os defuntos padres fossem lavados com água dos rios que depois de usada ficava guardada em um pote de barro por sete dias quando seria lançada de volta aos rios.
Cheguei à casa paroquial onde o Padre estava sendo velado, tinindo de fome e sede. Morávamos nos arrabaldes de Grão Mogol. Visualizei, ao longe, uma preta velha, serviçal da casa, que em gestos de desespero, com as mãos na cabeça, entrava e saia da casa rezando, em prantos compulsivos.Chorava copiosamente e entre um soluço e outro, entre uma reza e outra, resmungava: “Diabos, com tanta gente ruim pra morrer Deus me vai levá justo o sô vigáro. E adespois ainda dizem que Deus é Justo. Home bom como sô pade, nunca mais vai tê na terra!”
Cumprimentei-a que entretida com sua dor e lamentos, sequer notara ali a minha presença. Dirigi-me a uma sala grande onde, sobre uma mesa cercada por velas em castiçais de ouro, jazia, frio e inerte, o corpo daquele que fora em vida, o benfeitor dos muitos fieis de então. À sua cabeceira, um outro padre celebrava as recomendações de praxe, para que a alma do morto encontrasse lá no além o repouso merecido. Ao seu redor, uma multidão de mulheres velhas com lenços pretos sobre as cabeças acompanhava o terço e ao final de cada ave-maria, respondiam em voz alta ameeem! Entre elas, naturalmente, muitas carpideiras, claro. Elas são partes integrantes de qualquer velório e naquela época não era diferente.
Enquanto isso, um grupo de homens alegres pela “pinga do mogol” palestravam num canto um pouco mais distante da cerimônia. Por mais que eu tenha forçado marcar ali a minha presença, ninguém me deu atenção. Estavam todos compenetrados. Enquanto isso a sede apertava e todos nós sabemos que “quando a sede quer, ela consegue ser mais forte que a fome”. Nesse ínterim, cutuquei um daqueles gaiatos:
- “Ancê num sabe onde é que eu acho água pra beber?. Num agüento mais de sede!”
Antes mesmo de eu terminar a frase o gaiato, pau dágua, como se para se livrar logo de mim, apontou para um dos cantos onde pude visualizar um velho pote de barro que com certeza se encontrava o tão precioso liquido que saciaria a minha sede. Mais que depressa fui até lá. Um amassado e baboso copo de alumínio, não sei por que diabos, ali estava, ao lado do pote. Introduzi-o, desesperadamente, e só depois de haver ingerido vários copos de água, pude me ver livre daquela sede.
Não contava com o tremendo revertério que aquele meu inocente gesto, dali a alguns instantes me causaria.
Comecei a suar frio, enquanto a água dava voltas no estômago. Parecia não ter descido. Tinha a sensação de um grande dilúvio. O meu corpo ficou flácido. As pernas bambas e o meu cérebro não conseguia emitir nenhum sinal de comando. Sem compreender quais eram os motivos daquela reação, fui me queixar com a mesma preta velha. Para que me desse atenção, tive que dar-lhe um beliscão nas polpudas nádegas.
- “Uai, sinhozinho. O que é que tu quer de mim?”
- “De você eu não quero nada!”. Só gostaria que me informasse o que é que vocês colocaram naquela maldita água que está naquele pote, ali!” – disse-lhe, apontando com o indicador para o pote.
- “Apusquê ocê está me preguntando isso? Por acaso ocê num é católico e num cunhece os rito da santa madre igreja?”. Naquele pote que ocê está me apontando é o pote que guarda as água benta que lavaram o corpo de sô pade Zé Tiago. Ela está lá para ser lançada no rio daqui a sete dias!”
Antes que aquela preta velha concluísse aquela inesperada informação, meti os dois dedos na goela e em um só tranco expeli aquele maldito liquido do qual até hoje, como se por castigo, sinto ainda o gosto que só é amenizado quando tomo bicarbonato...
E, num gesto mecânico, finalizava a frase metendo a mão no bornal de onde tirava mais uma pitada daquele “pó sagrado” que por alguns instantes o fazia esquecer do triste episodio vivido em tempos longínquos em sua Grão Mogol.
É...
Por vezes, a mesma água que os outros julgam como benta para eles, pode nos causar os mais sérios transtornos.
Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

