domingo, 21 de março de 2010

PARA VIVER BEM, TEM QUE SONHAR...

Cada vez mais a interpretação e compreensão da importância dos sonhos, adquire relevante papel na vida humana. Neles residem a comprovação da nossa vida psíquica e através dos sonhos nos reciclamos. Se o oxigênio é fundamental para viver, sonhar enquanto dormimos também é. Tanto que poderíamos morrer se não fôssemos capazes de sonhar.
Os sonhos são tão necessários ao equilíbrio biológico e mental como o sono, o oxigênio, e uma alimentação sadia. Alternando relaxamento e tensão psíquica ele cumpre uma função vital. Morte ou demência podem chegar a ser falta total de sonhos. O sonho é um dos melhores agentes de informação sobre o estado psíquico de quem sonha. Fornecem através de símbolos vivos, um quadro da situação existencial presente da pessoa. Os sonhos representam, para quem sonha, imagens geralmente insuspeitadas da própria pessoa. Revela como está o eu da pessoa. O que torna muito complicada a interpretação dos sonhos é que a nossa mente dissimula as imagens do próprio indivíduo, substituindo-os por símbolos. Uma coisa importante é saber que, os símbolos são aqueles que nós mesmos construímos ou usamos com significados próprios e particulares. Por exemplo, se um dia, ao levar uma surra da mãe, na mente da criança, sob o impacto da emoção a impressão foi de uma mãe ursa ficando em pé sobre as patas traseiras, esta figura pode transformar-se, para aquela criança, num símbolo de agressividade que, um dia poderá surgir nos seus sonhos.
Talvez, o papel mais importante dos sonhos, seja o de estabelecer no psiquismo de uma pessoa, uma espécie de equilíbrio compensador. Assegura uma auto regulação psico biológica. Por quê? Nossas reações às experiências são principalmente emocionais. Nos sonhos, elas são ainda mais emocionais, pois os sonhos são um agente de concentração de nossos vários motivos subjetivos, ou profundamente íntimos e particulares. Além disso, enquanto dormimos e sonhamos, os nossos alertas mentais, o que chamamos de censuras internas, estão relaxadas e daí a nossa mente inconsciente pode deixar emergir as imagens que ajudam a expressar as experiências emocionais que vivemos quando estamos acordados.
Assim, criamos nos nossos sonhos, um mundo em que o espaço e o tempo não possuem poderes restritivos e muito menos precisam ficar limitados às imagens convencionais para representá-los. Desta forma, ao contar uma história podemos não usar uma figura simbólica por achá-la inadequada ou imprópria, enquanto que, nos sonho tal imagem pode aparecer sem restrição nenhuma, porque inconscientemente é a tal imagem que melhor representa o nosso sentimento.
Segundo recentes pesquisas um ser humano de 60 anos teria passado, no mínimo, 5 anos de sua vida sonhando. Estudos científicos revelam que temos um mínimo de 3 sonhos por noite, mas pode-se ter até nove. Já ficou estabelecido que os surdos e ou cegos sonham, que crianças sonham desde os oito meses, e que as pessoas de baixo QI sonham tanto quanto as de QI muito alto.
Fazendo um espécie de “mix” das várias definições sobre os sonhos, podemos dizer que eles são expressões ou representações, espontâneas e simbólicas de como anda a nossa vida inconsciente, onde guardamos as emoções vividas e os desejos que, nem sempre podemos realizar, sejam por que não conseguimos ou por que fomos impedidos.
Os sonhos sempre ocuparam lugar de destaque na vida emocional e mental dos povos. No Egito antigo atribuía-se aos sonhos um valor sobretudo premonitório: os deuses criaram os sonhos para indicar o caminho aos homens, quando esses não podiam ver o futuro.
Precisavam interpretar com acerto os sonhos para entenderem as indicações dos deuses. Para os negritos das ilhas Andamã, os sonhos são produzidos pela alma, que é considerada como a parte maléfica do ser. Sai pelo nariz e realiza fora do corpo as proezas de que o homem toma consciência em sonhos.
Para os índios da América do Norte, os sonhos estão na origem das liturgias, estabelecem a escolha dos sacerdotes e conferem a qualidade de xamã. É deles que provêm a ciência médica, o nome que se dará às crianças, e os tabus; eles ordenam as guerras, as caçadas, as condenações à morte e a ajuda a ser ministrada;
Para os bantus do Kasai (bacia Congolesa) certos sonhos são produzidos pelas almas que se separam do corpo durante o sono e vão conversar com as almas dos mortos. Esses sonhos têm caráter premonitório referente à pessoa, ou então podem consistir em verdadeiras mensagens dos mortos aos vivos, que interessam à toda comunidade.
Neste ponto, não podemos deixar de incluir o significado dos sonhos em nossas vidas, segundo a Doutrina dos Espíritos.
