sábado, 25 de setembro de 2010

ISTO É FRANCISCO SÁ III - POSIÇÃO GEOGRÁFICA

ISTO É FRANCISCO SÁ III - POSIÇÃO GEOGRÁFICA

Enoque Alves Rodrigues

O Município de Francisco Sá, antigo Brejo das Almas, localiza-se na Bacia do Rio São Francisco, ficando o seu atual território no Vale Médio do Rio Verde Grande, tendo atualmente os seguintes limites: ao Norte limita-se com o Município de Grão Mogol; ao Sul, com os Municípios de Montes Claros e Capitão Enéas, que se chamou primeiramente Burarama; a Leste com o Município de Juramento e a Oeste com o Município de Janaúba.
Dista da Capital das Alterosas, Belo Horizonte, ou “Belzonte” como nós Mineiros autênticos carinhosamente a chamamos, 480 quilômetros. Possui área territorial de 2.749.393 quilômetros quadrados e sua população atual segundo dados estatísticos do IBGE em 2009, gira em torno de 25.994 habitantes, divididos em partes iguais entre homens e mulheres o que dá 8,2 habitantes por metro quadrado.
Francisco Sá, que outrora fora um grande Município em extensão territorial ao ser formado, por mais de uma vez sofreu mutilações no seu organismo. Dois grandes cortes lhes foram praticados com desmembramentos de partes do seu todo territorial, quando das criações dos Minicipios de Janaúba e Capitão Enéas. Mesmo assim, mutilado em partes importantes, refez-se o seu organismo em tempo rápido, e a sua caminhada rumo ao progresso não sofreu solução de continuidade. E, assim, vem cumprindo as suas metas em demanda de sua destinação histórica.
Município de vida própria, habitado por um povo laborioso, pacato de hábitos simples e hospitaleiro, o que muito dignifica as minhas origens, e o meu devotamento pelo Brejo, está a sua Sede a se transformar numa Cidade moderna e confortável.
O Município de Francisco Sá, “beldade do norte de Minas Gerais”, fica situado a 667 metros de altitude, tendo como coordenadas geográficas, 16º27’00” de altitude Sul e 43º28’00” de longitude W Gr. Em linha reta fica distante da Capital 386 quilômetros, rumo NNE.
Semana que vem falarei da Hidrografia de Francisco Sá, ou seja, sobre os seus rios.
Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.

 

sábado, 18 de setembro de 2010

ISTO É FRANCISCO SÁ II - OROGRAFIA - Serra do Catuni

Enoque Alves Rodrigues

Atendendo a vários e-mails que tenho recebido, -o que muito me honra-, de estudantes em fase preparatória de trabalhos escolares, principalmente da mui conceituada Universidade Estadual de Montes Claros, a Unimontes, direcionei minha crônica do ultimo final de semana a fauna e a flora existentes no município de Francisco Sá e hoje, dando seqüência a esta série escreverei sobre a orografia e na próxima semana sobre a posição geográfica, deste meu amado município.
OROGRAFIA – Serra do Catuni:
Sendo o sistema orográfico de Francisco Sá padronizado pelo da nossa belíssima Serra do Catuni, dou aqui a sua descrição, copiada do Relatório-Monografia do Dr. Artur Jardim, quando da sua prestação de contas ao deixar a prefeitura do município de Brejo das Almas, após haver concluído com denodo, transparência e galhardia a mais perfeita gestão que Francisco Sá já teve. Aliás, hoje, o município ressente de administradores do naipe que os anteriores.
Diz ele: “A Serra do Catuni é um planalto que desce bruscamente, na vertente ocidental, que é a do Verde Grande, de 900 – 1000 metros de altitude média, 700 – 650 na base da elevação e a menos, já na baixada. Visto daí, seu corte do firmamento é dado por linhas retas niveladas em redentes como uma amplíssima cremalheira. Esse perfil inesperado é que a torna singular para o visitante habituado ao tumultuário levantamento de cômoros, píncaros, e agulhas das cordilheiras litorâneas e das regiões sul-central.
Quem segue pela estrada de Salinas, e galga a encosta, tem no cimo a surpresa de um tabuleiro que se desdobra para o nascente, em suas ondulações, e onde farfalham as elegantes palmeiras de Catolé, batidas pelo vento constante e vivificador do Nordeste... mas, também anunciador da seca.
Os contrafortes desta serrania nunca se estendem a mais de uma a duas léguas de seu flanco, para o poente, e não tem ramificações muito longas no sentido leste-oeste.
As maiores são as de Vaca Brava, Campo Alegre e Barra. Estes contrafortes parecem partir de um centro de impulsão situado na profundidade da terra, sob a massa dos Gerais, rumo aproximado ESE, originando as elevações de Sete Passagens, Pilatos, Morro do Trigo e a serie de montes das cabeceiras do Boa Vista e outros.
Estas elevações secundárias alcançam uma profundidade para o poente de 18 a 30 quilômetros, em altitudes crescentes.
Pela maior parte constituem-se de argila e calcários em lajedos, chistos, cascalhos rolados e arestosos, bancos normais de quartzo leitoso; e, bombeando cada vez mais o dorso, separando os “baixos”, em que correm rios temporários, transformam-se depois em chapadas e tabuleiros cobertos de “carrascos” ou de “catandubas”, como diz o nativo, e até de caatingas mais férteis que sobem das baixas.
Os contrafortes de Barra, Brejo, Carrapato, Sitio Novo, Masseira, Cana Brava, Santo André, de SW para NE, são ramificações que não se estendem muito.
Esse caráter pode ser dado a todos os serros que se erguem esparsos a maior ou menor distancia, dentro do vale, e cujo maior lance é no sentido aproximado da corrente do Verde Grande, OSO para NNE.
A maioria desses serros termina com a Serra do Catuni, em linhas de cumeadas niveladas e extensas, ficando o seu perfil no fundo vastíssimo da paisagem, descortinados das elevações, como uma sucessão infinita de planaltos a cavaleiro dos vales.
Um grande abraço, queridos estudantes. Sucesso e obrigado pelos e-mails. Contem comigo!
Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.