AS JOIAS DO BREJO II – ZÉ ALVES

AS JOIAS DO BREJO II – ZÉ ALVES


Enoque Alves Rodrigues

Com várias fazendas de gado e plantações a perderem-se de vista que ocupavam quase todo o território do velho São Gonçalo do Brejo das Almas, Zé Alves foi, indubitável e incontestavelmente, o grande patriarca do lugar. A pedra fundamental do velho brejo foi fincada com muita luta, denodo e bravura, por aquele vaqueiro matuto de falar pausado, mas firme e direto. Possuía grandes manadas de gado as quais vendia, tornando-se o maior comerciante agropecuário de todo o norte das minas gerais.
José Alves da Silveira, sim é esse seu nome completo de batismo, constituiu ali juntamente com dona Antoninha, sua dedicada e mui prendada esposa, numerosa família tendo todos os filhos, a exceção de um deles, seguido os passos do pai na lide de comprar e vender  fazendas e gado de corte. Todos os filhos do velho Zé Alves eram  fazendeiros, apenas Jacinto Alves da Silveira, um de seus filhos que mais tarde se encarregaria de dedicar-se de corpo e alma ao desenvolvimento de Brejo das Almas, acumulava as atribuições de fazendeiro com a vida cultural, não obstante não ter obtido em toda a existência mais que seis meses de instrução escolar. O resto da historia desse grande brejeiro todos conhecemos e será, uma vez mais, tratada a parte, já que hoje estamos nos referindo ao seu pai.
Zé Alves viajava diariamente para fechar negócios que culminavam sempre com a compra ou venda de novas manadas de gado. Grande tino voltado para esse tipo de comércio, tornara o velho Zé Alves o homem mais rico de todo o Brejo das Almas. Praticava também nas poucas horas vagas, a caça de veados, onças e outros animais de médio porte, que abatia de cima de uma velha espera onde, com toda calma do mundo, permanecia horas e as vezes noites inteiras sobre uma arvore até que os infelizes surgissem para o fim, inexorável. 
Mineiro até a medula, caipira de formação e analfabeto por convicção, travava em suas quase sempre bem-sucedidas negociações, antes de tudo, uma verdadeira “peleja” com a Língua Pátria, deixando muitas vezes seus diálogos quase incompreensíveis aos seus interlocutores. Além disso, o velho Zé Alves era do tipo “pavio curto”. Não se utilizava de meias palavras nem mesmo quando o único interessado em fechar determinado negócio era ele próprio. Mesmo sendo mineiro, não aceitava o nosso mineirísmo. Ao contrário, combatia-o, severamente. Não aceitava desculpas ou qualquer justificativa. Tratou com ele tinha que cumprir.
Certa vez foi realizar uma grande venda de gado de corte lá pelos lados de Ouro Preto, terra de seus ancestrais. Ao longe, ao vê-lo surgir, o fazendeiro Nico da Rosa, para o qual Zé Alves venderia a grande manada, abriu-lhe os braços gesto seguido de um grande sorriso colocando à mostra a perfeita dentição matuta coberta do mais puro ouro das gerais, cujos dentes reluziam à distancia, foi logo proferindo as palavras de boas vindas, pratica e costumes daquelas placas naquela época.
- “Olá, compadre Zé. Sejas bem-vindo a minha humilde casa que é muito pequena, mas nós aqui estamos com o coração grande e aberto para recebê-lo!”.
- “Uai, cumpade Nico, que diabos é isso de casa pequena e coração grande e aberto? Nóis aqui viemo a nigocio e num vamo nem entra na sua casa e quanto ao seu coração, pode fechá... Num deixa ele aberto não apusquê pode criá bichios e inframá e nois aqui num é médico. Viemo cumo eu já disse, trabaiá e no cumercio de gado num tem lugá pra frescruras. As trezentas cabeça de boi é oito contos de réis e num tem cunversa!”
- “Calma, compadre. Nós vamos negociar, com toda certeza... mas é minha obrigação a qual exerço de muito bom grado, fazer as honras da casa oferecendo hospedagem, água e comida para o senhor e seus camaradas, até porque sabemos que a distancia entre o Brejo das Almas até Ouro Preto, onde estamos, é muito longa.
Zé Alves, com um pé apoiado em uma trave da porteira, permanecia do lado de fora, enquanto o compadre Nico segurava a tramela do lado de dentro tencionando abrir-la.
“A distança é longa mesmo, cumpade, mais nois está aqui. Vamos antonces entrá nas nigociação, apusque pelo qui tô vendo num vai ser fácil. O sinhô pensa qui falano bunito vai mi drobá... mais eu num vô cedê. Esse gado que eu truxe foi todo ingordado com o melhó capim colonião que já se produziu no brejo...”
Não tinha mesmo como engatar um dialogo que não dissertasse única e tão somente sobre a compra e a venda do gado. Assim sendo, não restou a Nico da Rosa outra alternativa senão partir para o ataque.
Mineiramente, passou a fazer disfarçados comentários no intuito de depreciar um pouco o produto para depois dar o bote e compra-lo por um valor menor.
- “Pois é, compadre, vejo que apesar da boa qualidade de seu capim colonião, seus bois, dessa vez não estão muito gordos como os da manada que eu lhe comprei na ultima vez.”
- “Antonces eu vou levá eles de vorta pro brejo pra engordá mais e quando eles estourá eu lhe trago!”
- “O que é isso, compadre? Só estou lhe dizendo que os bois desta vez não estão gordos como os anteriores... é só isso!”
- “Já entendi. Oncê quer é desvalorizá meu gado prá eu lhe vendê a preço de banana. Por isso mesmo agora eu só lhe vendo os meus bois pelo drobo. Meno de dezesseis mir conto de réis eu num vendo procê. É pegá o largá!”
Não sei como terminou esta história mas, cá prá nós, a diferenças dos valores culturais e monetária para a venda da manada, entre ambos, era muito grande. É possível que nenhuma das partes tenha logrado êxito.
É...
Por vezes, como falamos no Brejo, “dois duros não levantam muros”. Ou ainda, “dois bicudos não se beijam”.

Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Escritor, Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

AS JÓIAS DO BREJO I - JOSÉ DIAS PEREIRA

AS JÓIAS DO BREJO I - JOSÉ DIAS PEREIRA

Enoque Alves Rodrigues

É de conhecimento de todo e qualquer brejeiro o peso que tem, ainda hoje, o sobrenome “Dias” na política e, principalmente, no desenvolvimento sócio econômico de Francisco Sá, como um todo. Não é preciso arriscar muito para afirmar que por muito pouco os “Dias” se equiparariam aos Silveira, claro, não fossem estes imbatíveis e insuperáveis. O certo é que desde que Francisco Sá, ou Brejo das Almas se entende por “gente”, os clãs “Silveira e Dias” sempre se revezaram em seu cotidiano. Chegavam mesmo, outrora, a fomentar animosidades em seus relacionamentos políticos sem qualquer prejuízo ao amistoso. Estas tradicionalíssimas famílias conseguiam ser inimigas no âmbito da política sem o ser no familiar. Casavam-se “Dias” com “Silveira” e vice-versa. As relações entre estas jóias do Brejo tinham que ser mantidas no mais alto nível com o único e mutuo objetivo de preservar o crescimento e projeção do lugar. Entre os muitos “Dias” que não obstante a minha ainda hoje “tenra idade” conheci, destacarei no episodio de hoje, sucintamente, já que seria impossível relacionar todas as ações, predicados e virtudes do aludido, alguns feitos que já naquela longínqua época demonstravam o quão visionário, arrojado e empreendedor era o nosso “cana-brava” José Dias Pereira. Não é difícil falar desse caboclo apesar do pouco ou quase nada existir a seu respeito nos livros escritos e compulsados na região. Mas é assim mesmo, a história costuma não fazer justiça àqueles que mais realizaram, apesar de que, como se verá mais adiante, o personagem de hoje, nominar algumas ruas e instituições de ensino.
Matuto e inculto, porem educado, humano e sensível. Assim era José Dias Pereira. Grande faro para os negócios acompanhado de imensa dedicação e desprendimento. Construiu com suas próprias mãos, sem contar com herança alguma, todo o seu patrimônio que não era pouco. Dividiam suas rentáveis atividades nos campos de fazendas de criar onde se achavam infestadas de bois de corte, plantações a perderem de vista de cana de açúcar, algodão, alho, etc., casas comerciais diversificadas e muitas outras labutas que lhes auferiam merecidamente lucros astronômicos. Tudo dentro da mais pura e correta honestidade fator este do qual não abria mão.
O homenageado de hoje tinha lá suas maneiras muito próprias, e até mesmo curiosas de colocar a sua máquina de “fazer dinheiro” para funcionar. O homenzarrão parecia não dormir, jamais. No afã de colaborar com o crescimento da região, de sua gente e, claro, seu próprio, não media esforços. De madrugada, quando o galo ainda cantava e o astro rei sequer sonhava em dar as caras, ele já saltava da cama lá em “Cana Brava” onde tinha o seu “quartel general” e de posse de uma velha e enferrujada enxada, ia de porta em porta acordar os homens da casa, previamente comprometidos com ele e sua lide. Era com prazer que se trabalhava para aquele caboclo, até porque naqueles tempos, por aquelas míseras plagas onde, com orgulho, nasci, não se havia outro meio de se ganhar a vida senão suando a camisa no calor causticante da terra vermelha. E aquele caboclo honrava o trato. Jamais passou a perna em quem quer que seja. Era difícil o despertar para o brejeiro de cana brava naqueles tempos... Qualquer desavisado que porventura pretendesse fazer corpo mole e seguir dormindo estava literalmente lascado. Já ao longe se ouvia o tilintar da pedra na velha enxada seguido de fortes gritos enquanto a plebe já se reunia à frente de seus casebres.