O Livro dos Espíritos nos mostra que o Espírito encarnado, na realidade, vive e aspira ver-se livre da matéria densa. Os sonhos são uma forma de desdobramento que permite ao Espírito estes momentos de exercício na esfera espiritual, embora continue ligado ao corpo e, portanto, à matéria. O repouso do sono é necessário para o corpo como já vimos acima, mas o Espírito jamais fica inativo. Durante o sono ele tem a oportunidade e o privilégio de entrar em relação mais direta com os outros Espíritos. Também é estimulante saber que o Espírito dispõe de mais faculdades durante o sono, isto é, no desdobramento possível ao Espírito enquanto sonha, ele pode investigar tanto o seu passado como o seu futuro. Pelo efeito dos sonhos, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos, uma espécie de porta que Deus permite ser aberta para um contato mais direto com os amigos da Espiritualidade. Produtos da emancipação temporária da alma que se torna mais independente pela suspensão da vida em vigília e de relações, os sonhos são vivências que acabam sendo lembrados, quando acordamos, apenas parcialmente. Muitas vezes poderemos lembrar de fragmentos ou mesmo de enredos completos que estão cheios de simbologia a partir das experiências que tivemos enquanto sonhávamos.
O Livro dos Espíritos explica ainda, que os sonhos são verdadeiros no sentido de apresentarem imagens reais para o Espírito, e que nem sempre têm relação com o que se passa na vida corpórea. Uma vez que a alma, durante o sono, continua sob a influência da matéria, os nossos sonhos podem narrar acontecimentos ligados às idéias que temos na vida ativa. A dimensão do tempo também fica muito diferente durante o sono. É possível sonhar uma longa história numa fração de segundos. Até mesmo aquele “cochilo do sofá” ou aquela caída da cabeça quando estamos com sono no ônibus, resulta em tempo suficiente para que sejamos transportados para uma vivência em sonho.
Durante os sonhos, podemos receber orientações de outros espíritos, visitar Espíritos que nos são caros e estimados ou com quem tenhamos assuntos a serem discutidos e, se possível, resolvidos. Entramos em contato com parentes, pessoas conhecidas e amigos, contatos e conversas que podem nos ficar na memória como intuições obtidas em tais experiências.
Ainda segundo o Livro dos Espíritos, podemos provocar visitas espíritas voluntariamente, podendo ocorrer que, ao ir realizar uma visita, na verdade ela não seja intenção do Espírito quando acordado, nesse caso prevalece a vontade do Espírito quando está em desdobrando, podendo ser divergente das suas idéias de quando está em vigília. Se as prioridades do Espírito podem ser diferentes enquanto o seu corpo dorme, significa que na esfera espiritual, podemos ter pendências mais urgentes para serem resolvidas e simples desejos da vida corpórea podem não merecer ou não garantir intenções realizadas.
O desdobramento dos sonhos, podem ainda servir para que Espíritos tenham a oportunidade, até mesmo de participar de Assembléias de Espíritos, com fins úteis e necessários para os mesmos. O Livro dos Espíritos nos informa que há Espíritos que podem estudar enquanto o seu corpo repousa durante o sono.
Por fim, é importante saber que, os Espíritos podem se comunicar através de pensamentos sem que estejam atrelados ou limitados ao uso de símbolos exteriores e de linguagem, constituindo assim uma espécie de linguagem dos Espíritos que, às vezes, experimentamos ao sonhar. Quando temos a convicção de conversar com uma outra pessoa em sonho e lembramos que ela não mexia a boca enquanto nós compreendíamos o que estava nos dizendo, é um exemplo dessa linguagem que aqui no plano terreno, chamamos de telepatia ou conversa só pelo pensamento.
Estas são apenas umas poucas amostras da valorização dos sonhos em várias culturas e também dos significados dos sonhos que foram acrescentados às nossas vidas com a compreensão da utilidade e necessidade dos sonhos a partir das revelações da Doutrina Espírita. É bom lembrar que, em todas as culturas, os sonhos têm significados próprios de acordo com os valores dos povos. Para não elaborar uma lista enorme de citações, podemos tomar a Bíblia como um dos livros que contém, tanto relatos de sonhos, como as interpretações que eram feitas à época dos povos antigos, transformando seus intérpretes em conselheiros de Reis e Faraós, mas também inimigos de governantes ou de Deus, quando essas interpretações eram errôneas ou traziam maus presságios.
Se você é daquelas pessoas que não se lembra dos seus sonhos, é uma pena porque você está sendo privado de informações importantes a seu próprio respeito. Se você se lembra com facilidade e gosta de falar de sonhos, você tem nas mãos uma ótima fonte de dados a respeito da sua vida inconsciente, e pode ser sinal de que você, como pessoa, possui um canal aberto com o seu psiquismo. Isso pode ajudar a aprimorar e implementar o seu auto-conhecimento.
Enoque A Rodrigues

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