sábado, 11 de setembro de 2010

ISTO É FRANCISCO SÁ I - FAUNA E FLORA

Enoque Alves Rodrigues

Atendendo a vários e-mails que tenho recebido, -o que muito me honra-, de estudantes em fase preparatória de trabalhos escolares, principalmente da mui conceituada Universidade Estadual de Montes Claros, a Unimontes, direcionarei minha crônica de hoje a Fauna e a Flora, existentes no norte de Minas Gerais, ou precisamente em meu município, Francisco Sá.
FAUNA:
Os animais domésticos do município em sua maioria se constituem das espécies mais comuns em varias regiões do País.
Sobressaem, entretanto, os galináceos e os palmípedes. Quanto a aves e pássaros selvagens, há alguns característicos da região, canoros e de belas plumagens. Dentre eles enumeramos o sofrê, o currixo, o canarinho amarelo, o pintassilgo, a patativa, o bicudo, o curió, o pássaro preto de três espécies, o cardeal e a brabeza.
Há também as pombinhas verdadeiras, a juriti, a inhambu, a zabelê, o sabiá, o tico-tico, o bem-te-vi, a codorna, o quem-quem, os anuns pretos e brancos, as rolinhas pedrês e parda, o João congo, o João de barro, e muitos outros. Com relação as aves de rapina, existem varias espécies de gaviões de penacho e o carcará.
Em se tratando dos animais selvagens temos no município de Francisco Sá, a suçuarana, a lombo-preto, e em algumas regiões o tigre, a anta, os gatos maracajá e marisco, a raposa, o caititu, o queixada, os tamanduás, os tatus, a paca, os veados, os coelhos, as cutias, o guaxo, os preás e a jaratataca.
Quanto a serpentes, a maior mesmo é a jibóia, a caninana, a jararacuçu, a cipó, a cascavel, a coral, a jararaca e outras mais.
No tocante as variedades de peixes são muitas, a começar pelo grande surubi do meu querido rio verde grande, o doirado, as curumatás, as traíras, o piau e, ainda no rio verde e várias lagoas, os grandes jacarés, as ferozes piranhas, os mandis, e mais os batráquios e quelônios.
FLORA:
Quanto a flora existente no município de Francisco Sá, Brejo das Almas, ela é quase toda constituída das seguintes  classificações:
CAMPOS – Limpos, Cerrados e Gerais.
CATANDUVAS – Altas e Baixas.
CAATINGAS – Altas, de vazantes, baixas e médias.
Nas Catanduvas encontram-se as seguintes madeiras:
Pau de óleo, garapa, potumujú, ipê, catinga de porco, e outras mais.
Nos cerrados o pau terra, o vinhático, a cagaiteira, a samambaia, o tingui, a caraíba, o angico e outros.
Observe-se que a vegetação nossa conhecida como caatinga difere inteiramente da que é assim qualificada por Euclydes da Cunha no seu monumental livro Os Sertões, que conheci ainda menino nos sertões da Bahia. A Caatinga do norte das Minas Gerais ou precisamente do município de Francisco Sá sobre o qual escrevo, é uma mata muito densa, constituída em sua maioria de madeira de lei, como o cedro, a aroeira, o pau preto, o tamboril, o angico, o candeio, o pereira, o jacarandá e outra infinidade utilizados em construção.
Já as Caatingas da Bahia são constituídas de vegetação rala, rasteira, raquítica, etc.
Um grande abraço, queridos estudantes. Sucesso e obrigado pelos e-mails. Contem comigo!
Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.




