sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

...ASSIM ERA O NOSSO BREJO - PARTE 12 - O Padre Augusto... 7

Antes de dar seqüência à narrativa sobre a vida do Padre Augusto Prudêncio da Silva, quero registrar e agradecer aos queridos amigos por ter esta humilde página que mantenho no conceituado City Brasil alcançado nesta semana a marca de 20.300 acessos. Obrigado amigos por conceder-me a honra de suas atenções.
-Em 1904, depois de haver exercido o cargo de presidente da Câmara e chefe do Executivo em sua terra natal, Montes Claros, após eleição disputadíssima e cheia de peripécias, por solicitação própria feita a Dom Joaquim Silvério, sucessor de Dom João, foi transferido para a freguesia de São Gonçalo de Brejo das Almas, hoje Francisco Sá.
Tratava-se de um recanto solitário, para onde nenhum outro padre se arriscaria. Pequeno lugarejo aquém da serra do Catuni, tivera origem na época colonial, quando o garimpeiro audacioso se aventurava pelo sertão à procura das afamadas pedras preciosas.
A estrada por onde eles transitavam deveria ter sido a mesma aberta pelo bandeirante Antonio Gonçalves Figueira para ligar Montes Claros aos currais da Bahia.
Grão Mogol, em virtude de sua riqueza em pedras preciosas, tornara-se logo o foco de centenas de aventureiros; dali o desbravamento que se foi operando no sertão, vindo os mesmos se reverter em Montes Claros, passando por determinado pouso nos contrafortes da serra do Catuni, próximo à nascente do rio Gorutuba.
Nessa toca cheia de aventureiros audaciosos que não temiam a cólera de El-Rei de Portugal, eram os mais afortunados traiçoeiramente assaltados e deles surrupiados os famosos “picuás” recheados de pedras preciosas. Depois, tangidos os seus corpos dentro dos muitos brejos ali existentes.
Os garimpeiros amedrontados, deram ao lugar o nome de “Brejo das Almas”. Referindo-se a esta toponímia tão original, explicava o Professor Neco Surdo: BREJO, porque havia inúmeras lagoas na região, em cujas águas tranqüilas e mornas os salteadores lançavam os corpos dos garimpeiros. DAS ALMAS, porque aquelas almas penadas como que por aqui ficavam até quando Nosso Senhor Jesus Cristo queria...
Neco Surdo era o velho mestre-escola daquelas gerações masculinas que por ali nasciam. Ranzinza e fiel seguidor dos saudosos tempos da régua e da palmatória, arrancou ele muitas orelhas de meninos, nos quais legou heróicas cicatrizes de ferozes combates travados com o BÊ-A-BÁ.
Velho e alquebrado, tomava sérios trotes da criançada que aproveitavam da surdez do mestre para lhe retribuir os “carinhos” com os mais feios palavrões!...
Porque crescessem assustadoramente os assaltos aos mineiros, resolveu o Governador do Estado de Minas estabelecer em Brejo das Almas um posto policial, sendo então designado para comanda-lo o Sargento-Mor Jerônimo Xavier de Souza, ex-comandante de um batalhão de Dragões lá em Santo Antonio do Itacambiruçú. Um neto seu, de nome Cristiano Carlos Xavier, dizia que o Sargento-Mor fora para ali por ordem do Imperador, alegando que o mesmo requerera, no ano de 1835, a divisão da Fazenda. O certo é que o Sargento-Mor, ciente de que sua árdua missão naqueles sertões seria mais a de colonizador, convidou algumas famílias de Vila Rica para se aventurarem com ele, época então em que os primeiros sertanistas se estabeleceram, definitivamente, naqueles cafundós do norte das Minas Gerais. Essas famílias eram os Alves da Silveira, Gonçalves e Pereiras, e Xavieres, esta última a do Sargento-Mor.
Ao mesmo tempo em que travava combate com os tocaieiros, ele foi colonizando a região, distribuindo terras aos amigos que, em sua companhia por ali se aventuravam. Daí nasceram várias fazendas de criar e vários engenhos de cana de açúcar, vindo o fazendeiro José Alves da Silveira, quase um século depois, tornar-se um grande patriarca e “senhor de engenho”. Era casado com dona Antonia Joaquina da Luz, cujos filhos deram ao lugarejo uma descendência hoje avaliada em alguns milhares de pessoas!
A primeira criança batizada pelo Padre Augusto, ainda em Montes Claros, chamou-se Osório que por isso mesmo tomou-o como pupilo, sendo responsável por sua criação e educação. Com alma generosa e desprendida de bens materiais, suavizava misérias e consolava também com carinho os desamparados. Era uma grande Alma.
De vez em quando o Padre Augusto, montava a cavalo e chegava até o distrito de S. Gonçalo de Brejo das Almas, a fim de visitar os parentes. Ele já ia ali anteriormente para ministrar as festas religiosas, hospedando-se com Luiz Gomes, avô de José Fernandes, o primeiro menino tomado, verdadeiramente para ser criado em sua casa. Falecida a sua mãe, em Montes Claros, consolidou-se a sua transferência em definitivo para a freguesia de Brejo das Almas.
Semana que vem tem mais. Um grande abraço meus conterrâneos.
Enoque A Rodrigues, de São Paulo, SP.

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