sábado, 17 de abril de 2010

OLYNTHO DA SILVEIRA – MINHA TERRA E A NOSSA HISTÓRIA

Com grata satisfação registro aqui neste valioso espaço, a beleza, elegância e encanto com que o grande e inesquecível filho de nossa Querida Francisco Sá, “Brejo das Almas”, Olyntho da Silveira, recentemente desaparecido, tomado aos Céus que fora por Deus, documenta com tamanha riqueza de pormenores fatos de suma relevância de nosso antigo “Brejo” e de seus antepassados, em seu livro “Minha Terra e a Nossa História”, escrito em 1969. Membro da Academia Montesclarensse de Letras e da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, o que muito lhe orgulhava, apesar de sua peculiar e congênita modéstia, talvez tenham sido apenas estas, não obstante tão importantes honrarias, os únicos reconhecimentos que o nosso querido Olyntho, a quem não tive o privilégio de ter conhecido pessoalmente, tenha recebido em vida.
De há muito, ou quiçá, desde meus tempos pueris, sou suspeito para falar da família Silveira de Brejo das Almas. Certamente que por mais que se possa enaltecer a importância que teve todo o numeroso “Clã Silveira”, desde os tempos do velho Jacinto e sua dileta esposa Dona Maria Luiza, pais “dos eternos meninos da pena de ouro e grande tino para a escrita”, Olyntho e Geraldo Tito, para o nosso Brejo, o tempo, grande senhor da razão, ainda não se encarregou de fazer-lhes justiça, colocando-os no alto do pedestal da história dos grandes, cujo patamar lhes é de direito.
Brejeiro como eles, possuo o dom do “matutar mineiro”. Observo que, de quando em vez, surge na vida pública Brasileira, figuras deletérias, que pouco ou nada fizeram em prol de alguém ou de toda uma comunidade, mais que, como num passe de mágica, da noite para o dia, são transformadas em eternos “salvadores da pátria”, endeusados e coroados como se reis fossem, mais desprovidos de qualquer ação exponencialmente concreta em beneficio de outrem.
Os feitos da família Silveira a começar pela sua luta em busca da emancipação daquele povoado de Brejo das Almas, encravado lá nos cafundós do norte de minas, por si só, já seriam mais que dignos de todas as honrarias. Defendia com “unhas e dentes” o progresso aquela época tão distante, para aquele povo, aquela gente... Muito ao contrário do que hoje se vê, quando a grande maioria, mergulhada em cruel egoísmo e adepta do “farinha pouca, meu pirão primeiro”, os Silveira de Brejo das Almas, Francisco Sá, brigavam em nome de uma causa que se denominava melhoria coletiva sem individualismo. Ou se tinha para todos ou não se tinha para ninguém. O foco. A meta perseguida era o beneficio do povo.
Relata o grande Olyntho em seu livro, que tardiamente me chega às mãos, fatos que dão a conotação exata, respeitando o grande lapso de tempo nos quais se deram, que nos dias atuais, seria impossível de se acreditar que os mesmos venham a se repetir, com o mesmo denodo, devotamento de amor a causa de um povo e despojamento de interesses materiais. Sim, os Silveira, eram ricos “de nascença” e em nome da “causa do brejo”, muitos deles abriram mão de suas fortunas e em paralelo a sua causa, foram à luta em busca da própria subsistência. É ou não é um grande gesto de nobreza.
É isso ai, meu povo. Meus conterrâneos Brejeiros. Muitos motivos temos hoje para nos orgulharmos de nossa Cidade, de nossa gente, de nosso hino: “Do Catuni ao rio verde. Do prata ao rio do prego. És sempre rico e formoso. Só não vendo quem é cego. Brejo das Almas ou Francisco Sá. Igual a ti, outra não há...” e de tudo de bom que ela “lhes” oferece. Eu digo “lhes” porque vocês sabem perfeitamente, meus brejeiros, que há muito tempo não vivo mais ai. Mais também sabem que espiritualmente jamais me afastei do Brejo. Talvez, mesmo longe, modéstia à parte, poucos estejam tão sintonizados com o Brejo, com suas virtudes e suas mazelas, quanto eu. Por isso, como vinha dizendo, antes de nos orgulharmos de nossa linda Cidade, orgulhar-nos-emos dos nossos antepassados que a fizeram. Dos que lutaram incansavelmente para que ela hoje pudesse ser o que é. Orgulharemos dos “Silveira”, dos “Dias”, dos “Pereira”, dos “Xavier”, dos “Oliveira” de onde provêm Feliciano, dos “Mineiro de Souza”, dos “Rodrigues e Seabra” e quem sabe um dia, desculpem-me pela pretensão, mais pode ser daqui a quinhentos anos mesmo. Sou “humirde” desse pobre “Alves Rodrigues”, brejeiro, que aqui vos fala e tanto lhes “enche o saco” tamanha a paixão e entusiasmo com que discorre sobre sua Terra querida.
Um abraço brejeiro para vocês meus conterrâneos.
Enoque A Rodrigues.

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