sábado, 2 de janeiro de 2010

...ASSIM ERA O NOSSO BREJO - PARTE 9 - O Padre Augusto... 4

Em 1865, o primeiro bispo de Diamantina, Dom João Antonio dos Santos, com o beneplácito do Governo Imperial, resolvera fundar na cidade o Seminário Diocesano, para o qual obteve a necessária licença para escolher o professorado.
O bispo Dom João foi em vida o homem mais amado que houve em Diamantina, e é por isso que o seu nome, que por si só evoca as recordações mais ternas de um anjo que passa, deixando após si rastro luminoso, é por isso que seu nome vive na memórias de todos até os dias de hoje, da qual passará à imortalidade.
Este ilustre prelado era filho do Capitão Antonio José dos Santos e de dona Maria Jesuína dos Santos. Viu pela primeira vez a luz do dia no ano de 1818 numa fazenda dos seus antepassados, posteriormente adquirida pelo Monsenhor João Floriano dos Santos Correa e Sá, de quem se contavam as mais célebres anedotas as quais eram sempre confirmadas pelo seu escravo e sacristão Tiburcio.
O jovem Augusto Prudêncio, tornando-se mais tarde o Sacerdote humilde e simples que vivia para os menos afortunados, deve ter tomado por apanágio a figura desse grande vulto da Igreja de Roma, da sabedoria e da modéstia que formavam o caráter de dom João Antonio dos Santos.
Conta-se que não possuindo o Bispo o numerário suficiente para a construção do prédio do Seminário, um ano após a sua fundação, dava inicio a uma construção na parte alta da cidade, empregando nela o dinheiro destinado ao Palácio Episcopal.
Assim procedendo, daria ele mais um exemplo de abnegação e modéstia, deixando por ultimo um cometimento que mais serviria para o conforto pessoal dos Bispos, do que da própria coletividade.
Entrementes, na Casa do Contrato, internavam-se alguns alunos novos juntamente com outros remanescentes do extinto Ateneu, local que deixara de funcionar em virtude da própria criação do Seminário.
A Casa do Contrato pertencia ao Governo Imperial e na época dos grandes mineradores, fora residência dos contratantes, dentre eles o célebre Felisberto Caldeira Brant.
Mais ou menos quando os seminaristas aguardavam transferência para o prédio novo, após uma viagem estafante de Montes Claros a Diamantina, o jovem Augusto Prudêncio foi internado no Seminário.
Nos primeiros dias, com a ausência do padrinho e protetor, sentia-se ele acabrunhado e meditabundo.
Chorava quando se recolhia, lembrando os entes queridos deixados para trás, sonhando com aquelas viagens pelo sertão em companhia do vigário. Entretanto, como fosse um menino aplicado e perseverante, conformado com os triunfos e reveses da vida, tornou-se logo querido dos mestres.
Assim foi que dentro de pouco tempo, marchava a passos largos nos estudos, demonstrando precocemente a sua capacidade de tudo assimilar em poucos instantes. Tinha como colega um mocinho mais ou menos de sua idade, de nome Edmundo Lins, que bem mais tarde se tornaria Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Passados que foram os primeiros anos, os missionários do Caraça foram pregar missões em Diamantina. Nessa época o jovem seminarista Augusto já ia longe e estava por poucos anos para atingir o seu desiderato. Cercando o púlpito donde falavam os missionários, viam-no ali com os colegas Álvaro da Mata Machado, Antonio de Souza Neves e Neto Amarante. Eles seguiam de perto, com os olhos expelindo chispas de entusiasmo, os menores gestos dos missionários. Uma emoção indefinida fazia vibrar aqueles corações, despertando neles sentimentos ignorados! Sentiam as almas abaladas por uma emoção estranha e como que pairando acima de tudo! Tornaram-se assim impregnados de uma fé absoluta, capaz das maiores abnegações!
Entusiasmado com o desenvolvimento que o pregador dava às páginas magníficas dos Evangelhos, o jovem Augusto tornava-se ao mesmo tempo acabrunhado, pensando e soluçando intimamente.
Enquanto isso, a pequena comunidade de São Gonçalo de Brejo das Almas, hoje Francisco Sá, ”beldade do norte de minas”, para cujo rincão ele futuramente se transferiria para exercer o mais puro Sacerdócio por mais de quarenta anos, florescia às margens do Gorutuba, entre seus morros do mocó e catuni e mais adiante o da “maceira”. Semana que vem tem mais. Um grande abraço, meus conterrâneos. Enoque A Rodrigues

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