BRINCANDO DE DEUS?
Enoque Alves Rodrigues
Nesta semana a Humanidade foi surpreendida com a notícia de que cientistas conseguiram CRIAR, pela primeira vez no mundo, uma célula com genoma sintético, ou seja, uma bactéria a qual deram o nome de Mycoplasma mycoides JCVI-syn 1.0.
A comunidade cientifica mundial, inclusive a do Brasil, está fazendo tremendo auê em torno desse feito. São vários os depoimentos de impolutas e inquestionáveis autoridades desta área ressaltando a importância desta CRIAÇÃO para o mundo. Tanta exaltação, elogios e endeusamentos a equipe que participou desse evento que muitas vezes dão a nós, pobres e leigos mortais, a idéia de que o homem reinventou a vida!
-Não é nada disso, meus queridos. Eles não inventaram nada! Não CRIARAM absolutamente nada! O grande problema é que o verbo CRIAR está sendo utilizado para definir esse episódio, que não saberia eu dizer se propositadamente, da maneira mais incorreta possível. Nem precisa recorrer a dicionários para entender isso. Lá está registrado o verdadeiro sentido do verbo CRIAR:
“Dar existência”, “tirar do nada”, “imaginar”, “inventar”, “dar origem”, “produzir”, “fundar”, “instituir”, “começar a ter”, “alimentar”, etc.
Mas o que foi que esse cientista-empresário Craig Venter e sua equipe fizeram, então?
-Eles apenas inseriram um genoma construído artificialmente em uma célula, essa sim, CRIADA pela Natureza cuja célula passou a ser comandada por eles. Somente isso. Ou seja, para se CRIAR alguma coisa tem que se partir da estaca ZERO o que não ocorreu nesse caso, bem como, respeitando as devidas proporções, na mundialmente conhecida clonagem da Ovelha Dolly. Lembrando que para chegarem a este estágio eles realizaram investimentos bilionários em experimentos que duraram quinze anos. Esqueçam, portanto, de que o homem algum dia terá condições de CRIAR a vida, senão pelos métodos tradicionais, através da “cópula fecundativa”. Nada mais!
Não desprezemos, entretanto, o feito. Ele pode significar um importante salto para a humanidade. Mas longe de merecer a divulgação extremada que estão querendo ensejar. Desde a descoberta da Penicilina, não vemos no campo da Ciência, feitos que nos incitem a grandes comemorações. Doenças aparentemente simples, que de há muito já deveriam ter sido erradicadas e banidas do Planeta, grassam, nos dias atuais, de maneira incontrolável e inclemente, vidas humanas, ceifando-as sem dó e piedade.
A Natureza, meus queridos, não permite saltos. Na ordem natural das coisas não se queima etapas. Significa dizer que de nada adianta eles quererem “brincar de Deus”, se ainda não conseguiram sequer descobrir o básico.
-Por vezes, é preferível não acreditar em nada, que se deixar levar por calendas. Pensem nisso!
Um grande abraço.
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