O matuto, homenageado, vinha lá quase que sempre vestido com uma calça “arranca toco”, camisa feita de tecido de algodão semelhante ao que se usa no fabrico de sacos de açúcar, sobre a qual, invariavelmente, mantinha um velho e surrado jaleco de couro. Nos pés, um não menos velho e surrado par de botas de couro em cujas botas, pasmem, estivesse ele à pé ou à cavalo, estavam sempre ornamentadas com reluzentes esporas com suas serrilhas afiadíssimas. Sua maneira despojada e despreocupada de se vestir era imutável. Suas vestimentas pareciam fundir-se à sua própria personalidade. Era uma figura.
Zeca Guida: Era esta a sua alcunha. O Zeca Guida de Canabrava ou seria a Canabrava do Guida?
Bem isso pouco importa. O que importa mesmo é que não existia ali nenhum outro benfeitor com quem  a gente necessitada pudesse contar. Era somente o Zeca Guida.
- “Zeca, priciso cuocê me impresta uma frôr de abróba pra enviá u’a receicha qui mi deu seo dotô João Alve prá expursá bichios da barriga de Tonha”.
Tem que traduzir: Zeca, necessito que você me empreste uma nota de mil cruzeiros para poder aviar uma receita que foi dada pelo senhor doutor João Alves à Antonia, para expelir vermes.
- “Pois não, Carrim, (Carlinhos) manda a Tonha passá lá em casa e pegá com a Lia”. Pede prá Tonha não esquecê de alembrá Lia pra ela não esquecê de anotá pra discontá no fim do mêiz.”
Outro, premido por suas necessidades também acorria ao benfeitor.
- “Eu gostcharia muincho de vim trabaiá com o sinhô, mais o ganhame aqui é muincho poco!”
- “Não tem importança, não, sô. Vá entonce trabaiá cum Erpido”. (Elpídio)
- “Mais Erpido tamêm paga poco!”, - respondia o peão, desolado.
- “Entonce vai lambê sabão de preda prá fazê escuma. O entonce vá esvaziá a lagoa das preda cum caxa de fosco” (esvaziar a lagoa das pedras com caixa de fóscoro).
Enquanto isso, outro peão expressando-se em peculiar mineirismo, próprio de alguns de nós montanheses, tentava justificar sua possível ausência ao terreiro para ajudar a bater feijões. (várias pessoas se reuniam ao redor de um monte de feijão cada qual com um cambão que consiste em dois pedaços de paus presos um ao outro por um relho de couro na ponta, com os quais batiam sobre o monte de feijões).
- “Então, ficamos assim, seu Zé (este falava bem). Eu estarei lá ás 6 horas... Mas se até as 5 horas eu não chegar é porque eu não fui!”
- “Não. Isso num tá certo, respondia Zeca, desse jeicho só ocê ganha e ainda bangunça as minha idéias. Vamo simprificá isso: eu vô te esperá só até às 5 hora. Se até as 6 hora ocê num chegá eu vô imbora e ocê num pricisa vim mais. Pode percurar otro patrão pra trabaiá qui eu num vô mais servi ocê”.
Era a linguagem brejeira se alinhando para romper as barreiras do entendimento. Zeca Guida, não obstante ter sido homem de poucas letras, se expressava muito bem. No entanto, muitas eram as vezes em que ele tinha que se expressar na linguagem cabocla para se fazer entender melhor.
E...
Por vezes, dizia Sun Tsu, “há momentos que a maior sabedoria é parecer não saber nada”.
Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Escritor, Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.