domingo, 5 de setembro de 2010

ASSIM ERA FRANCISCO SÁ III - DEMÓSTENES VENTURA

Enoque Alves Rodrigues

Ao contrário de seu sobrenome, Demóstenes Ventura andava mergulhado numa tremenda onda de azar. Ele residia ali na Praça Joaninha Pena, Centro de Francisco Sá, nosso querido Brejo das Almas. Trabalhava lá pelos lados do Catuni, onde era vaqueiro além de colaborar com as plantações de milho e alho. Sua esposa se chamava Ana, filha do velho Valdomiro Papudo, um dos contadores de causos da Francisco Sá de antanho. Tinham seis filhos, todos menores de dez anos o que indica ter o casal começado cedo sua longa prole.
Sem maiores delongas, há que se ressaltar que a sorte realmente não lhe era companheira. Jamais antes houvera lhe dado sequer um amarelo sorriso. Fugia dele enquanto ele a perseguia implacavelmente.
Se plantasse, por mais que fosse a terra fértil, não colhia. Se jogasse na loteria, ainda que comprasse todas as combinações, não ganhava. Era o azar em forma de gente.
Não, aquilo não poderia continuar assim. Ele teria que dar um jeito naquela sua vidinha monótona, sem graça e sem sorte! Continuaria lutando no sentido de reverter essas mandingas.
Naqueles tempos, a única loteria que existia por aquelas bandas do norte das alterosas, era somente a centenária Loteria Federal do Brasil, que era vendida por cambistas no lombo de cavalos, após percorrerem várias léguas sertão á dentro ou, principalmente, dentro dos velhos trens da antiga EFCB ou RFFSA que seguiam de Montes Claros a Monte Azul, uma das ultimas paradas para se entrar na Bahia. Havia um cambista que era muito conhecido no Brejo, de nome Gasparino, que me parece era ele o responsável por “semear a sorte grande” nas regiçoes do Brejo, Grão-Mogol, Salinas, Taiobeiras, São Geraldo, etc.
Foi ai que Ana, esposa de Demóstenes teve uma idéia:
-“Demoste” - assim ela o chamava, não conseguia finalizar a pronuncia correta-, “apusquê ocê num vende a porquinha e compra tudo de biete de loteria? Amanhã é o dia do Gasparino vim. Ieu sonhei desde antonte que desta veiz vai dá porco na cabeça e o numero é o 36471.Vende a porca, home, e compra tudo de biete...Vai sê batata. Pode acreditá!”
-“Vai tomá banho na soda, muié!!! Adonde já se viu fazê uma bestera dessas? Se eu trabaiando como um doido não consegui ate agora arguma coisa, pusquê seria que eu mudaria nossa vidinha com jogo. Ainda mais arriscano tanto dinheiro?”
-“Tô te falano, home, vende a porca e faiz o jogo com o Gasparino. Ocê vai vê. Vai sê batata. Num tem como num ganhá. Meu sonho num fáia. Vende e joga logo, peste!”
Não teve jeito. A grande convicção de Ana acabou por balançar, sobremaneira, as estruturas emocionais de Demóstenes. Outra opção não lhe restou senão a de fazer o que Ana insistentemente lhe recomendava.
-“Vô vendê essa mardita porca e vô fazê o que essa megera manda!”
Só que ai surgiu um grande problema: enquanto ele não decidia, a porquinha que não era besta nem nada, torceu o rabo e deu no pé. Queimou o chão, ou melhor, escafedeu-se rumo a Salinas. No dia seguinte, Gasparino, o Cambista, passou como de costume no casebre de Demóstenes e, ironia do destino, pôs-lhe às mãos exatamente o bilhete tal qual Ana havia descrito. Pobre Demóstenes, por mais que insistisse, Gasparino não lhe vendeu fiado. Recorreu a vizinhos, mas nada conseguiu. No desespero, contou o sonho de Ana para Gasparino que num sorriso sarcástico disse-lhe: agora não vendo este bilhete nem pelo dinheiro de 100 porcas. Ele é meu!
No dia seguinte, pelo Rádio, veio o resultado: Atenção Senhoras e Senhores. A Rádio Nacional do Rio de Janeiro informa o resultado da Loteria Federal do Brasil: primeiro prêmio 36471. Segundo informação da Caixa Econômica Federal este bilhete foi vendido no norte das Minas Gerais, ou precisamente na Cidade de Francisco Sá. Boa sorte ao feliz ganhador e que faça bom proveito dessa grande fortuna!
É...
Por vezes, a sorte é como um cavalo arriado: se você não se jogar na hora exata, bate com os fundilhos no chão. Nem sempre há tempo para se pensar.
Enoque Alves Rodrigues, que atua na área de Engenharia, é Colunista, Historiador e divulgador voluntário de Francisco Sá, Brejo das Almas, Minas Gerais, Brasil.