sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

...ASSIM ERA O NOSSO BREJO - PARTE 15 - O Padre Augusto... 10

Aquela força que o Padre Augusto possuía no olhar era, sem dúvida alguma, uma das diversas modalidades do poder sobrenatural de que nunca se ufanara mesmo particularmente.

Na mesma ocasião em que os “patriotas” jornadeavam pelo sertão, o destacamento de Brejo das Almas compunha-se apenas de um soldado.

Este sujeito era um preto luzidio, limpo e bem escanhoado. Suas perneiras lustravam como um espelho! Negro sabido e muito viajado, tinha o hábito de dizer para os meninos:

“Sai, azá”!...

Daí todos o conhecerem por “Azá”, ao invés de Wenceslau, que era o seu verdadeiro nome.

Durante as noites de expectativa, quando toda a família se reunia, “Azá” era o personagem principal. Uma grande roda se formava em torno dele, para assistir de perto as suas sessões de charadas, mágicas, enigmas e de “ciências ocultas”.
Certa noite “Azá” revelou para curiosidade de todos, que seria capaz de fazer um ovo de galinha caminhar! Foi um sussurro geral!... Imediatamente trouxeram-lhe o ovo desejado, que ele limpou, acariciou e depois colocou numa extremidade do salão.

Depois de fazer uma série de trejeitos com certeza para tapear os presentes, postando-se na outra extremidade, mandou que o ovo caminhasse até ele!

Coisa interessante!

O ovo foi se movimentando aos poucos, depois ganhou mais força e velocidade, e saiu em direção ao Soldado Wenceslau, igualzinho a uma morena faceira!
“Azá” tornou-se o ídolo daqueles serões! Porém quando o Padre Augusto estava presente, talvez por simples coincidência, “Azá” evitava apresentar seu número.

Noutra noite, a sala estava repleta de pessoas daqueles que não haviam fugido dos “patriotas”, ou mesmo de alguns que já haviam voltado à calma... Nada de o ovo caminhar!

“Azá” chamava-o, fazia trejeitos, estalos com os dedos à moda de se chamar cachorro... Mas qual! O ovo parecia jumento de Bahiano quando empaca!...

Nada conseguiu!

A sala de jantar dava para o corredor que terminava na de visitas. Justamente este corredor se achava repleto. Muitos olhando por cima dos ombros dos outros. “Azá” dirigiu o olhar para aquela direção, procurando, por certo a origem da força que superava a sua...

Os presentes, mais curiosos ficaram ainda!

Quando “Azá” se entranhou no meio do povo, deu de cara com o Padre Augusto perdido entre os demais, o que fez com que o “mágico” exclamasse desapontado:

“Eu num sabia que Sô Padre estava presente! O ovo só anda longe dele...”.

Um grande abraço, conterrâneos. Semana que vem tem mais.

Enoque A Rodrigues



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