O Padre Augusto era uma verdadeira fonte de consulta. Tanto era procurado para os males do espírito como também para os da matéria.
Qualquer dúvida que surgisse nos negócios, na família, nas questões de terra, nos filhos espúrios, em tudo era ele o lenitivo para aqueles que sofriam.
Nas viagens periódicas pelas freguesias, postavam-se diante dele grandes filas de consulentes para os quais tinha sempre um remédio ou curativo, fosse da alma ou do corpo.
Foram muito comuns os seguintes diálogos entre ele e os fiéis:
-“Pois é, Sô Vigário; a Joana anda muito perrengue desde antonte...Nem poude vim pra confessá...É um dispropósito as dores que ela sente nas costa...”
-“Você dê a ela um purgativo de jalapa com calomelanos...- Respondia-lhe o Padre Augusto.
-“Meu caso, Sô Vigário, é aquele cavalo que sumiu o ano passado... –aproximava-se um outro consulente. Eu precisava de um responso...”
-“Você reze três padre-nosso e três ave-marias para Santo Antonio e me procure depois da missa...”
O povo estranhou bastante o seu desaparecimento depois de 35 anos de assistência religiosa, moral e financeira ao povo carente do “Brejo”. Principalmente as mulheres já de idade, das quais era ele consultor e conselheiro. Por ocasião de uma missão, um ano depois de sua morte, uma beata do interior de Brejo das Almas, hoje Francisco Sá, foi confessar com o Padre Salú, o novo Vigário que o substituira, julgando que o fazia com um dos missionários.
O Padre Salustiano Fernandes dos Anjos, ou Padre Salú, comparado com o Padre Augusto, era como “água pro vinho...” – como diziam os católicos: Enquanto este último foi o protótipo do Sacerdote humilde, pobre, precursor da assistência social nos Sertões das Minas Gerais, enquanto o outro, ou seja o Padre Salú, era amigo do dinheiro, gênio arredio e com cara de poucos amigos...”
Perguntada quanto tempo fazia que não se confessava, a beata respondeu-lhe:
-“Desde que morreu sô Padre Augusto...”
Admirado o Padre Salú interpelou-a porque assim procedera, uma vez que o novo Vigário estava ali para atendê-la.
-Aproximando-se bem do confessor que, evidentemente se achava atrás do concessionário, para que as mulheres próximas não pudessem ouvi-la, ela declarou muito naturalmente:
-“O senhor é porque não sabe; esse Padre Salú não é uma boa bisca...”
O Padre Salú – porque era ele em pessoa – deu um estrilo tremendo com a mulher, pondo-a para fora do confessionário!...
Um grande abraço, conterrâneos.
Enoque A Rodrigues, de São Paulo.
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