MORREU GASPAR ALBÉRIO EM MONTES CLAROS
Enoque Alves Rodrigues
Hoje, excepcionalmente não escreverei sobre Francisco Sá, a Cidade. Discorrerei, sinteticamente, sobre o grande homem que lá nasceu há 85 anos e que agora retorna aos Céus, chamado que fora por Deus em 04/10/10, em Montes Claros.
Trilhou, aqui na terra, todos os seus caminhos pautados sempre pela fé, dedicação ao próximo e, principalmente, por ter deixado a todos os que com ele conviveram lá em Capitão Enéas, exemplos de sinceridade, respeito, cordialidade, afeto e amizade na mais pura e sublime acepção da palavra.
Gaspar Albério, ou “Seu Gaspar”, soube como ninguém construir todos os laços que o uniam as pessoas e a sociedade de Capitão Enéas.
Estabelecido, há muitos anos nesta Cidade no ramo do Comércio, depois de haver se dedicado a várias atividades correlatas, entre elas, a de mascate, onde negociava seus produtos dentro do velho trem da antiga Rede Ferroviária Federal que cortava o norte das Minas Gerais.
Na condição de comerciante na Avenida Burarama, utilizava muito mais esta prerrogativa para conquistar novos amigos, granjear simpatias e consolidar velhas amizades, que para ganhar dinheiro. Todos que ali chegavam, com ou sem dinheiro, levavam o que queriam. Tudo, claro, anotado em sua velha caderneta ou muitas vezes somente na palavra.
-Seu Gaspar, eu gostei muito daquele tecido ali mais tô sem dinheiro hoje. O que é que a gente faz?
-Tem problema não, filhinha. Ocê pode levar que nóis acerta quando você puder. Ta me entendendo? Dito isso, pegava uma velha métrica em madeira, destas de se medir tecidos, e com uma não menos velha tesoura, dava um pequeno corte e zás...de uma só vez rasgava o restante em linha reta.
Enquanto isso entrava outro:
-Seu Gaspar, eu vim aqui para “acertar” aquela continha do mês passado.
-Mais como? Já meu filho?
-Espere um pouquinho, vou atender a filhinha ali. Enquanto isso senta um pouco e vamos proseando.
-Como vai a família? E aquele seu probleminha de saúde. Já resolveu com aquele remédio que você me falou da outra vez? E a porca já deu cria?
Evangélico durante quase toda sua vida, tinha ele o dom da palavra. Colaborava com todos a sua volta. Assumira na Sociedade Eneense posições de destaque que por si abalariam o ego de simples mortais. Jamais se deslumbrou com nada. Cuidava de duas irmãzinhas suas muito velhinhas e fragilizadas pelo decorrer dos anos que agora sentem-se orfãs. Todos os dias, impreterivelmente, ele atravessava a linha do trem e, do outro lado da Cidade ia estar com elas levando-lhes seu carinho fraterno e o conforto da palavra.
Seu maior orgulho: ter criado seus sete filhos todos íntegros apenas e tão somente com os seus exemplos de vida. Circunstancias naturais da vida, ou seja, a busca pela sobrevivência e melhores condições de vida, acabaram por empurrar para longe de seu convívio seus dois únicos filhos homens, restando-lhe próximos somente suas filhas mulheres que, naturalmente supria a falta dos outros, desdobrando-se em mimos e cuidados.
Jamais, em minhas crônicas fiz qualquer referência a este senhor. Entendo que da mesma forma que não devemos pronunciar o nome de Deus em vão, não existe palavra, por mais rico que seja o vocabulário, para qualificar com fidelidade sem o risco da hipérbole ou paixão, seres que a providência divina, de quando em vez, se encarrega de mandar para a terra. Principalmente quando fomos nós, diretamente agraciados com a dádiva de tê-los como parentes próximos.
Sim. Gaspar Albério Rodrigues, que faleceu em Montes Claros e que vivia em Capitão Enéas e que agora descansa em paz ao lado de Deus, era o meu querido pai. Que Deus o tenha em sua Santa Glória.
Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.
Olá querido!!!!!!!!!
ResponderExcluiradorei o seu blog, um beijo bem grande pra vc..
Edna